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Azul-Mistério


Série: Sailor Moon
Gênero: Romance, Comédia
Título: Azul-Mistério

  Agarrei o embrulho com minhas mãos usando toda a minha força. Minhas amigas vinham me seguindo também com seus pacotinhos enquanto eu conferia o conteúdo do meu. Dois saches de um pó brilhante como purpurina prateada. Se não desse certo de primeira, teria que outra chance! E se eu falhasse de novo? Bem, teria que esperar o mês seguinte e até lá aquela tenda mística já deveria ter desaparecido.
  Não iria mais pensar nas probabilidades: eu tinha que fazê-lo! Nas minhas mãos, estavam dois bilhetes para meu grande amor. Olhei para minhas amigas que comentavam nossa passagem por aquele trailer velho cheio de coisas esquisitas em que uma senhora enverrugada nos oferecera as poções do amor, da sorte e da inteligência. Só podíamos escolher uma e não adiantava trocarmos depois, não sortiriam efeito se não usadas pelas pessoas certas.

  Uma idiotice? Gastando dinheiro com vento? Mas era tão bom sonhar! Era só Andrew tomar um chá "temperado" com a poção e eu ser a primeira em que ele tocar que meu futuro estava garantido para sempre. A menos, claro, que ele não me beijasse de livr e espontânea vontade em três dias. "Ai, isto parece a pequena sereia," pensei, olhando de novo para o papel pardo que guardava um tesouro.

-Pra quem vai dar essa poção, Serena?- Molly me perguntou. Fora a única de nós quatro a não comprar nada por achar que não funcionaria. Seus cabelos ruivos cacheados ainda estavam presos enquanto seus olhos olhavam diretamente para minhas mãos.
-Pro Andrew, é claro! Ele é tão liiiindo! É um universitário, já ganha o próprio dinheiro e é muuuuito gentil...
-Pensei que fosse para aquele seu herói. Sabe o da capa que-
-Eu nunca o convenceria a beber nada. Aliás, nem a me beijar, né? Precisamos ter os pés no chão, Molly.
-Com uma poção do amor?- Levantou enfaticamente as sobrancelhas e balançou a cabeça.
-Confessa que também tava doida por ela! Tá só esperando pra ver se funcionam.
-A própria vendedora falou que só dariam certo para quem realmente precisasse. Aliás, esse Andrew já não tem uma namorada?
-Ela tá fora, viajando. Aposto que ele tá morrendo de carência. Suas noites devem está mais frias e silenciosas enquanto toma um café e ouve o blues!- Juntei minhas mãos, imaginando a cena. -Pois eu beberei um chá delicioso com ele e acabarei com todos os seus problemas.
-Sei, não...
-Deixe de pessimismo perto de mim. Meu plano não tem falhas.

  Enquanto lhe contava tudo o que tramara até então, a cena se formou em minha cabeça. Um café com a torre eiffel ao fundo. Uma música italiana era cantada melodicamente repetindo tantas e tantas vezes palavras de amor. Estávamos sentados em uma mesa de toalha vermelha enquanto ele pega minha mão e oferece um chá. O garçom nos serve as taças e eu aponto para Andrew um homem pedindo sua namorada em casamento, usando-me da distração para jogar o pozinho na taça.

-Nunca tomei chá assim, -interrompeu Molly.
-Isso não é o que importa!
-E por que Andrew te levaria a Paris?
-Aind anão me entendeu?

  Prossegui. Eu o lembraria de seu chá, tomando também o meu e quando ele tivesse seu golhe, pegaria em sua mão e o chamaria para dançar a trilha de O Guarda-Costas. Feitiço feito! Caidinho do jeito que ficaria por mim, ao fim da dança eu receberia um romântico beijo à luz das estrelas, depois de ele me perguntar se estava frio e me abraçar para assim aquecer-me.

-Nem sua imaginação tem muita lógica. -Molly virou os olhos. -Digo, isso não era para ser o grande plano em vez de um monte de bolhas de sabão?
-Já disse pra jogar fora essas energias negativas. - Usei as mãos para varrê-las de meu corpo. -Não dá certo. Nem um pouco! Olhe meu plano: está cheio de bons pensamentos.
-Só estou sendo realista.
-Tsc, tsc. Isso é desculpa para pessimismo.

  Então, eu o vi. Seus cabelos loiro brilhando com a luz do sol. Seus olhos sorrindo às pessoas que lhe falavam. Suas mãos delicadas dando duro no trabalho com toda a dedicação.

-Ah, isso é que é perfeito!- disse, apontando para Andrew que estava trabalhando na loja de jogos Crown.
-Como lhe dará o chá?
-Já não te falei todo o plano!?
-Serena! Aquilo era uma fantasia. Nada além...
-Sai, pessimista. Serena Tsukino pode qualquer coisa!
-O que vai aprontar agora? Sufocar Andrew com esse pacote?- Darien Chiba surgiu e de repente o dia ficou mais escuro.

  Ele era alto, bem alto. Ameaçadoramente alto. Tinha olhos azuis como o gelo e a pele clara como um vampiro, sem contar que era forte como um macaco, pois corria todo dia. Ou pelo menos era o que parecia, porque ele sempre estava em todos os lugares a que eu ia. Mostrou-me suas presas disfarçadas em um irritante sorriso irônico e apontou para a sacola.

-Se fosse essa a utilidade, já o estaria usando em você, - respondi, com vontade de realmente fazê-lo. Nunca entendi, mas todos os dias ele estava implicando comigo por qualquer motivo. Bem, não vou enganar ninguém e digo logo que até que era interessante ter um homem bonito no dia-a-dia, por isso nunca fiz nada muito sério em retorno pelas "gentilezas" diárias que pudesse afastá-lo para sempre. Bem, eu ainda sou uma menina de catorze anos, merece ter paisagens para observar, né? E hoje ele estava especialmente encantador com uma camiseta polo azul marinho e calça jeans black desbotado.
-Tendo algum pensamento pervertido, Cabecinha de Vento?- Passou por mim seguindo para o salão de jogos. Ele também acontecia de ser o melhor amigo de Andrew, razão mor para eu não trucidá-lo, na verdade. Se Andew perguntar, eu nunca disse isso!
-Não sou que nem você, seu babaca!- Avancei com o intuito de ser a primeira que o loiro veria. Não que meu corpo fosse capaz de cobrir o de Darien, mas a intenção era o que valia!

*PUMP*

-IAAAAAAAAAAIIIIIII! - Caí ajoelhada no chão em frente à porta de vidro que não abrira à tempo. No fundo, ainda consegui ouvi as infinitas risadas daquele convencido, lembrando-me do motivo de eu nunca me apaixonar por ele.
-Você está bem, Serena!?-Andrew correu de detrás do balcão e me estendeu a mão.
-Acho que tá sangrando. -Darien entrou calmamente, ignorando que eu estava no meio do caminho.
-Que frio!- gritei-lhe, dando língua, -Não dá para mostrar um pingo de sensibilidade!?
-Não precisaria. Vê, já está reclamando no meu ouvido como sempre faz. Sobreviverá.
-Vocês dois. Ei, parem. Serena, deixa eu te dar uma bolsa de gelo para não inchar.

  Pus a mão no lugar, enfim percebendo que poderia ter um galo bem no meio da minha testa. E eu estava certa. Um ovo. Enorme. Gritei de novo quando notei que minha mão tava vermelha, coberta de sangue. Corri atrás de Andrew até a cozinha do estabelecimento e enfiei a testa debaixo da pia. Que desastre, não era assim que Andrew ir-me-ia beijaaar!

  Sentei-me na mesa da cozinha, agradecendo a bolsa de gelo e pondo-a no lugar. Estava não gelado que eu a afastei na mesma hora, sentindo a vista ficar um pouco escura. Criei coragem e a pus de novo, pelo bem da nossa dança ao som de "I Will Always Love You". A frustração invadiu meu corpo como o cansaço após uma longa caminhada, um desânimo incrível de executar o plano, se é seria possível ainda depois daquele show. Se bem que... É! Poderia ser a desculpa perfeita e aquela mesa o lugar perfeito!

  Procurei os saches apenas para notar que eu os devia ter derrubado com a minha própria queda. "Nãaaao! Eu não tinha plano pro caso de perder o dois....! Não é juuuusto!" Pensei, olhando para Andrew que se sentara na minha frente e me sorria. Ainda devia estar rindo da cena de mais cedo. Abaixei a cabeça olhando para minhas mãos enquanto elas batucavam a mesa no ritmo de alguma música que ouvira na rua mais cedo. E se eu voltasse lá? Talvez einda estivessem... Isso se o pó não tivesse derramado todo nesse meio-tempo. Mas era uma chance.

  Levantei-me decidida, só que rápido de mais. Com uma tontura, fui levada de volta à cadeira pela mão forte que apertava meu ombro. Olhei para trás e vi Darien me falando alguma coisa enquanto pegava uma cadeira para si e punha algo em cima da mesa. Minha consciência se recuperou ao constatar que era o saco pardo e que lá dentro ainda estavam os dois sachês intactos.

-Aaaah!- Senti-me tão aliviada que no impulso quase abracei Darien por tê-los recuperado.
-Afinal, o que é isso?- perguntou o mesmo.
-É... Hmmm, um negocinho que uma amiga da prima de uma amiga nossa que mora na África mandou pra gente por correio!- menti, conferindo novamente se estava tudo bem com meus preciosos.
-Que serve para...- Andrew aproximou a cabeça de mim. Instintivamente, afastei, apesar de não ter nada escrito sobre para que serviriam.
-Dar um sabor especial ao chá! Por que não experimenta um, Andrew?
-Ah, não precisa! Serena é muito fofa, querendo me dar isso, mas não precisa gastar comigo. Só tem dois e parecem ser raros, né, Darien?
-Parece ter partido o coração dela. -Voltou a cabeça para mim e sorriu. -Prepararei o chá!

  Um momento de outro mundo, digno de ser fotografado e mandado para o Vaticano: Darien me sorrira sinceramente. Não parecia ter nada por trás daquilo, apenas seus dentes bem brancos e alinhados. Como se já não bastasse, ele ainda se oferecera a fazer algo útil para mim, estava ajudando-me com o plano! Algo estava errado... Será que a batida na minha cabeça tinha sido forte demais?

  Logo voltou com tudo pronto e sentou-se para também tomar a sua parte. Abri o sachê e pus tudo para Andrew, ainda sob protestos de estar desperdiçando. Estava indo tudo tão bem desde que Darien se tornara humano. Suspirei contemplando o meu futuro cor de rosa com Andrew e nossos filhos, a escola deles seria uma dessas de elite. Um casalzinho! E todos na reunião de paz nos invejariam não só por termos crias perfeitas, como por sermos tão jovens e nos amarmos tanto!

-Serena...- Darien tocou em minha mão, enquanto eu pegava a xícara com a outra e provava o chá mais delicioso que já sentira. Tão pleno de todas as coisas boas do mundo que acho que pude ouvir passarinhos cantando junto com anjinhos loiros de cabelos cacheados. -Serena! Ei, acorda! Oiii! Não tome tudo, ei!

  Olhei para ele e dei-lhe meu melhor sorriso. Realmente, Darien era o homem mais bonito que eu conhecia! E como aquela cor caía bem nele e seu perfume também, tão perfeito... Sua mão em cima da minha causava uma certa coceira, um calor inexplicável. Puxei-a de volta e pus em meu rosto que estava quente de ter aqueles pensamentos. E, claro! Como pude esquecer? Ainda tinha que tocar no Andrew de alguma forma.

-Você não tá ouvindo nada, né? - O moreno completou o que quisesse que estivesse dizendo.

  Sacudi a cabeça e olhei para Andrew que ria ao tomar de seu chá. Eu devia estar com o rosto estranho observando tanto o outro, né? Perdão! Juro que a partir de agora não faço mais isso. Vou sempre e sempre amá-lo incondicionalmente, Darien! Digo, And-, And-, Andr- O que estava havendo com a minha cabeça? Por que eu não conseguia manter mus olhos no Andrew? Por que eles estavam sempre voltando a se afundar nos de Darien, tão azuis e liiiindos! Tão profundos, cheios de mistérios. Acho que aquela cor seria a minha favorita, era tão linda. Nunca vira igual. Qual seria o nome? Nunca fui boa com nomes de cores, então, acho que a chamarei de azul-mistério. Sim! A minha cor favorita é-

-Devia estar bom...-Andrew falou, interrompendo minhas quimeras.
-O quê?- Tentei procurar na minha cabeça o que estaria.
-O chá. Você tomou a xícara errada, baka!- Darien explicou apontando para minha mão que ainda segurava a xícara vazia. Sua voz era um pouco rouca e baixa, quase sensual.
-O quêeeeeeeee!?
-Sim, você tomou o chá com o sache, -Andrew disse, rindo-se, -Bem, assim é melhor. Prefiro não saber dos gostos de coisas exóticas que só provaria uma vez na vida. Agora tenho que voltar ao trabalho e você fique aqui um pouco mais para descansar. Até mais!

  Quando vi a porta se fechar o estranho pensamento de estar sozinha com Darien me causou calafrios, mas não era medo... Espera. Eu bebi a poção e aí? Não podia ser; não, não e não. As coisas não podiam ter dado tãaaao errado assim. Não era sexta-feira treze, nem lua cheia, nem nadinha! Aliás, eu nem cruzara com a Lua hoje.

-Foi você que me cutucou primeiro?-perguntei, desejando que tivesse sido o Andrew e tudo não passasse de pesadelo.
-Pra dizer que tinha pegado a xícara errado. Mas continuou bebendo e me olhando com uma cara estranha. Está com febre? Seu olho ainda tá meio assim... Nublado.
-Ai.
-Sua cabeça?
-Não! Eu preciso sair daqui!- Meu coração batia tão forte com cada palavra sua e aqueles olhos azul-mistério não saíam de cima de mim, olhando bem dentro dos meus. Eu nem lembrava se tinha dividido o cabelo direito ou combinado a calcinha com o sutiã! Por que fui ser tão atrapalhada!? E aquela boca, com lábios na quantidade certa, o bastante para cobrir os-

  Levantei-me da cadeira, olhei para Darien tentando decorar sua imagem com aquela roupa e saí correndo. Se ficasse longe dele por três dias, tudo estaria bem. Era só ficar bem longe daquele príncipe com sua boca de sonhos que aquele amor não-correspondido estaria seguro. Isso! Mas como iria evitar alguém que aparecia na minha frente a cada segundo por pura força magnética!? Será que tampar minha boca com fita adesiva já bloqueava a maldição caso eu não resistisse pular em cima dele para beijá-lo? Faz bem precaver-se, né?

*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*

  Virei para um lado, virei para o outro... Olhei de novo o relógio. O ponteiro dos minutos nem tinha mexido se comparado da última vez em que o olhei. Por que dormir era tão difícil? A cama também parecia um corpo estranho. Como Serena Tsukino poderia estar tendo insônia. "Se bem que o fato de serem nove da noite explica," pensei respirando zangada, "o que faço agora?"

  A verdade era que eu queria vê-lo. Todo meu corpo ardia de vontade de ver Darien de novo e ter certeza de como era seu perfume. Devia ser francês, Darien sempre fora refinado; eu era um lixo se fôssemos comparados. Não que eu já não fosse sem comparações. Ai, eu precisava muito organizar as idéias; nem conseguia ainda acreditar que com aquela mancada me deixara apaixonar por Darien Chiba, a pessoa que com certeza nunca me olharia duas vezes se eu não tivesse lhe tacado uma prova com nota vermelha bem em cima dele, ou um sapato, ou tentado atropelá-lo...

  E aquela poção era poderosa mesmo. Antes de sair correndo do salão de jogos catara o celular do Andrew e anotara o número de Darien; se eu bobeasse mais estaria com o endereço e a chave extra do apartamento dele. Isso ainda me levaria pra cadeia, né?

-Quero morrer!- Levantei um pouco o corpo da cama e o deixei cair de novo bem forte, para ver se o impacto me distraía de lembrar-me da cor daqueles lindos olhos. Se não os tivesse visto bem na minha frente, juraria que era Photoshop! Não que os na minha lembrança não fossem uma variação do software, Darien não poderia ser tudo aquilo... Não! Ele era até mais... -Droga!

  De repente, percebi que estava ligando para o número dele. Ia colocar de novo no gancho quando aquela voz, ainda mais delicada que uma nuvem no verão, respondeu.

-Ah, oi, Darien! - Com a mão livre, dei-me tapinhas de punição.
-Quem está falando? - Não parecia haver sido acordado, mas sem dúvidas estava confuso.
-Sou eu, Serena. Queria muito te ver, posso?
-Quê?
-Estou até me coçando de tanto que quero me encontrar contigo. - O que eu estava falando!? - Você tem carro, né? Não vem me ver? - Como eu podia estar sendo tão cara de pau e tão... Droga, será que aquela poção tinha mecanismos para garantir que a que aplicou a droga receberia o beijo em três dias? Mas não fora Darien! Se eu me apaixonasse para sempre por ele, estaria cavando minha própria cova, e beeem fundo.
-Eu nem sei onde mora?

  Dei o endereço, surpresa por parecer que ele viria. Ou era só um truque para que eu não perturbasse mais? E se ele viesse? Eu iria beijá-lo tão forte que- Não! Não posso beijá-lo; nunca! Mas aqueles lábios estavam me chamando e...

  Apoiei-me na minha janela e fiquei olhando a rua. Seria muito estranho se ele viesse, mas se eu fechasse meus olhos já podiam ver seu carro estacionando ali ele e estendendo-me a mão para que eu fosse lá embaixo falar com ele. Da esquina alguém estaria cantando My Heart Will Go On e ele me abraçaria bem forte... ARGH! Era difícil estar apaixonada por Darien, só de pensar em tudo aquilo, meu coração tremia de felicidade e tristeza, porque era tudo impossível.

  Podia chamar de surpresa ele ter mesmo vindo? Darien era perfeito demais para mentir. Disse que viria, então veio. Estava de pé, olhando minha casa, parecendo se perguntar o que fazer a partir dali. Seu rosto perdido era tão fofo que eu quase pulei do segundo andar para apertá-lo bem forte. Estava com uma camiseta e um bermudão, parecendo um pouco mais novo que o normal; devia ter sido por eu ter ligado de repente quando ele só estava em casa fazendo o que fosse.

  Meu coração tremeu quando ele fez sinal de voltar para o carro. Saí correndo escada abaixo e abri a porta. Metade de mim queria muito que ele realmente tivesse desistido; tudo era uma loucura só que passaria em menos de três dias. Mas a outra metade era tão mais forte que pulei em cima de seu carro gritando que ficasse, enquanto ele colocava o cinto. Seus olhos azuis ficaram fixos em mim, seus cabelos estavam um pouco bagunçados, ele claramente sabia até menos que eu o que estava fazendo ali.

  Quando o vidro abaixou, minha metade mais forte soltou o suspiro de alívio e um sorriso:

-Que bom que o alcancei a tempo! Por que ia embora?
-Está tarde e nem sei o que deu em você hoje.
-Pode me levar numa volta, já que veio de carro?- Que minha metade queria fazer!? Continuando com as loucuras, andei até o outro lado e fiz sinal que ele destravasse a porta para eu entrar.
-Aonde que ir?- perguntou, voltando a pôr o cinto, mas sem me olhar.
-Não importa! - Tudo em mim se alegrava, ainda que não soubesse até onde aquela minha sorte chegaria. Pensando melhor sobre a situação: eu estava num carro importado, com um universitário muito bonito, era uma noite estrelada e nem muito fria. Por que metade de mim reclamava? O que fosse dar errado depois não importava tanto; eu ainda estava no lucro!

  Foi como minhas metades chegaram a um acordo, enquanto Darien entrava na auto-estrada e o vento balançava meus cabelos.

  Tudo bem que minha paz interior durou até eu perceber que estava usando um pijama de ursinhos. Só podia ser um pesadelo, responderam as minhas duas metades malucas.

*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*

  Darien parou quase meia hora depois em um ponto deserto menos iluminado pelas luzes da cidade. Podíamos ver as estrelas, mas eu não me movi do meu banco, apesar de ele haver saído do carro esfregando uma mão na outra por conta do frio. Levantei meus olhos até ele e ri; estava me sentindo tão bem, era quase inacreditável. Por aqueles dois dias e meio, eu decidi que deixaria as coisas acontecerem na medida do possível. Era o melhor.

-Não vai mesmo sair? - Voltou seus olhos para mim.
-Estou melhor aqui.
-Quer ir a outro lugar?
-Eu preferiria que você voltasse ao carro, na verdade.
-Eh?

  Sentia novamente minha metade má agindo, mas desta vez a outra ficava quieta ansiosa pelo resultado. O conluio das duas não me dava uma boa sensação, mas elas eram eu, e até hoje tinham me mantido viva. Seriam só três dias malucos e um pouco mágicos, por que não encará-los como um sonho. Estendi minha mão para o banco do motorista, chamando-o novamente. Darien assentiu, sentando-se de novo e me olhando como se perguntasse o que faríamos agora.

-Afinal, o que deu em você hoje?- Pôs a mão na chave para ligar o carro.
-Espere. Vamos aproveitar um pouco mais as estrelas.
-Mas...
-Darien, fica quieto por um segundo.
-Certo. - Fez uma pausa e mostrou o relógio: - Fim do tempo.
-Okay, e agora?
-Não era pra você saber?
-O que você quer fazer?
-Eu...? - Deitou a cabeça no banco levantando o olhar para o céu.
-Não fui só eu a convidar; digo, você veio.
-Bem, uma vez na vida eu ainda ajo por impulso.

  Gargalhei de leve. Pelo menos alguém ainda parecia controlar as coisas ali, ainda fosse porque estava sendo impulsivo. Aquele jeito do Darien era um tanto fofo e um tanto admirável. Continuava a contemplar as estrelas com aqueles olhos azul-mistério, no que estaria pensando?

-Pode segurar minha mão?- perguntei, pondo a minha no meio do caminho entre os bancos.
-Acho que sim...

  Um calor cobriu meus dedos gelados. As mãos de um homem podem ser tão grandes... E fortes. Enquanto ele a apertava levemente, como se testando como segurar, meu coração palpitava bem forte, e o calor chegava às minhas bochechas.

-Está bom? - Seus olhos continuavam no céu, mas desta vez pareciam evitar os meus.
-Contanto que não solte, - respondi bem baixinho, o bastante apenas para ser ouvida.

  Seguiu-se um silêncio. Só que não era nem um pouco incômodo; tinha medo que qualquer outra palavra a mais fosse capaz de me acordar daquele sonho caloroso. Deitei no banco, mas para observar o rapaz a meu lado. Agora, ele tinha os olhos semi-cerrados e respirava calmamente. Estávamos ambos nos esforçando para não estragar um momento tão bom, né? Uma onda estranha começou a tremer minha barriga, parecendo o mar no meio de uma tempestade. Meu peito começou a doer até que ela queimou minha garganta e foi impossível conter o riso.

  Estava rindo sem conseguir me conter. Ainda assim, segurei bem forte a mão de Darien; uma última tentativa de manter o que estávamos tendo antes. Não parava de rir. As lágrimas rolavam por meu rosto até que veio uma tosse. Eu tinha engasgado. Darien soltou minha mão e começou a me acudir perguntando se estava bem.

-Desculpa... -falei uns minutos depois, com o retorno da calma. Sentia-me tão envergonhada.
-Tá tudo bem. Por um segundo, achei que fosse morrer, pra falar a verdade. Que houve?

  Virei o rosto para a porta a meu lado e escondi metade dele no banco:

-Acho que estava feliz.

  O silêncio seguinte não era nada bom. Mas eu não encontrei qualquer outra forma de quebrá-lo, nem rir eu conseguia. Todo meu corpo estava doendo bastante e o que eu queria era me unir ao couro do banco, nunca mais ser vista. Pus as mãos no rosto, forçando mais minha cabeça naquele material um tanto frio. Então, senti seus braços envolvendo meus ombros e me puxando para trás, enquanto ele próprio se projetava para frente. Estava me abraçando tão tenramente que fizera as lágrimas volverem aos meus olhos enquanto meu estômago se balançava ainda mais estranhamente.

  Apertou o abraço e começou a cochichar em meu ouvido. Nas minhas costas sentia com clareza o tecido de sua blusa, o formato de seu peito, ambos roçando levemente com a diferença em cada aperto. Pousou seu queixo no meu ombro e a bochecha na minha, fazendo cócegas com sua barba quase invisível. O perfume era bem fraco misturado a sabonete e xampu. Era uma atmosfera quente um pouco sufocante, muito embriagante. Deixei minha tensão se esvair e confiei meu corpo a seus braços no mesmo momento em que seu nariz parecia cheirar meu pescoço e sua boca implantava doces beijos ali.

  A sensação que eu tinha era de estar sendo salva de uma queda livre por um anjo alado e lavada para bem perto do sol que punha minha pele em fogo. Sua mão puxou a minha e ele continuou sua sessão de beijos por todo meu braço, puxando-me cada vez mais para si de forma que parecia que nossos corações batiam bem forte no mesmo local. Subindo pelos meus ombros, chegou de novo ao meu pescoço, massageando a nuca com seus dedos quentes. Eu queria me derreter, até que seus lábios chegaram às minhas bochechas e um alarme soou em minha cabeça.

-NÃO!-gritei, pulando para a porta e pus minhas mãos no cinto.
-Sinto muito... - Darien pôs-se de volta no seu banco e abaixou a cabeça até o volante. -Passei de todos os limites, né?

  Olhei-o ainda envergonhada. O que dizer? Não faria sentido explicar por que não podíamos nos beijar: "tenho medo de ficar apaixonada para sempre por você". Não, definitivamente, além de ser internada no manicômio mais próximo, ele nunca mais pararia de rir de mim. No dia seguinte, ambos voltaríamos a discutir. Digo, Darien voltaria a tirar sarro de mim sem qualquer piedade e, em três dias, eu também o xingaria de todos os nomes e era essa a nossa melhor forma, não trocando amassos debaixo de tantas estrelas num lugar deserto. O que dizer? O quê?

-É que eu tenho que voltar pra casa. - Menti. Bem, era verdade, saí sem dizer a ninguém e nem teria permissão para ir se o houvesse feito. - Se meus pais notarem que não estou...
-Ah, é mesmo. Tem razão! - Voltou a sorrir e deu um leve tapa na buzina, assustando-nos com o barulho.
-Sim, é isso. Desculpa. Também fui impulsiva hoje, muito mais que o meu natural. É melhor não deixar as coisas mais estranhas. - Arrependi-me no mesmo momento. Seus olhos estavam embaçados enquanto a cabeça assentia. - Quero dizer, amanhã... Err, se você quiser, amanhã a gente conversa, ou algo assim.

  Quis me dar um tapa. Não era melhor voltarmos logo e nos esquecermos? Uma loucura anular a outra e assim minhas duas metades malucas se safavam do conluio feito?

-Está marcado, então? - O azul-mistério estava brilhando para mim.
-Sim...-falei, sem consegui voltar meus olhos para seu rosto.
-Quando?- continuou ele, enquanto punha o cinto e dava a partida.
-Vai mesmo querer me ver amanhã? Depois de hoje? - E lá foi minha boca. Seria alguma terceira metade idiota?! A gente só tem duas não é? Porque mais uma acabaria com meu coração. Um ataque na certa. Não, só duas! Um dividido por dois são duas metades. Não pode ter mais...
-Serena? Ouviu o que te disse?- Ele me sorria estranho. Que cara eu estaria fazendo?
-Ah, só tava fazendo umas contas.
-Do horário?
-Hã?
-O encontro, qual horário é melhor pra você?

  Estávamos de volta à pista, com poucos carros também voltando para suas casas.

-Acho que amanhã não é-
-Então, depois de amanhã. Está marcado.
-Mas...
-Se não quiser diga agora. - Seus olhos estavam fixos na estrada, mas dava para perceber um certo aborrecimento. Eu mesma estava numa confusão só. Não fazia idéia do que estava acontecendo, além de que eu ainda sentia seu cheiro na minha pele.
-Eu quero... -disse sinceramente. Queria também lhe dizer que fosse noutro dia mais tarde, quando não estivesse mais drogada, mas era óbvio que eu não podia.
-Arranje tempo pra mim depois de amanhã às quatro. É justo?

  Assenti. Um encontro com Darien... Dessa vez, devia ser em algum lugar público, qual o risco de algum beijo? Assenti de novo, confirmando mais com um sorriso. Depois de amanhã seria o penúltimo dia e como eu bebi o chá mais ou menos às três e meia da tarde, se eu conseguisse outro encontro, estaria livre pra ter aqueles lábios tão per- Droga, lá iam minha metade má me atiçando.

-Ótimo! Vemos-nos no parque às quatro. Não se atrase, pra variar.
-Ei! Ainda nem saímos, não fale como seu eu sempre me atrasasse.
-Como se você algum dia estivesse no horário... - Riu-se, sendo seguido por mim. Aquela atmosfera estava tão boa quanto a anterior, só que menos perigosa. Quando vi minha casa se aproximando, tive uma idéia perfeita:
-Até depois de amanhã. Ah, você irá experimentar aquele chá, hein?
-Da África? Não era pro Andrew?
-Ele que se deu mal por desprezá-lo.
-Sou a próxima vítima?
-Exato!- sorri maliciosamente enquanto saía do carro e lhe acenava uma boa noite.
-Até depois de amanhã, cabecinha de vento.
-Eeei! Não me chame assim!
-Chegue na hora e eu considerarei seu pedido.
-Baka!

  Entrei em casa silenciosamente sem conseguir parar de sorrir. Era só dar o chá e repetir a noite daquele dia para ser feliz para sempre. Ainda bem que ainda tinha mais um sache! Não desperdiçaria minha chance; nem o dinheirão que gastara na poção.

*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*

  Por sorte, o dia seguinte foi todo de chuva. Assim que saí da escola, fui direto para casa. Mas acabei não resistindo e liguei para o Darien; ficamos mais de uma hora no telefone! Nem sei sobre o que falamos tanto... De início foi algo do tipo: "chegou bem em casa?" "seus pais não brigaram?" "até que foi uma boa idéia" "mas que loucura!" "tudo certo pra amanhã" "não vá se atrasar, cabecinha de vento" "baka". Logo evoluímos para os nossos planos do dia seguinte, iríamos a uma exposição de um artista de nome difícil, mas só por meia hora.

-Por que temos que ir n'algo tão chato!? - claro, fui eu quem perguntou.
-É que eu já tinha marcado de ir e esse cara é muito amigo do meu pai. Eu realmente tenho que ir.
-É chique?
-Você não vai com seu uniforme?
-Claro que não! Num primeiro encontro?
-Segundo.
-Mesmo?
-Ué?

  E começamos a rir, comentando de novo da loucura de antes. Era tão bom ouvir a voz daquele Darien, uma pessoa de carne e osso que não fala difícil o tempo todo, pelo menos não para me fazer sentir mal, ou tentando me xingar. Talvez tivesse sido a primeira vez que experimentei falar bobagens ao telefone com a pessoa de quem gostava. Como seria em dois dias, quando eu esquecesse toda aquela palpitação que nunca sentira com Andrew?

-Você vai fazê-lo, então? Ou está querendo me matar?- Darien ainda estava falando e eu perdera uma parte de suas lindas palavras, perfeitamente coladas uma do lado da outra.
-Desculpa!
-É uma cabeça de vento mesmo, né?
-Desculpa! Eu já disse...
-Te pedi para se vestir pra mim... - Sua voz parecia sumir, como se ele a tivesse afastado do telefone.
-Não seja convencido, só não quero ficar de uniforme! - menti. Era claro que me produziria só para ele.
-Alguma variante da roupa de ontem então?
-Baka!

  Assim continuamos... Então, passamos para os típicos: "o que você fez?" e variantes como "o que fará daqui a uma hora e trinta e quatro minutos?".  Eu não queria desligar, apesar de minha mãe ter aparecido na porta do quarto algumas vezes. Se eu fechasse meus olhos, já estaria no encontro do dia seguinte. Sem uma metade má.

-Ah, eu tenho que ir; a biblioteca deve estar quase fechando e preciso de uns livros. - Sua voz de repente pareceu apressada, o que foi um tanto fofo.
-Okay! Até amanhã, Darien.
-Até, Cabecinha de Vento.
-Ei!- Mas ele já havia desligado em gargalhadas.

  Fiquei ainda ouvindo o barulho de ocupado do telefone, sonhando que sentia o calor daquela pessoa. Como eu queria ter asas para abraçá-lo... NÃO! Eu não vou à biblioteca e ponto. Grudei na cama; minhas metades tinham saído da trégua.

*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*

  Ajeitei minha blusa e minha saia longa, olhei no retrovisor de algum carro para conferir se meu batom estava direito e se o meu cabelo não havia saído do lugar. Então, a conferida mais importante: na minha bolsa estava o último sache da poção de amor. Desta vez, meu plano era mais que perfeito. Iríamos à exposição chata, depois a uma lanchonete, eu lhe punha a poção para beber e dançaríamos à luz das estrelas e ao som de "I Love You", ao fim, beijar-mo-íamos, quando flocos de neve começariam a cair do céu e a música mudaria para "Yuki no Hana". Muito melhor que qualquer coisa fantástica que eu inventasse para o Andrew. Darien realmente me inspirava, né? Só não podia me esquecer de ser a primeira a tocá-lo, ou tudo estaria perdido.

  Lá estava ele, blusa social, terno, calça social. Tão charmoso! Meu encontro, meu primeiro - na verdade, segundo - encontro. Era só nos livrarmos da exposição e estaríamos no céu.

-Quinze minutos de atraso? Nada mal. - comentou, mostrando-me o relógio que realmente dizia quatro e vinte.
-Isso quer dizer que só temos mais dez minutos de exposição? Que peninha... - Balancei a cabeça olhando para baixo para enfatizar.
-Que isso! Se você gostar podemos ficar lá até as nove da noite.
-Mas aí eu já teria te matado e não teríamos um encontro.
-Bom argumento. Vamos? É só meia hora.

  Na verdade foram quarenta e seis minutos mais quinze segundos, mas tudo bem, eu ainda estava com o mais bonito do lugar e comi aperitivos gostosos. Sem contar que Darien me apresentou como sua namorada e me deixou segurar seu braço o tempo todo. Eu nem queria mais sair dali!

  Depois, ele me levou até uma lanchonete próxima, muito arrumada e cara. Relembrei-o do chá e ainda ouvi que lhe seria uma honra. Siiim, uma honra apaixonar-se por mim para todo o sempre; ou pelo menos o troco por ter em feito cair tão fundo por ele.

-Isso parece tão doce... - comentou sobre meu achocolatado e meu bolo de nozes com creme de chocolate e avelã.
-Quer o morango que veio?
-Não, eu tô bem... - Olhou para a torta salgada que pedira, parecendo bem menos enjoado que antes.
-Qual o problema dos homens japoneses com doces? Não sabem ser felizes?
-Bem, não ter uma dor de barriga me parece uma vida bem mais feliz.
-Se é o que acha... - Pus o garfo no meu bolo, parando no meio por haver me lembrado da poção. -Ah, ponha logo no seu chá!
-Afinal, qual é o gosto?
-Doce como uma flor!
-Sei... - Olhou para o papel com o pozinho e então o pôs na bebida, ainda parecendo hesitante. - Isto não é nenhuma droga, né? Tenho que fazer exames amanhã, seria horrível.
-Por que pergunta?
-É; não parece que você saberia me responder.
-Isso foi um insulto?
-Não, só uma afirmação. Acho que é melhor você beber, tome. Sinto muito, Serena.

  Abaixei a cabeça na mesa tentando imaginar o que diria. Não podia beber aquela coisa amaldiçoada de novo e tampouco conquistar Darien sem aquela ajuda. Como fazê-lo beber? Uma droga? Por que não pensei nisso antes? Realmente devia ser uma e eu tão apaixonada como estava nunca poderia me permitir atrapalhar a vida dele daquela forma, ele poderia ir parar para sempre na sarjeta por conta de um pequeno erro meu! Não era assim nos filmes de volta ao passado para consertar um erro minúsculo que de um milionário fez a vida do cara em um mendigo bêbado. Não! O Darien era bonito demais para morrer como um indigente. Além do mais, ele nunca mais iria querer saber de mim.

-Ah, eu não queria chateá-la... - falou, passando a mão nervosamente pelos cabelos e olhando para a xícara.
-Não beba! Você tem razão, Darien, não beba. Pode te prejudicar; não te quero sendo achado no meio de um canal de água imunda.
-Hã?
-Quero dizer: não bebe. Sabe de uma coisa? Aquilo nem me fez bem anteontem, é melhor jogar fora. - Seria minha prova de amor jogar todo o dinheiro investido fora, mais a minha única chance de tê-lo. Meu coração já estava partido. Juntei todas as minhas forças e derrubei o chá de propósito.
-Serena... Não precisava.
-Vamos embora? -perguntei, segurando o choro de frustração. Seria uma vida de princesa ter Darien apaixonada por mim para sempre.
-Certo, vou pedir a conta... - Olhou para a mancha molhada na toalha; parecia sentir-se culpado pelo meu baixo astral. No entanto, eu era a única a me culpar, se nunca tivesse comprado aquela poção venenosa, não estaria ardendo por aqueles lábios perfeitos como o fazia no momento.

  Andamos pela rua em silêncio, sem nem saber para onde seguir. Então, ele pôs a mão em meus ombros e novamente desculpou-se. Sacudi a cabeça; aquela carinha de arrependimento dele me deixava ainda mais triste.

-Quer ir até o parque? Sentamos lá e observamos a paisagem...

  Assenti, ainda não tendo muito que falar. Na verdade, eu tinha era que segurar o pedido de desculpas que minha metade boa queria tanto fazer. Fora minha distração ter bebido o chá errado e arrastado o Darien para aquela confusão. Já em um banco do parque, não pude me conter, estava já na hora de falar.

-Tenho que te confessar uma coisa!- surpreendi-me ao perceber que ele o falara ao mesmo tempo que eu.
-Hã, é melhor você dizer primeiro... - Darien virou-se para meu lado oposto, parecendo observar as hortênsias.
-Não! Você! - Por que não dar um pouco mais de tempo para minha metade má persuadir a boa a ficar quieta, pelo menos até amanhã quando eu estivesse em forma?
-Tem certeza? - Voltou-se confuso para mim e ficou me olhando até que eu terminasse de levemente confirmar. - É que eu quase tive um treco anteontem à noite, quando me ligou.
-Ah, claro! Isso não é uma novidade. Foi uma doi-
-Não. Espera; eu falo. - Pegou levemente em minha mão, e começou a observar meus dedos, deixando-me nervosa. - A verdade é que só fui à sua casa curioso quanto ao que pretendia me aprontar. E bem quando decidi que não valia a pena e ia voltar, você me aparece de pijama, entra no meu carro e manda eu dirigir.
-Achou que era um trote?
-O que mais seria? Por que a garota que mais me odeia iria querer me ver? Eu também cheguei a considerar que quisesse me falar sobre o Andrew. Sempre te achei interessada nele e eu sou seu melhor amigo. Dois mais dois, né?
-Andrew é passado! Nunca foi a sério. - Okay, de onde essa saiu? Andrew foi a minha mesada daquele mês! Uma mesada... Não, não se comparava com o quanto meu peito doía pelo que estava fazendo com Darien e o quanto seria horrível no dia seguinte quando eu soubesse o quanto daquela dor era real.
-Que bom. Porque eu sempre tive uma queda por você.
-Eeeeeeeeeeeeeeeeh!? - A dor parou. Veio um branco. Ou um preto? Um curto-circuito, sem dúvidas.
-Nunca dei muita importância, digo, nunca consegui fazer nada de relevante quanto a isso, além de piorar teu ódio por mim. Então, o terceiro motivo pelo qual fui à sua casa foi porque eu também queria te ver. E esse motivo dominou todos os outros quando paramos no meio da estrada para olhar as estrelas. - Sua mão na minha começou a tremer enquanto ele hesitava. - Acho que caí num poço sem fundo, porque tudo o que quero agora é te abraçar, Serena.
-Darien... - Uma gota de lágrima começou a se formar. Aquela era a confissão mais linda que já ouvira. Espera. Aquela era uma confissão linda e a única que já ouvira para mim! Credo, como podia ser verdade!? Darien? Por mim?

  O rapaz começou a rir, ainda com o azul-mistério brilhando na pequena abertura de seus olhos enquanto sorria. De repente, seu nervosismo parecia haver passado e o céu de seu olhar clareou.

-Eu... - tentei responder, mas como começar? Agora não tinha mais problema, né? Podia me apaixonar por ele e aceitar seus- Espera, Darien. - Abaixei a cabeça para nossas mãos. - Não posso te dizer meus reais sentimentos hoje.
-Ah, tudo bem. Isso é até bom! Não vai me rejeitar na lata, he he.

  Respirei fundo. Era a hora:

-Eu tomei uma poção do amor e me apaixonei pro você.
-Hum?
-Não faço idéia do que sinto de verdade por causa dos efeitos da poção. Mas não se preocupa! Se você me beijar eu te amarei pra sempre, sabia?
-Do que está falando?
-Eu tentei consertar tudo e quase te atrapalhei nos exames de amanhã! Agora que sei o que sente por mim, é perfeito, não acha? É só me beijar e me tem sua.
-Poção do amor?

  Assenti firme. Tudo parecia muito perfeito, estava se encaixando; meu drama chegara ao último episódio!

-O sache é uma poção que comprei e pretendi dar ao Andrew. A primeira garota que lhe tocasse seria seu amor por três dias, a menos que ela o beijasse nesse tempo, aí seria pra sempre! Só que a idiotinha aqui que bebeu, hehehehe.
-Então, é do Andrew mesmo que você gosta.
-Chigai! Eu te amo!
-Não, foi pra ele a poção.
-A primeira, a segunda seria pra você.

  Darien balançou a cabeça e soltou minha mão. Um alerta de perigo tocou no meu cérebro. Por que ele não estava vibrando?

-Você tomou a poção, eu te toquei de alguma forma e por três dias, tenho meus sentimentos correspondidos graças a uma droga. Bem, isso explica aquela ligação estranha muito bem.
-Isso não é bom?
-Eu quero a Serena Tsukino apaixonada por mim, ou feliz com quem ela escolheu e não um chá estranho.

  Começou a trovejar, apesar de o dia estar lindo antes, o céu fechou-se e um vento frio soprava. Combinou perfeitamente com os gritos do Darien.

-Não entendo... - As lágrimas, agora de tristeza, começaram a cair bem antes da chuva e plenas de confusão.
-Sinto muito por ter me aproveitado daquela situação anteontem... Devia ter imaginado que só drogada para você me aceitar. Não, nem assim, pensando bem. Você ainda teve o bom senso de impedir o beijo, né? Acho que aí estão seus sentimentos reais e pronto. Vamos, te levarei em casa antes que fique ensopada.
-Por que não acredita em mim!? Eu gosto de você?
-Num dia você pagou pro Andrew gostar de você, como pode ter mudado tão rápido no outro?
-Foi uma besteira!
-Vamos pra casa.
-Não!
-VAMOS!

  Dei-lhe um tapa e saí correndo. Sentia-me tão ofendida. E eu disse: Andrew era passado. Darien achava que eu era uma mentirosa? E ardilosa por forçar que um garoto gostasse de mim. Bem feito então para mim, foi o que pensei enquanto corria pelo parque e pelas ruas; de Darien. Não, ele devia ter acertado na mosca, menos que eu tenho certeza de que gosto dele. Não só pela poção, estava diferente do início em que eu começava a inventar coisas sobre e a fantasiá-lo na minha cabeça. Eu gostava do Darien verdadeiro e gostava de verdade.

  Diminuí o passo ao sentir as gotas molharem minha bochecha quente pelas lágrimas. e foram caindo tão fortes que pareciam arranhar a pele. Eu teria que voltar para casa. Voltei a correr, indo o mais rápido possível, tentando ainda entender por que meu drama não ter tido um final feliz.

  Cheguei em casa não só encharcada, mas despedaçada. Estava um caco quando deitei na banheira e tentei relaxar. Contudo, tudo o que pude fazer foi chorar. Eu estava no paraíso e fui jogada aquela monte de espinhos. Eu mesma os dera para que me jogassem... Maldita idéia de usar a poção. Maldito amor falso que eu senti por Darien. Tudo tornava minha visão embaçada demais para eu me decidir sobre o que era real. Além de que eu realmente havia machucado aquele de quem gostava.

  Dormir sem nem perceber como vesti o pijama e fui para a cama. Tinha a leve sensação de ter sido acordada e voltar a dormir. Quando abri mesmo os olhos estava cheia de suor, com a vista doendo da luz do sol.

-Até que enfim acordou mesmo!- Minha mãe disse ao me ver descendo a escada.
-Que horas são?
-Umas três da tarde.
-COMO!?
-Estava com tanta febre, filhinha, nem consegui te acordar para ir para escola.

  Comi um almoço leve e fui tomar banho. Aos poucos, a mágica da poção se esvaía e meus momentos com o Darien se tornavam parte de algum delírio meu. Até seu nome se tornara tão distante quanto antes, mas agora ele não devia mais me olhar duas vezes quando lhe desse um encontrão sem querer pelo caminho.

  O tempo melhorara, mas o céu ainda estava nublado com um vento bastante frio. Olhei pela janela lembrando-me da surpresa que sentira ao vê-lo lá embaixo. Darien estivera lá, certo? Estacionado na frente da minha porta. E eu, de pijama, fora com ele e ficáramos sozinhos num lugar deserto. Foram momentos tão lindos, ambos na exposição de mãos dadas e depois na lanchonete. As palavras dele no parque também, eu as guardaria para sempre como um grande segredo que eu revisitaria todas as horas possíveis. Porque, provavelmente, ele pretendia me esquecer para sempre dali em diante.

  Até que a poção não foi uma desgraça. Eu realmente ganhara minha primeira declaração de amor em um parque de um cara de quem eu gostava. Sim, tinha que encarar como algo ótimo. Era estranho como só depois que o efeito se esvaíra que eu percebera coisa tão simples. Se não fosse o empurrão, nunca teria me deixado apaixonar por Darien, a quem sempre admirara de longe, morrendo de medo de deixar o sentimento acontecer. Se eu o tivesse permitido, poderíamos estar juntos. Ou, talvez, não. Nunca nenhum dos dois romperia o limite que nos puséramos desde antes.

-Que triste...- concluí, olhando para o monte de nuvem, preparando-se para uma nova chuva. Nem mesmo o céu estrelado voltaria para mim?
-Serena? - Aquela voz...

  Fiquei parada olhando o vidro da minha janela. Não... Imaginação! Efeito da tal droga da poção do amor. Uma despedida. Isso. Ainda assim, a esperança falou mais alto e entrou de acordo com minhas duas metades, obtendo permissão para olhar para baixo. Não, não estava ali o carro dele. Logo, a voz de Darien chamando meu nome fora só ilusão! Quem sabe até um delírio da minha febre voltando?

-Ainda está brava? - Minha febre estava voltando bem forte, hein? Ainda ouvindo-o... -Vamos, fale comigo.
-Não sou doida de falar sozinha! Você não vai me convencer a falar sozinha! - Não olhei para trás. Não seria vencida por alucinações.
-Hã?
-Essa febre quer voltar? Pois desta vez não vou cair no sono, ficarei aqui pra enfrentar!
-Tá tão brava a ponto de me ignorar?
-Não te estou ignorando, só não falo com alucinações. Se bem que é isso que estou fazendo né? - O tempo lá fora começou a fechar e parecia que eu estava vendo o reflexo do Darien em minha janela. Usava uma blusa escura de gola alta e calça jeans. Estava lindo como sempre... Enquanto eu só estava com blusa e calça de moletom.
-O suco já está aqui, mas o bolo deve demorar mais uns dez minutos, Chiba-kun, pode esperar? - Minha mãe entrou no quarto e pelo barulho deve ter posto dois copos na mesinha.
-MÃE! Até você quer ajudar minha febre?
-Do que está falando? - Ela e Darien perguntaram ao mesmo tempo.

  Olhei para trás. Os dois me olhavam de volta com uma expressão um pouco de pena. Mas por que o Darien estaria ali? Ninguém soube ainda de minha febre, logo, não poderia ser preocupação, né?

-Você é real? - perguntei, chegando à mesinha, para a qual mamãe nos apontava.
-Acho que sim...- Parecia perplexo demais com tudo para se sentar, ou fora o que minha mãe entendera, pois decidiu se retirar para ver o bolo.

  Estávamos a sós quando ele enfim sentou-se frente ao copo de suco e o ficou olhando, com uma das mãos nele, sem qualquer intenção de bebê-lo ainda.

-Afinal, está brava ou não? Achei que estivesse já que nem foi no Andrew hoje...
-Eu estou meio doente...
-Por ontem? Eu sinto muito!
-Acho que por tudo, tem sido um clima doido. Mas já estou ficando novinha em folha se você não for delírio.
-Não sou.
-Bom saber... - Ficamos olhando um para o outro e para o suco, quando decidi beber o meu. Estava bom, mas não me fizera bem com aquele clima pesado no quarto. - Você ainda está bravo?
-Não sei se isso foi o que senti... -Seus olhos viajaram pelo lugar, deixando-me um pouco envergonhada do meu quarto de menininha cheio de bichinhos de pelúcia, muito rosa e bastante bagunçado. - Só que eu tenho que pedir muitas desculpas. Exagerei.
-Você tinha toda a razão para sentir o que quer que tenha sentido.
-Eu me senti um caco, pra dizer a verdade. Cheguei em casa e não parava de pensar se você tinha se molhado muito. Até peguei o carro e dei umas voltas perto do parque pra te buscar.
-Que fofo!- disse com o rosto ruborizado.

  Darien pôs a mão na cara e abaixou a cabeça mais ainda:

-Realmente me preocupei... Mas devia ter voltado antes, aí não estaria com tanta febre.
-Já passou! E eu mereci. De qualquer forma: lição aprendida. Não se força o amor em ninguém. Já devia saber isso de tantas histórias parecidas, mas agora aprendi mesmo. Eu nem gostava mesmo do Andrew e tinha consciência disso. Que ridículo que tudo aquilo foi.
-Acho que é hora de eu ir.
-Por quê?!
-Só vim pedir desculpas, agora que estamos entendidos, não tem por que ficar.
-E o bolo?

  Ele balançou a cabeça e se levantou. Ele nem gostava de coisas doces, então não deveria estar ansioso. Suspirei. Queria tanto vê-lo mais e ele já me dera as costas para ir. O que fazer agora? Mas Darien tinha razão: estava tudo entendido, podíamos nos ver de novo todos os dias sem problemas, era só fingir que tudo fora um sonho e dada minha enfermidade era difícil dizer ao certo que não fora. Tudo esclarecido. Hora de voltar ao status quo.

-Não, espera, - pedi, quando sua mão estava prestes a abrir a porta, - Sobre o beijo que eu não quis... Foi por medo de me apaixonar por você. Mas nem adiantou. Pensando bem, eu queria que tivéssemos nos beijado; é engraçado estar dizendo isso agora que aquela poção transformadora em pessoas maníacas por beijo já se foi. Eu realmente queria que tivéssemos nos beijado.
-Não diga coisas sem sentido. - Continuava de costas para mim e sua cabeça parecia ter vontade de se bater contra a madeira da porta.
-Por que não faz sentido? Meu grande arrependimento foi não ter te beijado; cheguei a essa conclusão. Se não fosse meu erro ao tomar o chá do Andrew, nunca experimentaria a sensação maravilhosa de ser livre para gostar de você e saber que era correspondida.
-Ainda é. Digo, não conseguiria deixar de gostar de você. Não tão cedo. Nem sei se quero...- Suas pernas pareciam ter perdido força e deixaram-se cair levando todo seu corpo. Ele ficava ainda mais lindo contrastando com o rosa das paredes do meu quarto; era tão alto e charmoso e sério e...
-Entendo como se sente, - sorri.
-Foi um pouco frustrante achar que eu ainda tinha esperanças ontem e saber que tudo não passou de uma poção. De tudo que podia ter dado depois de me declarar, aquela não era uma alternativa. - Seus olhos estavam baixos e o azul-mistério quase um cinza de ressaca.

  Levantei da mesinha e andei até ele. Não pude me conter e o abracei quase como se tentasse consolá-lo. Estávamos numa situação muito complicada e eu mesma não a compreendia; mesmo assim, eu sabia perfeitamente oq ue ele queria dizer com frustração. E o admirava por não ter me beijado quando teve a chance.

-Um dia, quero ser tão nobre quanto você. Podendo me ter pra sempre, conteve-se.
-Se eu tivesse acreditado cegamente naquela poção, era capaz de ter te beijado sim. Foi o que pensei ao voltar pro apartamento. Se te encontrasse na rua...
-Não, você não o faria. Até porque eu levei uma bronca sua, não te deixaria.
-Estamos perto o bastante para eu fazê-lo. - Pôs aquelas mãos quentes nos meus cabelos, mas estavam um tanto trêmulas.
-Não funciona sem a permissão da pessoa.
-Se você não permitir, tenho mais motivos para duvidar da poção. - desceu a mão para meu pescoço, tocando-o apenas de leve. Dessa vez, era eu quem tremia.
-Ela não funciona depois de três dias. Meio que já acabou o efeito.
-Então por que não está me batendo? Humm, cabecinha de vento?
-Ok, mesmo com a poção você mereceria uma por essa. Mas como só fez pra me irritar...
-Como saberei se a poção passou?
-Acho que isso não interessa muito, né? - Deitei minha cabeça no meu peito, podia ouvir seu coração batendo bem forte. Suas mãos envolveram minha cintura enquanto seu rosto repousou no meu cabelo. - Estamos numa situação complicada demais. Tenho certeza de que já passou, mas como provar? Posso ficar assim pra sempre, meu coração dói tanto, Darien.
-O meu também...
-Estou ouvindo.

  Subiu as mãos até meu rosto e o afastou de seu peito, fazendo com que nossos olhos se encontrassem. Seu azul-mistério brilhava tanto que me fez pensar nas estrelas daquela primeira noite.

-Se eu te beijar, - começou ele a dizer, fazendo-me ficar nervosa, - então, vai me amar pra sempre?
-Não se a poção já tiver passado.
-Mas você gosta de mim agora, né?
-Isso não é óbvio?
-Então, se eu te beijar, não vai ter problema.
-A menos que você não se responsabilize por eu gostar de você pra sempre. Aí, eu te mato.
-Seria uma honra.
-Ser morto?
-É uma cabeça de vento, mesmo, né? -Puxou meu rosto para si e encostou levemente os lábios nos meus, deixando-os ficar lá por um momento. Então jogou sua cabeça até atrás da porta e me perguntou: - Sente alguma poção fazendo efeito?
-Não... Daria pra sentir? Quer dizer que passou?
-Isso vamos ter que ver quando nos divorciarmos, acho. Porque eu, pelo menos, não sei como é uma vida sem te amar, Serena. Desde que nos vimos até agora a única coisa que senti por você foi essa queimação no peito. Quando você me pedir o divórcio, se ainda nos lembrarmos desta confusão, saberemos que a poção já tinha passado.
-Divórcio... mas pra isso teríamos que-
-Ei, não estrague o momento. - Pôs um dedo nos meus lábios e então voltou a beijá-los. Abraçando-me com força contra si, ficamos assim até que minha mãe bateu na porta fazendo-nos pular cada um para um canto.

  Olhamo-nos com as faces bem vermelhas e depois que ela saiu deixando os dois pedaços de bolo Darien ainda perguntou:

-Vou ter problemas com seu pai, né? Acha que existe alguma poção pra isso?

  Corri de volta até ele e o abracei ainda mais forte. Não importava nada, eu só queria continuar a olhar para aqueles olhos azul-mistério, uma cor que só eu conhecia. Muito mais lindo que um amor ao som de My Heart Will Go On, apesar de eu ter certeza de que enquanto nos beijávamos mais e mais eu podia ouvir as linhas finais de Yuki no Hana:

"Com você, para sempre..."

  Só espero que isso não seja efeito daquela poção maluca...

Anita, 17/11/2007

Notas da Autora:

A música I Love You é um clássico japonês cantado por Ozaki Yutaka e Yuki no Hana (Flocos de Neve) é pela Mika Nakashima, foi um single de 2003 e estourou sendo usada até hoje por programas como uma música extremamente romântica. Eu amo I Love You XD (a melhor versão é da Hikaru Utada, mas até a Mika já a cantou).

Espero que tenham gostado de mais uma fic maluca, desculpa ^^UUU Tive problemas de novo pra terminá-la, mas bem, está pronta!

Mais fics minhas estão no http://olhoazul.50webs.com/ e qualquer coisa mandem e-mail pra anita_fiction@yahoo.com foi uma honra tê-lo como leitor e até a próxima!

2 comentários:

  1. Ai que linda essa fic! AMEEEI! você deveria
    posta-lá no fanfiction! beijos.

    Mariana Rodrigues

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    Respostas
    1. Obrigada por ler e comentar a fic como sempre *_* Eu a fiz como uma fic bem maluquinha e aleatória mesmo e no final acabou virando conteúdo exclusivo do site. Não que eu pretenda continuar produzindo fics exclusivas, mas às vezes é bom pensar que o Olho Azul é algo especial, né? Exceto que volta e meia eu acabo publicando no ffnet quando noto que tô sem o que pôr lá, quem sabe um dia então?
      Beijosss

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