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[Sailor Moon] Cada Vez que nos Encontramos, Cada Vez que nos Separamos - Capítulo 8, escrita por Anita

Autora: Anita
Fandom: Sailor Moon
Gênero: Comédia romântica, Realidade alternativa
Classificação: 14 anos
Status: em andamento
Resumo: Usagi/Mamoru. Usagi está na faculdade e acaba de terminar com Seiya, seu primeiro namorado de toda a vida, quando decide aceitar um emprego de meio período no bar de seu amor de adolescência, Motoki. Entre os desafios dessa aventura, o passado decide reaparecer na sua frente, especialmente quando o homem que mais a atazanava retorna a Tóquio, Mamoru. Ela percebe então um conflito entre o que sente por Seiya e por Mamoru. A história também vai explorar os romances de cada uma das senshi! 

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Olho Azul 20 Anos Apresenta:

Cada Vez que nos Encontramos,
Cada Vez que nos Separamos


Capítulo 8 — As Outras

  Mamoru acordou com seu despertador natural. Seu estômago reclamava após haver comido apenas tira-gostos no bar de Motoki, indo lá sob um pretexto qualquer para vê-lo, pois aquela história dele com a ex-noiva o preocupava. Ele podia apenas ter passado para cumprimentar, dizer que só havia ido até lá só para acompanhar Usagi até a porta sem entrar em detalhes, ele nem sequer se importava muito se Motoki desconfiaria da relação dos dois, não lhe dizia respeito, mas a presença de sua futura noiva no bar o havia tirado do eixo. Pensando melhor, ele já a havia visto antes, talvez em seu primeiro dia visitando o Drunk Crown; mas nunca ligara as duas pessoas, pois achava improvável que a filha de um empresário tão assoberbado como seu superior pudesse quem diria conhecer o Drunk Crown, muito menos fazer meio-período para Motoki.

  Outro motivo que alongara sua permanência na noite anterior fora a reação de Usagi. Até então ela tinha sido bastante fria com relação ao casamento arranjado, talvez porque ela própria estivesse com problemas o bastante para pensar nisso. Contudo, desde o momento que Mamoru havia começado a falar com Rei, Usagi passou a agir como se seu próprio território estivesse em perigo. Motoki comentara sobre a relação agitada que as duas possuíam como se fosse algum programa de comédia que ele acompanhava na televisão, o que levara Mamoru a concluir que o centro daquela tensão não era bem perdê-lo, mas perdê-lo para uma rival. Ainda assim, havia sido curioso que Usagi agisse como uma namorada com ciúmes. Justo no dia em que ela demonstrara querer o fim do caso de ambos. E Mamoru teria que aceitar, claro. Só que agora... não parecia mais ser o que Usagi queria.

  Ao menos, isso acabara como assunto pendente. Ele não podia imaginar como Usagi estava em relação a isso, mas não queria perder o ponto alto de seus dias. Estar com a moça realmente lhe fazia bem. Sabia que assim que o caso terminasse, passaria por momentos difíceis, o que seria provavelmente em breve com o casamento arranjado no horizonte e toda a culpa que Usagi sentia pela traição, ou talvez pela situação da amiga que ela mencionara? Qualquer que fosse o motivo, terminarem não era o que Mamoru desejava. Se ao menos pudesse voltar ao tempo e se dizer do erro que cometeria voltando a Tóquio... Seu posto de trabalho é terrível e Usagi já está envolvida demais para largar o atual namorado — para que voltar a Tóquio?

  Seu celular tocou. Era Motoki. Sim, ainda havia o fato de seu amigo estar pensando em pedir a ex-noiva em casamento mais uma vez. Agora ele queria que Mamoru a reencontrasse em uma reunião amigável em pleno Drunk Crown.

  Uma imagem da barista alta quebrando um copo lhe veio à cabeça. Mamoru perguntou a Motoki se tinha certeza de que seu bar era um bom lugar para levar Reika, mas, como sempre, ele não percebia as paixões que provocava e nem entendeu como o Drunk Crown poderia ser uma opção ruim para qualquer coisa, muito menos trazer sua ex-noiva, atual namorada, futura noiva.

  Mamoru deu de ombros e, por fim, concordou em ir desde que fosse no sábado, lembrando-se de como Usagi sempre trabalhava nesse dia, não que ele fosse explicar isso para Motoki. Não por menos, acabou que sábado era movimentado demais e acertou-se para se verem no dia seguinte.

*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*

  O trem estava cheio naquela sexta-feira. A cada horda que entrava, Usagi começou a se preocupar se ela poderia sair quando sua estação chegasse. Na verdade, nem tinha certeza se conseguia se mexer onde estava e suas pernas estavam cansadas de ficar na mesma posição. Enfim, sua estação foi anunciada e o trem parou. Um fluxo intenso de jovens misturados aos senhores engravatados saiu pela porta, quase arrastando Usagi junto. Ela suspirou já na plataforma, levemente tonta quanto para onde ir. Nesse momento, percebeu um rosto familiar, a amiga de Rei estava parada um pouco distante da multidão, olhando quem passava por ela.

— É a Ami, né? — Usagi acenou, já próxima da mesma.

  Pondo a mão para tentar pôr os cabelos curtos atrás da orelha, tendo sucesso apenas em parte, ela olhou confusa para Usagi até mostrar sinais de a reconhecer enfim.

— A amiga da Rei — disse em voz monotônica.

— Acho que não sou bem amiga da Rei, mas, é isso aí. Usagi Tsukino! Está esperando alguém?

— Não, apenas prefiro descer as escadas quando elas estão vazias.

— Oh, entendi! É ruim esse horário, né? Então, vamos? Está indo pro bar, né?

  Ami inclinou um pouco a cabeça, quase como se fosse dar um passo atrás.

— Eu moro aqui perto; acabo de voltar da faculdade. Estudo medicina a umas estações daqui.

  Usagi não escondeu o espanto:

— Nossa, você deve ser muito inteligente, né? Aquela faculdade é tãaaao difícil pra tudo! Não é tipo, das melhores do mundo?

  Ami riu sem graça e começou a caminhar.

— Não estou indo para o bar — ela disse, fazendo sinal com a mão para Usagi se juntar a ela —, mas ainda podemos ir juntas. Minha casa é na mesma direção.

  Já descendo as escadas até a catraca, Usagi se recordou dos documentos que Mamoru lhe mostrara na quarta; os de seu casamento arranjado com ninguém menos que Rei.  Sem pensar duas vezes, ela decidiu aproveitar a chance:

— A Rei é filha de um grande empresário, né? — perguntou casualmente. Ami não devia saber que Rei não tinha sido quem contou isso a Usagi. — Como você a conheceu? Tenho certeza de que não é medicina que ela estuda.

  Ami pareceu surpresa por um momento, mas logo assentiu:

— É, ela está estudando ciências sociais. Mas como soube sobre o pai da Rei? Ela não costuma falar dele. Os dois não moram juntos; ela mora com o avô materno e raramente vê o pai. — Ami suspirou por um instante. — Já nós, nós estudamos juntas no primário. Depois, o pai dela a pôs em um ginásio particular, mas como morávamos próximas ainda nos víamos. Eu sempre fiz cursinho para entrar num bom colegial e, depois na faculdade, por isso não tinha muito tempo para mais amigos. Já a Rei nunca se adaptou muito às escolas particulares em que o pai a colocava ou às pessoas de lá, sempre queria distância das “meninas ricas”.

— É sério? Por que essa é a imagem que ela passa.

  A moça de cabelos curtos deu uma risada suave.

— Ela é uma ótima amiga, basta você lhe dar uma chance, Usagi. Mas o avô da Rei talvez seja o que mais incentivou nossa amizade. Minha mãe é médica e às vezes nem dorme em casa, por isso ele me chamava para jantar no templo após o cursinho e até dormir lá.

— Templo?

— É um templo xintoísta, fica bem perto daqui.

— Nossa, nunca vi. E sempre achei que a Rei morava num desses prédios chiquerésimos em que tudo é branco ou de vidro, sabe?

  Ami riu com mais vontade agora, o que a fazia parecer mais jovem e menos como um ser fora da dimensão em que Usagi vivia.

— Não, ela mora com o avô mesmo e até o ajuda sempre que pode, como nos finais de semana e eventos.

  Os olhos de Usagi estavam inconscientemente olhando os arredores da rua, como se procurando o tal templo, quando deram de cara com um relógio indicando que já estava quase meia-hora atrasada.

— Oh, droga, tenho que ir! — disse chateada por ter que parar a conversa ali. Mas antes de disparar, voltou a Ami e a encarou com obstinação. — E você tá melhor?

  Não pela primeira vez naquela noite, Ami assustou-se.

— É que — Usagi explicou — você parecia meio mal no dia que nos conhecemos. E, bem, a Rei nunca leva ninguém pro bar, tinha que ter algum motivo, né?

  Ami sussurrou um “oh” e assentiu.

— Está tudo bem. — Por fim, sorriu.

  Usagi sentiu que não parecia ser verdade, mas realmente tinha que se apressar. Desculpou-se mais uma vez e correu em direção ao Drunk Crown, ainda mais curiosa sobre Rei que antes e quase desejando que hoje fosse seu dia na escala. Quase. Ainda estava em pleno domínio de todas as suas — ainda que poucas — capacidades mentais.

*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*

  Quando Usagi entrou no bar, a primeira coisa que notou foi que Makoto também não parecia a mesma de sempre. Em vez de andar por todo o local, garantindo que estava da forma que Motoki gostava, aquela devia ser a de confiança de seu chefe estava no canto do balcão próximo à entrada, em frente aonde Mamoru sempre se sentava, passando um pano lentamente sem qualquer razão.

  Usagi deixou as coisas e foi até Makoto para perguntar se acontecera alguma coisa, mas a jovem balançou a cabeça sem tirar os olhos do pano.

— Apenas problemas bobos — disse.

  No instante seguinte, ouviu Motoki chamar seu nome e engoliu em seco, lembrando estar mais uma vez atrasada. Ele surgiu da cozinha com uma cesta de pão, opção do cardápio que Usagi nunca havia visto e a guiou até uma mesa onde uma moça sentava-se só, olhando para o próprio celular. Motoki pôs a cesta no centro da mesa e deu um leve tapa nas costas de Usagi.

— Você se lembra da Reika, né? — perguntou, sentando-se ele mesmo com ela.

  Ao ouvir o nome, a moça levantou os olhos desnorteada até Usagi e ergueu-se prontamente em seguida, sorrindo.

— Usagi, há quanto tempo! É uma surpresa vê-la aqui trabalhando pro Motoki. Ou nem tanto assim. Acho que combina muito.

  A própria Usagi olhou para moça forçando um sorriso e, então, seus olhos suplicaram a Motoki uma explicação menos sucinta que somente o nome daquela mulher que parecia conhecê-la.

  Ele não percebeu ou a ignorou, mas a mente de Usagi a acudiu com um estalo — imagens antigas lhe vieram como que na frente de seus olhos. Reika era o nome da noiva do Motoki que se mudara para a África e acabara se casando lá. Com outro. A mesma que partira o coração de seu irmão mais velho postiço de tal forma que ele nunca saíra com mais ninguém a sério até aquele dia. Motoki tinha lhe contado tudo quando Usagi perguntou sobre Reika quando retomaram contato.

— Bem, acho que a Makoto tá se sentindo meio mal hoje... — Motoki disse reticente.

  Mas o que a mulher casada da África, e casada com outro estava fazendo comendo pão e bebendo chá gelado no Drunk Crown?

 — Será que poderia cuidar do bar enquanto os outros não chegam? — ele pediu, ainda ignorando o olhar questionador de Usagi. — Eu realmente preferia que ela fosse pra casa se for pra ficar assim. Tô preocupado com ela dessa forma.

— Motoki sempre age como um irmão mais velho, né? Não mudou nada, — disse Reika para Usagi, quem não tivera opção a não ser sorrir.

— Está bem, Motoki — respondeu a seu patrão, fazendo sinal de continência. — Pode deixar comigo!

  Voltou após para trás do balcão e conferiu como estavam os demais clientes, dois homens engravatados bebendo sozinhos tranquilamente. Não fosse aquela mesa quase à sua frente, a noite de sexta-feira teria sido atipicamente calma. Virou-se para Makoto, que ainda passava o pano no mesmo canto. Agora compreendia muito bem qual era seu problema e concordou com Motoki que o melhor seria a moça simplesmente voltar para casa. Ou ele levar Reika para longe dali.

*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*

  Mamoru fechou o guarda-chuva e desceu as escadas para o bar. Ainda assim, seu paletó estava úmido da chuva de vento que começara a cair depois que ele entrara na estação próxima de seu trabalho. Aquele dia havia sido extraordinariamente sem eventos, talvez para compensar o trabalho que ele teria agora no Drunk Crown, de ficar olhando quieto o amigo fazer uma grande besteira.

  Abriu a porta e pensou em seu objetivo maior: ver Usagi. Sabia que, diferente das outras vezes, ela seria capaz de ignorar qualquer mensagem ou ligação. As chances eram de também o ignorar pessoalmente, só bem essas chances estavam mais a seu favor quando a convidasse diretamente. Sua voz foi a que mais se destacou no cumprimento de boas-vindas. Sim. Ela estava bem ali. Mamoru lhe sorriu, guardando o guarda-chuva molhado no lugar perto à entrada e resistindo ao impulso de se sacudir como um cão encharcado.

— Motoki está bem ali — disse-lhe Usagi, parecendo não notar que sua alegria era por vê-la. Ao menos, ela deixava claro no rosto que não aprovava o quadro que se podia observar na mesa que havia apontado.

  Mamoru suspirou resignado ao se lembrar de por que havia vindo.

  Motoki sorria como um tolo que ganhou na loteria do final do ano. Reika estava de costas para Mamoru, mas não parecia estar tão animada como seu parceiro. E a pergunta vinha-lhe mais uma vez: como Motoki podia achar que aquilo daria certo? As roupas de Reika eram evidentemente caras. Mamoru não entendia de moda, mas reconhecia um bom tecido quando via, e uma mulher trabalhando em escritório não usaria algo assim. A ex-noiva de Motoki devia estar muito bem de vida agora que voltou da África. E ela sempre fora inteligente; não havia motivo para não estar. Por outro lado, Motoki podia estar feliz com seu emprego, e Mamoru sabia bem como isso era o mais invejável que qualquer super riqueza, mas querer estar no lugar de Motoki no seu emprego de sonhos não era o mesmo que querer estar com ele após viver dias de luxo como Reika aparentava. E seu amigo não lhe dava ouvidos, chamando-o de pessimista.

— É só se sentar, Mamoru. — A voz de Usagi o despertou, mas só pôde vê-la quando a moça já se virava de volta para o balcão, levando uma bandeja com um copo e uma cesta vazios.

— Espera... — Mamoru lhe segurou o braço com suavidade por medo de assustá-la.

— O que foi? — ela perguntou irritada.

  Ele inspirou fundo. Havia ensaiado um discurso eloquente, mas ele não funcionaria ali sentado com Motoki.

— Vá ao meu apartamento quando sair — disse no lugar. E agora que se ouvia, parecia-lhe mais com uma ordem, por isso arrependeu-se.

  Usagi juntou os lábios com força e estalou a língua, fazendo movimento de seguir com o que ia fazer.

— Você pode ir? — Mamoru perguntou desta vez, para amenizar o tom.

— Está louco? — perguntou a moça em resposta, os olhos em chamas. — Já te disse que não estou disponível para a sua conveniência. — Seu tom baixo ameaçava aumentar, por isso ela abaixou a cabeça, provavelmente, em frustração de não poder expressar sua ira. Não que Mamoru achasse que precisava de mais indicações.

— Eu terei que ir embora antes do fim do seu turno. Aproveito e descanso um pouco enquanto te espero. Você pega um táxi daqui, que eu deixarei minha porta aberta. — Mamoru puxou a carteira de seu bolso de trás para estender uma nota de cinco mil ienes. — Compre o nosso café da manhã com o troco. — E sorriu.

  Percebeu a dúvida no olhar de Usagi, fixo na nota arroxeada.

— Só quero deixar claro que você não está me comprando com comida, que eu posso mudar de ideia e nunca ir ao seu apartamento... — Puxou a nota com rapidez e acrescentou: — Sem te devolver o dinheiro. Ah, e se te assaltarem porque deixou a porta aberta, a culpa não vai ser minha.

  Mamoru sorriu com alívio, talvez a vez que ele mais se sentira feliz em perder cinco mil ienes.

— Apenas não compre tudo em bala, cabeça de vento — disse antes de voltar para a mesa de Motoki, mas não estavam mais somente ele e Reika.

  Mais um casal havia se juntado: o amigo de Motoki que ele conhecera na outra noite e uma jovem mais nova de cabelos ruivos cacheados na altura dos ombros, quem Mamoru reconheceu instantaneamente como uma amiga de colégio de Usagi.

  Usagi lhe mostrava a língua quando ele se voltou para ela de cenho franzido.

— O que foi? — ela lhe perguntou como se não estivesse dando língua para suas costas momentos antes.

— O amigo do Motoki...

— Ah, o Masato! — Usagi sorriu em óbvio reconhecimento.

  Era impressão de Mamoru, ou ela o chamava de modo muito íntimo?

— Sim. Ele está com uma jovem hoje...

— Noiva dele. Ah, você a conhece, ela é a Naru, uma amiga minha. Não lembra?

— Noiva? Mas ele não estava com ela quando o vi semana passada.

— A Naru não costuma vir ao bar. — Usagi ajeitou o peso da bandeja e não parecia haver compreendido.

— Não, quero dizer que não era com ela que ele estava. Quando o vi na rua sexta passada, ele estava com outra mulher.

  Ela não pareceu se importar com a correção e apenas fazer uma careta com a boca falou:

— Tava tarde quando você veio aqui naquele dia, né? Você viu demais, Mamoru.

— Era ele, tenho certeza. Não era um lugar tão iluminado assim, mas era logo ali, em um templo aqui perto. E a menina tinha o cabelo bem mais curto e, definitivamente, tinha um jeito diferente dessa noiva.

  Naquele momento, Usagi pareceu um pouco assustada.

— Disse cabelo curto? Perto de um templo daqui? Xintoísta?

— Sim, xintoísta. Em que isso importa, aliás? Eu acabei de dizer que vi o noivo da sua amiga com outra mulher.

— Mamoru! — Motoki fazia sinal para uma cadeira vaga a seu lado. — Venha aqui, venha logo!

  Mamoru desculpou-se com a cabeça para Usagi e atendeu Motoki antes que começasse a desconfiar de sua proximidade com uma das meninas que trabalhavam para ele, e justo quando eles nem estavam realmente fazendo nada errada. Não naquele momento, ao menos. Sorriu, lembrando-se de que às cinco da manhã eles já seriam culpados de todas as acusações. Pensando bem, por que ele fora mencionar daquela traição justo para ela? Ele nunca fora dado a fofocas nem nada parecido e fora dizer justo para Usagi, que se sentia culpada de trair o namorado com ele próprio, que a amiga dela vinha sendo traída?

  Ao pensar com essas palavras, uma lembrança lhe veio: “E minha amiga... Ela está noiva e ama o cara, sabe? Mas ele a traiu. Mesmo ela tendo confirmado isso, minha amiga quer continuar com o noivo e se casar com ele. Que espécie de amor é essa?” Usagi lhe havia confessado isso enquanto tentara pôr um fim ao caso. Era da Naru que ela falava?

  Então, ela já sabia da traição e mesmo assim ficara espantada quando Mamoru lhe dissera do que tinha visto?

*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*

  Ainda estava chovendo quando Usagi chegou ao ponto marcado com Seiya naquela tarde de sábado. Tentou segurar um bocejo assim que o viu acenando em sua direção, mas não conseguiu. Transferiu o guarda-chuva temporariamente para o braço e cobriu a boca com a mão por um instante. Porém, perdeu o equilíbrio entre acenar de volta, bocejar, fechar os olhos e segurar o guarda-chuva, deixando este cair no chão, quase despencando ela própria ao tentar evitar o acidente.

  Seiya veio correndo a seu encontro e recolheu seu guarda-chuva do chão, entregando-lhe com um sorriso.

— Você é uma comédia ambulante, Usagi — disse-lhe. Ela sentiu que ele queria beijá-la ou abraçá-la de alguma forma, mas logo percebeu que estavam muito em público, com todos que passavam atentos ao casal. Seiya gargalhou um pouco como que para se distrair do impulso e apontou para uma rua transversal com a em que estavam. — Vamos?

— Você não tá com guarda-chuva?

— Ah, pois é. Não tava chovendo onde eu moro. Posso pegar um pouco do seu emprestado, né?

— Claro... — Usagi sorriu sem graça. Antes esses desleixos a deixavam animada, mas agora a incomodavam. Por que ele não simplesmente comprava um novo na loja de conveniências bem à frente deles, ou em qualquer outra das milhares por que já devia ter passado até ali?

  Enquanto Seiya a guiava a uma loja de bolos de que ouvira falar em seu trabalho, Usagi não conseguia não pensar mais nisso. Ela gostava de Seiya. Sempre se divertia com o namorado desde que não fizessem coisas de namorados. Quanto mais o tempo passava, mais se decidia de que gostava dele como amigo. Mas não era apenas isso. Seiya tratava qualquer garota bem, mas o tratamento dispensado à Usagi era visivelmente superior. No momento, se houvesse chegado sem um guarda-chuva, ele teria comprado o mais bonito que visse ali perto, ela tinha certeza. Isto já ocorrera antes. Não era apenas com relação a dinheiro que Seiya demonstrava seu afeto. Naquele dia mesmo, eram já três da tarde, e Usagi teria que ir para o bar às cinco, no máximo às seis. Ainda assim, Seiya não se importava de passar com ela aquelas duas, três horas. Ele sempre lhe mandava mensagens e também ligava. Seiya nunca se incomodara nem no ponto mais crucial de sua dissertação no semestre anterior de ouvir até de madrugada Usagi conversar sobre pessoas que ele talvez nem conhecesse. Ele até incentivava, sem que ela soubesse por quê. Em resumo, Usagi gostava de ser amiga de Seiya, mas também gostava da forma como ele gostava dela. Essa combinação apenas seria possível enquanto fossem namorados. Uma vez terminados, nada garantiria que poderiam se ver novamente.

  Ainda assim, uma voz ecoava em sua mente sobre como poderia doer logo após romperem, mas que seria muito mais rápido que passar a vida toda se perguntando sobre o que fazer com Seiya. Usagi não queria dar ouvidos àquela voz. Não podia e não devia. O que Seiya lhe fizera de errado para uma razão tão egoísta de terminarem como achar que não gosta mais de alguém? Ao menos, ele merecia que ela tivesse certeza do que fazia.

  Por outro lado, Mamoru vinha usando o mesmo argumento a favor dele. Não, não o Mamoru exatamente. Era ela mesma que vinha aproveitando a mesma desculpa para explicar por que continuava com aquele caso. Não que ela conseguisse começar a explicar como esse mesmo caso podia existir. Sua cabeça mal conseguia juntar Mamoru e ela em uma mesma frase, muito menos no contexto de relacionamento amoroso. Não combinava, e sua mente acabava entrando em colapso.

  Assim, Usagi havia chegado a um consenso consigo própria: não pensaria mais nisso até novas informações. Ao menos, não se arrependia de não ter comprado todos os cinco mil ienes em doces ou quaisquer outras coisas. Ela, de fato, havia chamado um táxi logo que saiu do bar e entrou no apartamento destrancado, onde Mamoru se encontrava em sono profundo sobre sua cama.

*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*

  Na noite anterior Usagi havia entrado no apartamento um pouco hesitante. Tinha dúvidas até se Mamoru realmente o deixaria aberto para ela, por isso, quando a porta veio com seu puxão, ela estava crente que Mamoru já a estava esperando do outro para lhe pregar uma peça. No entanto, tudo estava escuro ainda, apenas um pouco de luz entrava pelas cortinas fechadas da sala. Um cheiro familiar lhe veio em seguida, assim que terminara de fechar a porta. Era o cheiro do Mamoru. Inconscientemente, inspirou-o. Logo sacudiu a cabeça e tirou o sapato para entrar. A essa altura, já sabia onde Mamoru deixava o chinelo para visitas para calçá-lo.

Após deixar sua bolsa no balcão, junto com a sacola com as compras para o café da manhã conforme instruída, ela caminhou até o quarto, onde esperava ver Mamoru acordado. Contudo, ele estava em sono profundo, já tendo jogado para o lado boa parte da coberta, se é que a usara durante a noite. Estava com uma regata preta e uma calça moletom cinza um pouco caída; pena que a blusa não cooperou e ficou no lugar, sem deixar à mostra seu estômago; havia apenas uma estreita faixa.

  Usagi não pôde conter o sorriso enquanto levantava um pouco a regata até revelar o umbigo. Mordeu os lábios, esperando se ele já acordara com o movimento. Logo, prosseguiu, mexendo na região com os dedos, até sentir alguma reação. Mamoru jogou o corpo para cima, como se repelisse o que fosse que ali estivesse, e sentou-se com os olhos bem abertos na direção de Usagi.

— Bom dia! — disse a ele, com largo sorriso.

— Sua cabeça de vento, e se eu achasse que era um ladrão e tentasse bater em você?

— Você seria um bruto. — Continuou sorrindo, agora sentada na beirada da cama, de lado para ele. Estava curtindo o friozinho na barriga que aquela proximidade lhe causava.

  As sobrancelhas de Mamoru se ergueram e ele olhou de volta. Havia algo de fofo naquela expressão ainda sonolenta. Por isso, ela não conteve o impulso de beijá-lo. Jogou todo o corpo contra o dele, ainda quentinho como que febril devido ao sono. Era bom. Após tanto tempo, era ótimo senti-lo contra si. Não era sua intenção inicial. Nem havia qualquer intenção. Estava só ali, seguindo seus desejos. E não pararia apenas nisso. Continuou a empurrá-lo, até sentir que sua cabeça procurava o encosto da cama, enquanto suas mãos já a envolvia, puxando-a sobre seu corpo.

  Pouco tempo depois estavam nus. E por muito tempo depois disto ainda ficaram abraçados, como se ainda não tivesse terminado. Suspirando, Usagi fazia movimentos quase circulares sobre o estômago de Mamoru, quando ouviu um barulho alto vindo do seu próprio.

— Não acredito que está pensando em comida numa hora destas, cabecinha de vento.

— Eu não estava pensando em nada. — Ergueu a cabeça para olhá-lo nos olhos.

  Mamoru lhe sorriu de volta.

— Sei.

— Eu juro!

— O pior é que soa verossímil.

  Com a mesma mão com que o acariciava, deu-lhe um tapa no abdômen.

— E para de implicar comigo. — Levantou-se, puxando a coberta para se cobrir.

— Pra onde está indo com a minha coberta?

— Banheiro. Vou me vestir longe de você.

  Após tomar uma ducha de água morna e pôr de volta sua roupa, ela caminhou para a cozinha, onde Mamoru, também já vestido, lhe fazia um ovo frito à moda japonesa.

— O arroz já está quente e eu já nos servi a sopa — disse ele, distraído enrolando o ovo.

  O estômago de Usagi ressoou ao sentir aquele cheiro.

— Acho que estou começando a associar sua casa a comida gostosa — falou enquanto se servia de arroz. — E o pão que eu trouxe? Minha parte não era trazer o café da manhã?

— Podemos comer depois na sala.

  Usagi então se lembrou do encontro que teria com Seiya às três da tarde. Sabia que não poderia cancelá-lo sem um bom motivo, mas num mundo ideal, ela o teria feito.

— Não posso ficar muito.

— Ao menos, tomemos o café. — Mamoru pôs os ovos na mesa e sentou-se com um copo de leite em mãos. — Na verdade, há um assunto sobre que eu gostaria de conversar contigo.

  Mamoru não explicitou o que seria, mas Usagi pôde adivinhar sem sequer ficar curiosa para saber se estaria certa. Não havia muitos assuntos entre eles, a menos que quisessem conversar sobre o que Motoki queria com a ex-noiva, ou se Mamoru tinha mesmo certeza de que vira Masato com uma garota de cabelos curtos. Mas sua entonação tinha sido formal demais para mera fofoca. E aquele não era seu estilo. Só ele ter mencionado sobre Masato havia sido apenas devido à surpresa de vê-lo com sua amiga Naru. Então esses assuntos apenas voltariam se Usagi ou algo externo o provocasse. E como ela ficou quieta durante a refeição, nada mais foi falado sobre o que realmente Mamoru queria.

  Após lavarem os pratos, ele fez um chá quente e levou as xícaras em uma bandeja para a mesinha no centro da sala. Era interessante ver como se movimentava; deixava nítido que não era seu costume levar comida para aquela parte da casa, apesar de ser tão perto da cozinha. Após ele pedir, Usagi caminhou até lá com a sacola que havia trazido da loja de conveniências próxima do bar e tomou um lugar no sofá de frente para a televisão.

  Mamoru sentou-se então a seu lado e lhe serviu a xícara com fumaça ainda saindo. O calor naquela preguiçosa manhã de primavera e o cheiro de rosas do apartamento exerciam um efeito magnético quase que imediato na moça.

— Espero que goste, é um chá alemão que encontrei noutro dia perto do meu trabalho. — Ele tomou um gole, apesar de estar quente demais até para o nariz de Usagi sentir o aroma de perto. — Eles só tinham uma caixa sobrando; espero que reponham o estoque logo.

  Usagi assentiu sem saber o que dizer. Não se lembrava de já haver comprado qualquer chá na vida além de garrafas de chá gelado.

— Desde que cheguei de Nagasaki, nada realmente tem dado muito certo. Até o chá de que gostei não parece ser muito fácil de ser encontrado. Por isso, esta semana tomei uma decisão.

— Procurar outro sabor de chá? — Era uma resposta boba, mas queria quebrar aquele tom.

  Mamoru sorriu brevemente, então balançou a cabeça.

— Eu liguei para meu antigo chefe em Nagasaki e estou tentando voltar para lá. Irei visitá-lo durante a golden week para conversarmos melhor.

— Nagasaki? E o casamento?

  Ele riu da mesma forma e continuou:

— Gostaria de pensar nele como a penúltima opção. A última seria largar tudo e conseguir vaga no Drunk Crown. — Agora ele gargalhou sozinho. — Vamos, seria péssimo eu ter que ficar bebendo sem vontade e engolir a cantada de todas aquelas senhoras que o Motoki atura.

— Não é tão ruim e as pessoas podem ser tão interessantes. — Usagi começou a imaginar como seria trabalhar ao lado de Mamoru. Não segurou o riso ao perceber como ele não se encaixaria. Tinha razão em reservar aquela como a última opção.

— Como vê, eu realmente preciso convencer meu antigo chefe.

— Mas e a Rei? Ela deve ter alguma expectativa também.

— De toda forma, o casamento não ocorreria agora, só depois que ela se formasse. E eu ainda não o aceitei.

— Acha que ela sabe?

— Também venho me perguntando isso... Talvez não saiba meu nome. Não pareceu naquele dia. Imagino que ao menos saiba dos planos de o pai casá-la.

— Eu conversei com uma amiga dela e soube que ela não se dá bem com o pai e que por isso mora com o avô materno.

— Bem, o senhor Hino morava lá em Nagasaki quando o conheci e raramente comentava sobre a filha; não me surpreende que sejam distantes. Mas o que eu queria conversar contigo era sobre o que me pediu na terça-feira.

  Usagi lembrou-se de seu pedido desesperado para que terminassem o que fosse que tivessem um com o outro. Engoliu em seco e acenou com a cabeça que ele prosseguisse.

— A menos que esteja certa sobre pararmos mesmo, eu gostaria de um tempo mais — disse Mamoru. Após uma pausa, ele ajeitou o corpo no sofá e continuou: — Até que tudo se acerte, vamos continuar como viemos fazendo.

— Quer dizer então um tempo juntos? — Usagi franziu a testa, olhando em sua direção sem esconder a surpresa. — Mamoru, eu realmente não entendo os problemas de seu trabalho, eu só fui conseguir meu primeiro meio-período agora com o Motoki. Então, não importa quanto tempo ei te dê, não vou poder te ajudar, nem te entender. Não sei como estar junto comigo pode ajudá-lo. — Baixou a cabeça, percebendo os centímetros de distância entre ambos enquanto sentados no sofá.

  Aquela distância não era grande. Era bastante curta se fossem considerar sua relação oficial. Se bem que desconsiderando todo o caso, Usagi sequer deveria saber onde Mamoru morava, provavelmente. Ainda assim, lá estava tomando chá com pão a seu lado. Após haverem feito sexo.

  Mamoru acabara de tomar mais um longo gole de seu chá e fez um som como “hmm” para o que acabara de ouvir.

— De fato, você não entenderia as peculiaridades de um emprego normal, mas ninguém espera que o faça. Enquanto está na faculdade, você tem é que aproveitar esse resto de irresponsabilidades, não é? Antes eu o tivesse feito, em vez de não me contentar com ofertas razoáveis de emprego. Aproveitado a vida. Por isso mesmo, eu já te disse para terminar com seu namorado. Não o digo por interesse próprio. Todo esse tempo que você passa em dúvida se o melhor é ficarem juntos ou não quando você já admite que nem consegue ir para a cama com ele é tempo perdido. Termine, sofra um pouco e se recupere. Sei que não é meu lugar falar de sua relação, e eu tinha me prometido não me intrometer na primeira vez que dormimos juntos, mas foi você mesma que me trouxe o assunto. Você já não está mal por tudo isto? Ao menos, se terminarem, poderá se divertir comigo sem pensar que tem que encontrá-lo daqui a não sei quantas horas. Termine com ele e continue comigo. Eu te distraio do coração partido até ele se remendar. Se não quiser, eu reconheço que não me diz respeito. Mas... continuemos ao menos até eu conseguir definir minha vida: se me casarei ou voltarei a Nagasaki.

  Usagi não conseguiu interromper quando tinha suas objeções e, agora que ele terminara para tomar mais chá, ela também não sabia o que dizer. Chegou a abrir a boca em uma tentativa de, pelo menos, preencher o silêncio, mas acabou por tomar ela mesma o chá de rosa. O que mais a incomodava não era a forma fria como Mamoru tratava sua relação com Seiya, mas a distância que ele demonstrava sentir com ela. Ressoava como, para ele, Usagi era nova demais, apenas uma criança a quem ele devia educar com a própria experiência.

  Não que ela sentisse raiva pela condescendência. Era pior: Usagi a aceitava, e essa sua passividade a incomodava profundamente. Não havia como argumentar contra isso: Mamoru estava em outro estágio da vida. Tinha o próprio apartamento, não parecia depender financeiramente dos pais, ou até contar com o apoio emocional deles. Era a verdade que sempre ficaria entre os dois. Não eram apenas os seis anos de diferença, a cabeça de Mamoru sempre havia sido à frente da própria idade. O mesmo valia em sentido oposto para Usagi, pois chegava a ter orgulho da própria infantilidade por vezes, tanto quanto ele esbanjava maturidade, como se estivesse com cinquenta anos e ainda não tivesse uma vida inteira pela frente.

  O caso dos dois era uma aberração no histórico de ambos, ocorrida por circunstâncias particulares que não voltariam a acontecer. Independente de tudo, Usagi gostava de estar com Mamoru. Ela até queria fazer sexo com ele. Mesmo naquele momento em que ela não se sentia bem consigo mesma, Usagi aceitaria caso Mamoru lhe pedisse.

  Ao mesmo tempo, não queria dizer nada com seu atual namorado. Ela só não conseguia conjugar Seiya naquele seu presente.

*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*

  Mamoru já estava com a luz apagada, tentando dormir naquele sábado chuvoso. Havia considerado ir até o bar de Motoki, mas depois da manhã tranquila que tivera com Usagi, uma que o fizera até mentir para seu chefe para justificar chegar ao trabalho apenas após o almoço, não queria arriscar perder o pouco de chão que conseguira pôr naquele relacionamento.

  Enquanto ele pensava em toda sua situação, a campainha tocou.

  Mamoru nem havia notado que seus olhos já estavam fechados até abri-los e olhar desfocado para seu celular na cabeceira. Onze da noite. Motoki estaria à toda no seu bar junto com Usagi. Já os pais de Mamoru nem moravam na cidade. Quem mais bateria à sua porta àquela hora? Levantou-se tonto de sono com o segundo toque e o som da maçaneta virando. Tinha certeza de haver trancado a porta daquela vez, apesar de haver se arrependido de não haver pedido para Usagi viesse mais uma vez.

  Caminhou até a entrada e do outro lado enxergou um vulto no escuro do corredor. A pessoa tinha estatura baixa e cabelos longos. Ainda que seus olhos não conseguissem identificá-la, ele sabia que se tratava justamente de Usagi. Escancarou a porta no mesmo momento em que o percebeu e a fez entrar.

  Usagi não apenas o obedeceu, mas pulou em seus braços. Estava gelada, encharcada.

— Você não disse que tinha guarda-chuva? — perguntou confuso, segurando-a nos braços. Que pergunta mais idiota, mas a mente de Mamoru não conseguia formular uma hipótese para como ela poderia estar tão molhada e trêmula.

— Mamoru... — Apertou-o ainda mais, como se seu corpo fosse uma tábua da salvação. — Eu terminei. Nós terminamos... — E, ao dizê-lo, começou a chorar copiosamente em seu peito.

  Talvez os dois soubessem que aquele momento era um daqueles em que a vida mudava, mas ainda não havia como saber para que direção. Ou aquele seria um encontro inevitável após tantos desencontros que vinham sofrendo sem nem se darem conta?

  Sem pensar nisso, sem calcular consequências, Mamoru a abraçou de volta com toda a força desta vez.

Continuará...

Anita, 29/03/2012

 

Próximo Capítulo

 

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