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[Rayearth] Do Seu Jeito - Capítulo 14, escrita por Anita

Capítulo Anterior - FIM!
Autor: Anita
Fandom: Guerreiras Mágicas de Rayearth
Gênero: Romance, Comédia, Aventura, Drama, em capítulos.
Classificação: 12 anos.
Resumo: As guerreiras retornam a Rayearth e fenômenos estranhos começam a surgir em seus caminhos. Uma esfera negra, sonhos com imagens inexplicáveis... Centrada em Lantis e Lucy, com grande participação das outras e seus romances nem sempre felizes.


Notas Iniciais:
Pela última vez nesta fic, Rayearth não é criação minha e sim da Clamp e de quem mais for. Não ganho dinheiro com isto. Nenhum dinheiro... Sim, acabou! Depois de tantos literais anos, aqui está a conclusão da história! Obrigada a todos que não me abandonaram. T_T


Olho Azul Apresenta:
Do Seu Jeito


Capítulo 14 – Do Seu Jeito e À Sua Vontade

  Era estranho como uma semana havia se passado e o palácio permanecia em um silêncio incômodo, como se um decreto houvesse sido estabelecido. A verdade era que mesmo os soldados já pareciam informados da última: a ex-comandante da guarda havia tentado destruir o planeta. Ou algo assim, diziam eles. Poucos realmente ainda conheciam Liana, de forma que os fofoqueiros só estavam interessados em se divertir às suas custas.

  Bem feito, pensava Priscilla após ouvir mais um cochicho sobre o tema. Que aquilo servisse de punição, já que a aplicada à espadachim estava bem aquém do perigo em que ela havia causado a todos.

  Ela soltou Mokona e se despediu dele. Havia se apegado à criatura novamente naquela semana que passara cuidando de Lucy, mas era já hora de retornar à sua casa e à sua vida.

- Puuu! — exclamou o animal, animado como sempre.

  Priscilla lhe devolveu um sorriso, e ele pareceu satisfeito, pois saiu saltitando corredor abaixo.

- Pu-pu pu puuuuu! — ela ainda o ouviu gritar de cada vez mais longe.

  Devia estar indo para Lucy agora, de quem ele não vinha se separando desde que ela havia sido levada desfalecida para seu quarto.

  Priscilla se recordou de como Lantis a encontrara caída no chão, abraçada ao próprio corpo. Seu rosto parecia tão pálido que era difícil não se preocupar. Estava viva, era verdade. Mas durante os dias que se seguiram não conseguia ficar tempo algum acordada. Seu corpo, sua mente, sua alma pareciam em exaustão completa.

- Não ia se despedir de mim?

  A ferreira voltou-se para encontrar Guru Clef. Não tentou esconder a irritação que sentia ao vê-lo. Tantas vezes ela o havia alertado sobre Liana, e ele sequer estava realmente cego pela mulher. No final, Clef a estivera acobertando desde o momento de sua chegada.

- Clef... — ela o chamou, mas mordeu os lábios antes de dizer mais.

  Torcia para não ter sido ouvida, mas o silêncio infernal da última semana a atrapalhava novamente.

- Diga — respondeu o homem, aproximando-se ainda mais.

  Priscilla inspirou fundo e deixou sair uma das perguntas que a vinha atormentando:

- O que sente por Liana?
- Ela é uma pessoa muito importante para mim. Minha melhor amiga e mãe dos meus discípulos. Mãe do único discípulo que ainda tenho.
- Não sei se consigo compreender um relacionamento assim.
- Está brava porque decidi não aplicar uma punição pesada?

  Ela pôde ver a surpresa do outro quando balançou a cabeça em resposta.

- Eu fiquei feliz com isso, na verdade — confessou Priscilla. Então, olhou com firmeza para Clef e declarou: - Nós nos vemos no próximo final de semana.

  Assentindo, Clef a observou ir.

  Não entendia muito bem por que Priscilla se importava tanto com aquele assunto, mas ela sempre lhe parecera ser mesmo uma pessoa mais sensível do que demonstrava. Provavelmente, até mais que a sua falecida irmã. E novamente, ele concluía que o melhor era não tentar entender. Fosse sua ajuda necessária, ou se tratasse de um assunto pertinente a ele, sua sala estaria sempre aberta para ouvi-la.

  Até lá, Clef sentia que o mais correto era não esperar que Priscilla gostasse de Liana, ainda que agora sua amiga nada mais tivesse a esconder.

  Prestes a se dirigir à sua sala, ele notou Marine parada próxima a uma das portas. Era o quarto de Anne, percebeu ele.

- Sinto muito — disse a guerreira mágica, os olhos colados ao chão. — Eu acabei ouvindo vocês dois.
- Não há problema, Marine. Foi minha culpa por querer conversar no meio do caminho. — Clef tentava passar reconforto na expressão que fazia.
 - É que eu tava na Anne e aí o Ferio apareceu e aí... — gaguejou a menina.

  Segurando o riso, ele repetiu:

- Não problema. Na verdade, eu estava querendo ter uma conversa com você, Marine.

  Ela lhe respondeu com uma perplexidade estampada no rosto.

  A fim de evitar o mesmo equívoco, Clef a guiou até sua sala e produziu uma cadeira luminosa para cada um dos dois se sentar. Não pretendia ter uma conversa longa, mas o desconforto da outra com a situação tornava urgente demonstrar que não havia o que temer.

  Ao menos não para Marine.

  Com esse pensamento, ele suspirou e ergueu os olhos para olhá-la.

- Tenho que pedir desculpas pela forma que agi nos últimos tempos. Eu não queria que vocês fossem embora porque não as queria aqui.

  Marine não parecia mesmo haver esperado aquele tópico, de forma que agora apenas o olhava com os lábios levemente entreabertos. Devia estar sem saber o que dizer em resposta. Dessa forma, Clef achou por bem prosseguir, dizer logo o que lhe vinha incomodando na semana que havia passado.

- Aquele feitiço... Eu não o compreendo nem mesmo agora que estudei todas as anotações de Liana. Mas sei que é perigoso, pois mexe com o equilíbrio do planeta. Não foi à toa que ela precisou trazê-las de volta, Liana precisava da presença do pilar bem aqui em Zefir. Mesmo sem entendê-lo antes, eu podia ver as energias se movendo contra vocês e não podia ter certeza de que apenas Lucy seria o alvo.

  Marine o interrompeu:

- Eu já entendi — disse ela apressada.
- Por favor, deixe eu terminar... — Clef tentou manter seus olhos fixos nos dela até que Marine assentisse. Então, ele voltou a falar: - Gosto muito de tê-las por aqui. Acredite nisso. Mas nada disso quer dizer que aprovo esses relacionamentos de Lucy e Anne, não importa a solução maluca que os meninos tenham inventado.

  Marine riu desta vez, enquanto cobria parte da boca com o punho.

- Sobre isso, concordamos. Não tô nada feliz em tá sobrando aqui. — Ela ficou séria de repente e curvou o corpo para frente a fim de deixar seus olhos ainda mais próximos. — Clef, será que você não tá a fim de arrumar um zefiriano pra mim? Pode ser de algum planeta aqui perto também!

  Estudando-a por um momento, Clef permaneceu em silêncio. Tnetava escolher a melhor resposta para a situação, mas não conseguia se decidir. Por duas vezes tomara o impulso, mas acabara por disfarçá-lo limpando a garganta.

  Marine acabou por acrescentar com urgência:

- Calma, Clef. Foi só uma brincadeirinha! — Então, mexeu nos cabelos de forma que eles balançassem e brilhassem contra a luz. — Até que me viro bem nesses assuntos. — E piscou o olho.

  Não obstante a insegurança que a jovem demonstrava, Clef ainda não conseguia escolher o que falar.

- Melhor adiarmos esse assunto para quando a poção estiver mais estável — acabou por sugerir.

  Em resposta, Marine sorriu vagamente.

- Se for a pessoa que amo, não me importo de ficar presa pra sempre nem no cotoco de planeta que Tizeta parece ser. Nunca ficaria chato.

  E mais uma vez Clef limpou a garganta, espantando a moça perdida em pensamentos. Em seguida, ele se levantou e caminhou até a janela para observar o dia claro que fazia do lado de fora.

- Tenho certeza de que ele se importaria de ficar preso aqui sem sua companhia.
- Não acho que ele pense em mim desse jeito. — As palavras de Marine foram tão baixas que Clef desconfiava que não haviam sido dirigidas a ele e sim à própria guerreira mágica.

  Fosse como fosse, ele já havia dito o necessário e devia se dar por satisfeito. Não havia mais aonde ir com aquela conversa. Ainda assim, a jovem permaneceu sentada sobre a cadeira luminosa, com os olhos para o chão. E ele permaneceu próximo à janela, observando aquela paisagem.

*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*

- Fazendo uma cara assim fico achando que preferia a Marine no meu lugar — reclamou Ferio.

  Era mesmo, Anne havia se perdido em preocupações com a amiga e suposições sem fim. Deveria estar um pouco mais feliz em ver Ferio, estar sentada ali em seus braços. Forçou um sorriso e aceitou um beijo.

- O que houve, minha princesa? — perguntou ele, com a mão nas dela. — O que roubou o sorriso mais lindo?
- Não é hora de galanteios, Ferio — brigou ela, desistindo de fingir que estava tudo bem.
- Ué? — O namorado curvou a cabeça e coçou o rosto. — Foi por que eu sumi hoje? Não te disse ontem que tinha um negócio importante hoje de manhã? Que talvez demorasse um pouco?

  Ela balançou a cabeça em resposta, mas acabou sorrindo. Sinceramente, dessa vez.

- Não é sua culpa — explicou. — Eu só estou pensando em como faremos sobre a poção.
- Aquela do sábio?

  Anne assentiu.

  A mesma poção já as havia trazido de volta com algum sucesso. Combinada com a planta que Liana conhecia, havia sido capaz de até cortar não apenas os efeitos colaterais que as havia deixado desfalecidas por dias, como ainda havia cortado parte da porção que impedia os gênios de se comunicarem com elas sobre o feitiço de Liana.

  Agora, o sábio havia sido convocado a melhorá-la a fim de que as guerreiras soubessem que poderia retornar a Zefir. Parecia que ela tornaria possível até que retornassem à Terra quando desejassem. E essa era a grande promessa para evitar as preocupações de Rafaga quanto aos relacionamentos amorosos formados com as guerreiras mágicas

  Mordendo o lábio inferior, Anne apertou a mão de Ferio.

- Que carinha é essa? — Ele a olhou diretamente e passou a acariciar sua bochecha. — Aquele velhinho parece ser dos bons. Com toda a ajuda que tá ganhando, só pode dar em sucesso!

  Não era essa a questão.

- Estava me perguntando sobre a Marine. Não é como se ela tivesse algo que a prenda a Zefir. Acha certo envolvê-la nisso tudo?

  Em momento algum, o sábio havia comentado sobre aquela ser uma escolha das guerreiras mágicas. A poção funcionava quando alguém com o poder de pensamento forte — como Clef — ingerisse a poção. Isso bastava para transportá-las a Zefir e anularia temporariamente a resposta do planeta a elas. Ou seja, elas não seriam enviadas de volta quando chegassem e Zefir notasse que não havia problemas que justificasse a presença de intrusas de outro mundo. Por sorte, a planta que Liana havia indicado a Marine para ministrar em Anne anulava este efeito, mas não causava o retorno antecipado à Terra. A poção estava praticamente pronta, apenas se queria garantir sua segurança. Não se focava na força de vontade das próprias.

  Anne achou que talvez Ferio não houvesse entendido sua preocupação, mas quando voltou a olhá-lo, ele tinha o rosto peculiarmente sério.

- E o que você tinha pra me dizer?

  Ferio lhe retornou uma expressão vaga.

- Quando você chegou aqui e expulsou a Marine.
- Eu não a expulsei! — disse ele em sua defesa. — Marine saiu porque quis.
- Ah é? Então, aquele olhar acusador pra ela foi só impressão minha?
- Sim!
- E quando você deu as costas pra ela?
- Impressão!
- E essa cara de ansiedade?
- Não tô!

  Anne tentou não sorrir. Em pensar que minutos atrás forçava o oposto...

- Bem, acho que me enganei. É melhor ir buscar Marine. — Ela se levantou de onde se sentavam e fez menção de caminhar até a porta.

  Entretanto, Ferio a puxou de volta para seus braços e a fez afundar ali enquanto a beijava.

- Na verdade, eu tinha sim. — Ele sorriu sem afastar muito seus lábios.

  Estava quente. O calor dele com o dela parecia criar um ambiente novo para além daquela sala. Agora era Anne quem não lembrava mais o que estava fazendo.

- Ei — A voz de Ferio a chamou. — Perdida nos meus olhos? — Ele riu divertido, mas se afastou mesmo assim. Então, limpou a garganta, e se sentou de frente para ela.

  Sentindo-se envergonhada — ainda tivesse todo o direito de admirar o namorado —, Anne cruzou os braços e virou o rosto. Sua reação causou um riso afetado de Ferio.

- Se vai continuar assim, eu vou mesmo embora — Anne disse francamente irritada.
- Certo, certo. Bem, tem a ver com o que eu tava fazendo hoje a manhã toda. Você se lembra de semana passada?

  Na verdade, não. A última semana parecia um borrão de tanto que havia acontecido entre o feitiço de Liana, o retorno do pai de Lantis e o estado em que Lucy havia ficado. Anne havia ficado o tempo todo com ela, esperando até que acordasse.

  Ferio passou a mão em sua cabeça.

- Eu fui falar com o Guru, junto com o Lantis — lembrou-lhe ele.
- Ah... Mas o que tem isso?

  Havia sido uma conversa importante para ela; uma espécie de trégua sobre a proibição dos relacionamentos. Logo depois disso, o sábio fora chamado a aperfeiçoar a poção.

- Foi lá que inventamos um trequinho — Ferio disse com um pouco de orgulho no tom. — O Guru não gostou muito, ficou todo enrugado, de boca torta. — Ferio gargalhou um pouco, mas prosseguiu: - Mas o moral dele anda baixo, né? Aí que deu tudo certo.
- Mas eu já sei da poção.
- Da poção, sim. O resto que era segredo. — Ferio mostrava agora todos os dentes vitorioso.

  Algo além da poção? Anne não sabia o que pensar, de modo que apenas aguardou os detalhes.

- A gente vai se registrar no palácio! — anunciou ele, pegando sua mão de volta e ameaçando puxá-la.
- Espera! — Anne puxou todo o braço para si e assumiu uma postura defensiva. — Registrar? Como assim? Quer dizer nos casarmos?

  Toda a afetação de Ferio desapareceu deixando o espanto no lugar.

- Mas o Lantis prometeu que não estragaria minha surpresa! Tá, ele não disse com essas palavras. Nem disse muito, sabe como ele é. Na verdade, eu falei pra ele não estragar a minha surpresa pra você e ele concordou. Acho. Ele foi embora sem dizer nada, sabe, do jeito dele. Mas... — Ferio olhava para a parede com a expressão perdida. — Justo ele te contou?
- Lantis não me contou nada. — Anne continuava a estudá-lo, tentando acreditar no que estava ouvindo. — Está mesmo me pedindo em casamento? Dessa forma?
- Claro que ele contou, não o proteja! Como mais você saberia o nome que demos? Só tinha o Lantis, eu e... o Guru! Não acredito! Além de ajudar aquela mulher, agora fica contando nossos segredos?

  Anne balançou a cabeça.

- Clef não me contou nada, Ferio.
- E como você sabe? Quem falou? A Lucy?
- Eu não sabia de nada.
- Impossível! Pra você saber até o nome!

  Uma ideia ajudou Anne a pôr ordem no enrolo de sua cabeça.

- Espera, Ferio — ela interrompeu o namorado, pegando seu pulso e o apertando delicadamente. — Você tá dizendo que vocês realmente criaram esse registro e deram o nome a ele? Que não havia casamento aqui?

  Ele assentiu repetidamente, ainda deixando clara sua própria confusão. Mas Anne decidiu tirar sua dúvida antes:

- E como vocês se casavam? Antes do registro novo?
- Não tinha isso, é um treco que a gente bolou pra deixar o Clef feliz.

  Ela achou por bem fingir acreditar nisso. Era coincidência demais eles inventarem o casamento tal qual era feito em seu mundo, com o mesmo nome.

- Vamos logo, Anne! — Ferio a puxava novamente. — Vamos já ser os segundos, temos que correr.
- Mas e Caldina e Rafaga? Eles são o quê?
- Bem, agora são isso aí, casados. Aquele trapaceiro do Rafaga furou fila e já se registrou. — Ferio cruzou os braços e bufou. — Acordei cedinho pra me registrar assim que inaugurou, mas por alguma razão idiota que eu não entendi você tinha que tá junto. Poxa, se eu tô dizendo que tô casado contigo, é claro que você tá casada comigo!

  Anne balançou a cabeça e disse com calma:

- Eu também tenho que aceitar me casar com você.

  Diferente do que ela esperava — talvez mais confusão, talvez uma risada, talvez ser ignorada por completo —, ele lhe tornou um olhar úmido, ferido. Sentindo-se culpada, Anne achou melhor acrescentar rapidamente:

- Não vai me propor, Ferio? — E riu para quebrar a tensão que inadvertidamente havia causado.

  Aquilo pareceu funcionar, na medida em que Ferio mostrou-lhe todos os dentes em um sorriso aberto e agarrou seu braço, realmente a puxando daquela vez até que ambos estivessem de pé, quase na frente da saída.

- Então, vamos correr logo, minha princesa! Antes que passem a nossa frente de novo! — E a soltou apenas para ficar de joelhos e lhe estender a mão num galanteio.

  Anne estalou a língua e cruzou os braços. Estava novamente contendo o riso.

- Eu ainda não aceitei.
- Mas... — ele tentou argumentar.

  Foi quando ela lhe exibiu um sorriso e depositou sua mão na dele.

*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*

  Quando Lantis entrou em seu quarto, Lucy instintivamente puxou a coberta sobre si, arrependendo-se logo em seguida. Apenas não sabia como lidar com ele agora que estavam a sós.

- Onde está Priscilla? — perguntou-lhe ele, fazendo-se uma cadeira mágica no seu lado usual.
- Ela pareceu convencida de que a pílula do sábio funciona e voltou pra casa.

  Ela nem sequer se lembrava de haver recebido do sábio o envelope com três pílulas no dia em que o conhecera. “Se algum dia se machucar e estiver doendo muito, tome cada uma num espaço de uma hora; a dor sumirá. Não irá realmente curar suas feridas, mas poderá curar qualquer problema como febre, cansaço, envenenamento, queimadura... Sem efeitos colaterais”, ele havia lhe dito então.

  Havia sido Lantis que se recordara do fato, ao vê-la tão fraca assim que acordara dias após o dia do feitiço. Anne não podia curar exaustão, apenas o ferimentos, mas a pílula funcionara como prometido. Lucy nunca se sentira melhor. Priscilla, por outro lado, ainda suspeitava de qualquer coisa vinda de Liana e optara por permanecer no palácio mais tempo.

- Ainda está deitada? — Lantis franzia a testa e a estudava atentamente.

  Ela sorriu e se sentou na cama para vê-lo mais de perto.

- Eu só estava com um pouco de preguiça hoje. Tenho que fazer a mudança ainda, né? — E piscou o olho para ele.

  Nos raros momentos que ficaram a sós nos últimos dias, Lantis a havia chamado para ficar no quarto dele. Não precisava se desfazer daquele, mas também não havia qualquer necessidade de passarem as noites separados. Lucy negara automaticamente o convite, ao que ele lhe acrescentara que podiam esperar até todos estarem seguros de sua recuperação.

  Era verdade, desde que nem Priscilla nem ninguém estivesse de enfermeiro seu, não seria notada saindo do quarto quando já costumava acordar tão cedo. Contudo, o problema não era apenas isso. Aquela mudança significava morar com Lantis.

- Estive pensando sobre o que conversamos durante a viagem.

  Aquele assunto repentino pegou Lucy de surpresa, ainda que estivesse tão bem conectado com o que se passava em sua mente no momento.

- Algum problema? — perguntou com cautela.

  Calmamente, Lantis depositou um papel em suas mãos, o qual Lucy pôde apenas olhar sem entender. Mas ela não precisou dizer nada, a mãos dele pousou sobre sua cabeça e no instante seguinte era tal qual o papel estivesse escrito em japonês desde o início.

- Casamento... — ela leu em voz alta. Algum tempo ainda foi necessário para compreender as palavras tão inusitadas lhe soavam. — Um contrato de casamento?
- É um registro. Enquanto você esteve desacordada, pensei muito sobre esse casamento e notei que não havia problemas em implantá-lo aqui em Zefir. Assim, você terá um documento para levar a seu mundo. Sei que não deve ter validade por lá, mas é o que posso fazer.  
- Oh e é só eu assinar? Não tenho meu carimbo aqui.

  Lantis a olhou confuso, mas respondeu:

- Ainda não.

  Era a vez de ela não compreender bem, examinando todas as palavras para entender por que não podia já assinar.

- Não quer mais se casar agora? — ela perguntou temerosa de o que poderia ser a resposta
- Acho que é você quem não deve querer se casar de verdade comigo, Lucy.
- E-eu? — Se rosto ficou vermelho, mas não era vergonha ou raiva. Era frustração.

  De fato, era por aquele caminho que seus pensamentos vinham seguindo. Entretanto, quando o próprio Lantis colocava nessas palavras, queria negar tudo. Sua garganta parecia seca, enquanto nenhuma boa explicação não surgia para sua hesitação dos últimos dias.

- Primeiro você não me falou direito sobre documentos, ou sugeriu que o fizéssemos. — Lantis pegou o papel de seu colo e apontou para as linhas no final. — E agora quer invalidá-lo assinando sem nenhuma testemunha? — Ele sorriu, mas logo seu rosto voltou a assumir um tom de preocupação. — É só uma brincadeira, Lucy. E-eu só queria descontraí-la um pouco. — E se quedou em silêncio, como que sem entender aquela reação.

  Acordando de seus pensamentos, Lucy balançou a cabeça repetidas vezes.

- É que deve ser a primeira vez que te vejo brincar assim!

  Apesar do esclarecimento, Lantis parecia tão confuso quanto antes.

  Lucy lhe sorriu de volta e o abraçou.

- E eu nunca não iria querer casar com você. — Então, juntou seus lábios com os dele por um instante e disse: - Mas tenho uma condição.

  Ele ergueu as sobrancelhas.

- Nossas testemunhas têm que ser seus pais.
- Meus pais?

  Lantis mal havia mencionado Liana ou Zubo desde que ela havia acordado. As notícias haviam chegado a Lucy através de outros. O castigo, como era de se esperar, fora aplicado apenas a Liana e ao sábio. Enquanto este compensaria os danos auxiliando com a poção das guerreiras mágicas, ela deveria cooperar com o palácio. Infelizmente, Liana decidira que isso seria feito auxiliando vilas distantes, como as de que ouvia falar nos relatórios com que o filho trabalhava.

  A mãe dele estava partindo novamente em pouco tempo — apenas o bastante para montar um bom roteiro inicial — e não se sabia por quanto ficaria fora.

- Vocês não se falaram ainda? — perguntou Lucy.

  Lantis balançou a cabeça.

- Não muito. — Ele suspirou, pondo a mão sobre a dela. — Eu a compreendo melhor agora, Lucy. E acho que a perdoo. É sobre isso que está preocupada?
- Não quero me intrometer em um assunto assim. — Lucy apertou um lábio contra o outro. — Mas eu também quero me dar bem com a sua família.
- Eu não disse que recusava. — Agora ele movia a mão para seu rosto e a acariciava. — Só me surpreendo que queira isso.
- Então... vamos lá assinar? — Lucy se levantou da cama e pegou o papel de volta.
- Vai de camisola para lá?

  Ela correu de volta para baixo da coberta, o rosto em chamas. E teria ficado lá até voltar para seu mundo se não tivesse ouvido aquele som que a fizera se esquecer até de por que eles precisavam sair daquele quarto. Era a risada de Lantis.

*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*

  Marine sempre havia desconfiado de Liana, por mais que também houvesse aprendido a apreciá-la. Mesmo depois do que acontecera a Lucy, ainda lhe partia o coração ver Liana se despedir do companheiro. 

  Não havia muito que fazer: uma queria sair para visitar vilas distantes, ajudar a todos os que mandavam um apelo ao palácio sem conseguir justificar o envio de uma tropa inteira. Outro preferia continuar a aperfeiçoar a poção e aprender um pouco dessa arte com o sábio, já que este também estava cumprindo penitência por ser acessório no feitiço contra o equilíbrio natural de Zefir.

- Não seria melhor ficar um pouco mais aqui? — Marine acabou por perguntar a Liana, assim que a viu soltar o companheiro do abraço.

  Eles nem sequer haviam aderido à nova moda do palácio: registrar um casamento. Não que Liana precisasse provar ainda mais seus sentimentos, mas ela não deveria temer agora que Zubo tinha provas de sua insanidade?

  Contudo, Liana franziu a testa e entortou a cabeça. Enfim, apontou para o lado de fora do palácio, onde se podia ver a floresta que rodeava a construção bem como algumas montanhas flutuando no céu. Sorria ao responder:

- É lá que eu devo estar!

  Marine estava pronta a perguntar para que havia criado tanto problema se ia deixar o companheiro para trás — sem nem mesmo se casar com ele. Contudo, Clef disse-lhe em tom bem baixo:

- É o jeito dela. — Havia uma ponta de resignação. — Mas Zubo não é nada diferente nesse ponto, foi ele quem mudou o plano original e preferiu ficar.
- Tem razão. — Marine suspirou, desistindo de compreender o casal.

  Liana, entretanto, pareceu haver ouvido a troca e acrescentou:

- Quando a saudade apertar, estaremos a uma cavalgada de distância no corcel mágico. — Então, piscou para Zubo.
- Não se preocupem, meninos! — Caldina deu um tapa nas costas de Marine e de Clef ao mesmo tempo. — Vocês logo também ficarão a um gole de distância!

  Marine virou-se zangada e esbravejou:

- O que quer dizer com isso!
- Ora. — Caldina pôs a ponta do indicador nos lábios. — Sempre que eu insinuava de você e o Askot, você nem matava. — Então, sorriu maliciosa. — Mas agora com o Clef! Pobre Askot... Ainda bem que ele está lá todo ocupado com o sábio e não veio.
- Não entendi o que o Askot tem com isso, mas retire as suas insinuações neste momento! — ordenou Marine, sacudindo os dedos na frente de Caldina.

  Mas tudo o que obteve dessa explosão foi um riso ainda mais afetado. Inconscientemente, seu olhar conferiu o que Clef estaria achando daquilo, mas notou com resignação que ele ainda conversava com Zubo e a companheira.

- Ah! — Liana virou o rosto para o corredor que levava ao interior do palácio. — Tava me perguntando se tinha desistido, docinho!

  Docinho? Marine ergueu as sobrancelhas para encontrar uma jovem de olhos bem verdes e cabelos castanhos claros, que trazia uma bolsa até onde o grupo se encontrava. Familiar... Mas não conseguia definir de onde.

  Lucy pareceu reconhecê-la antes de qualquer outro e correu até a recém-chegada para ajudá-la com a bolsa.

- Mãe — Lantis chamou Liana. — O que a Mira faz aqui?

  Mas a própria moça respondeu no lugar:

- Decidi treinar pra ser a melhor espadachim de Zefir, senhor Lantis!
- Segunda melhor, que ela quer dizer — corrigiu Liana rapidamente.
- Não, não — retrucou Mira ainda mais rápido. — O senhor Lantis é espadachim mágico, ele não conta!

  Liana não teve como prosseguir com o argumento, pois sua voz foi abafada pelos risos dos presentes. Enfim, sacudiu os ombros e deu-se por vencida.

- Eu disse algo errado? — Mira perguntou para Lucy, quem também não parecia certa da razão para os risos.
- E como vocês se conheceram? — Lantis havia retomado o assunto.
- Lucy me comentou logo depois que vocês voltaram de visitá-la. Ela tava me perguntando o que eu achava da situação, tendo sido mãe. Foi quando decidi conversar com os pais, saber melhor.
- A dona Liana ofereceu ser minha mestra, no lugar de eu me tornar um soldado — complementou Mira.

  Liana assentiu.

- Mas é capaz de ela acabar virando um daqui a uns anos, afinal, não tem lugar melhor pra um espadachim — disse.
- Um dia, quero me tornar comandante da guarda igual ao senhor Lantis!

  Ao ouvir isso, Rafaga limpou a garganta. Todavia, nada pôde dizer, pois os risos também o abafaram. Marine não podia negar que sua vontade — e talvez de todos — era de apertar as bochechas de Mira.

- Bem, é melhor irmos agora. — Liana apontava novamente para o horizonte enquanto se dirigia à nova discípula. Em seguida, tornou-se para onde Lantis e Lucy se encontravam. — Agradeço por terem me deixado ser testemunha... daquilo. Como era o nome mesmo?
- Casamento? — Lucy perguntou insegura sobre a que a sogra se referia.
- Isso! Bem, deve ser importante, né? Ser testemunha de um casamento. Só tem duas. E de todas as pessoas, eu ter sido escolhida... Eu me senti honrada. — Liana sorriu.
- Venha nos visitar quando puder — Lantis disse no mesmo tom de sempre. Marine não tinha certeza se ele só estava sem jeito e queria mudar o assunto, ou se estava mais interessado numa garantia de que a mãe não iria sumir novamente.
- Claro! Tenho que ver o Zubo também, né? E prometi aos pais da Mira trazê-la sempre que desse. — Ela virou os olhos. — Enfim, várias razões pra não te abandonar de novo.

  Não aparentando interesse na reação do filho ao último comentário, Liana se virou para onde Marine estava e esta também se esqueceu de buscar a reação. Liana não havia ido até ali apenas porque era onde Clef se encontrava. Ela estudava os dois ao mesmo tempo. Após o instante silencioso, Liana declarou:

- Até que aquela brincadeira da Caldina faz algum sentido.

  Marine quis replicar, sabendo bem demais o que se inferia disso, mas Liana fez uma expressão como que descartando o que havia dito.

- Mas deixemos na brincadeira. — Ela olhava diretamente para Clef agora. — Prefiro você desse seu jeito, lindinho. — E fingiu lhe apertar as bochechas, mas Marine pôde ver que, na verdade, ela acariciava o local. Com afeto.
- Não gaste energia querendo reafirmar seu monopólio, Liana. Também não sou um bicho em busca de recompensas. Não foi por isso que não te atribuí um castigo pior, mas porque eu poderia ter evitado tudo desde o início.

  Liana deu um passo para trás, mas suspirou com um sorriso no rosto.

- Eu tava mesmo preparada pra perder tudo, porque valia.

  Ouvindo aquilo, Marine se encolheu um pouco e tentou se afastar da conversa. Não lhe dizia respeito de qualquer forma. Contudo, Liana foi embora primeiro, voltando a abraçar o companheiro em despedida.

- Está tudo bem, Clef? — perguntou ela, notando que o mesmo observava a cena.
- Marine? — Ele aguardou até que sua atenção se voltasse inteiramente para aquela conversa. Em seguida, limpou a garganta e prosseguiu: - Estive pensando sobre o que conversamos antes. Sobre esperarmos a poção ficar pronta.

  Marine entortou a cabeça, pois não queria acreditar em que ele dizia. Por que falar disso? Por que naquela hora?

  A verdade era que Marine não havia tido a intenção de se declarar naquela vez. Apenas estava acostumada demais a dizer o que tinha em mente para dosar melhor as palavras. Sabia que havia exposto demais seus sentimentos ao conversar com ele.

  Só torcia para que Clef não o houvesse notado...

- Que tem isso? — ela perguntou por fim, mas usou um tom indiferente. Por vias dúvidas, também começou a se virar para outra direção. Despedir-se outra vez de Liana soava uma ideia até atraente no momento.

  Mas Clef a segurou pelo pulso. Segurar era um verbo forte demais para o roçar de pele que havia ocorrido, mas bastante fraco para o choque que Marine sentiu. Ela parou instantaneamente.

- Estive pensando melhor sobre isso — Clef prosseguia como se nada houvesse ocorrido. — E notei que estava impondo meu próprio ritmo.
- Quê? — Ela entortou a cabeça de novo, só que desta vez realmente era porque não o havia compreendido.
- Se você preferir assim, não esperemos mais. Eu também não quero mais esperar.

  E como que com o objetivo de eliminar todas as dúvidas de Marine, Clef segurou sua mão e a apertou suavemente.

- Não quer me contentar com apenas estar ao seu lado, vendo-a com suas amigas, nem mesmo treinando sob mim.

  Antes que as lágrimas que formavam em seus olhos — em razão da surpresa? Em razão da emoção? Nem ela sabia —, Marine assentiu com força e pulou nele para um abraço. Muitos deviam ter se surpreendido, já que ela nunca havia revelado seus sentimentos para ninguém. Nunca saberia qual foi a reação. Naquele momento, existiam somente os dois.

*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*

- Tem certeza de que podemos arriscar? — Lucy mordia o lábio, enquanto olhava desconfiada para o cálice na mão de Clef.

  Algumas semanas haviam se passado desde a despedida de Liana e Mira, assim como desde que Marine e Clef assumiram sua relação. Eles eram bem enfáticos em dizer que não havia nada antes daquele beijo que trocaram logo após um abraço intenso na frente de todos, mas Ferio dizia ter certeza de que já vinha ocorrendo alguma coisa. Não importava a verdade, desde que sua amiga continuasse feliz como aparentava.

  Não que ela realmente o parecesse no momento. Todos os interassados haviam se reunido e foi decidido que o melhor para as guerreiras mágicas era retornar a seu mundo assim que a poção estivesse pronta.

- Eu não me importo de ficar eternamente em Zefir... — Marine virou os olhos para cima. — Ou tá querendo se livrar de mim porque te atrapalho a se concentrar?

  Clef balançou a cabeça defensivo.

- Realmente acho que vocês precisam retomar suas vidas. Não sabemos o efeito sobre suas famílias para esta convocação.
- E é a chance perfeita para testarmos a poção, não é? — O sábio deu vários passos até se juntar ao grupo. — Para sabermos se também podemos mandá-las de volta assim como podemos trazê-las.
- Apenas não se esqueçam de estarem prontas na data marcada — advertiu Zubo.

  Havia ficado acordado que elas permaneceriam lá por três meses preparando suas desculpas para retornarem a Zefir, caso o tempo na Terra também houvesse corrido enquanto estiveram fora.

  Por mais que Lucy temesse que a fórmula para convocá-las não desse certo uma segunda vez, também não gostava de imaginar sua família sofrendo por seu desaparecimento. Precisava voltar por seus irmãos e por Hikari. Talvez contasse a eles sobre Lantis e aquele mundo mágico que era Zefir para ela. Para seus irmãos, Hikari já sabia de tudo.

- E, Lucy. — Lantis se aproximou dela. — Busque um dos formulários do seu mundo. Para realizarmos o casamento.

  Anne começou a responder no lugar:

- Vocês não têm um registro no governo, então não irá funcionar tentarmos...

  Mas Lucy a interrompeu rapidamente:

- Eu tentarei! Nem que tenhamos que criar um registro de família só para nós dois.
- Mas... — Anne ainda tentou argumentar, mas logo pareceu desistir e suspirou profundo. — Tem razão, não custa tentarmos.

  Lucy respondeu ainda mais animada:

- Isso! Vamos perguntar a todo mundo pra ver como nos casamos!
- É mesmo, pode ter alguma solução. — Anne condescendeu, olhando apologeticamente para Lantis e Ferio. — Pode ser que dê para registrarmos nossos casamentos.
- É assim que se fala, Anne! — Ferio não pareceu notar a nuance em seu tom e agora a abraçava com força.

  Enquanto Ferio fazia uma lista de ideias para realizar o pedido de Lantis e dele próprio, Lucy percebeu que Clef caminhou até onde Marine estava e disse:

- Eu a espero daqui a três meses.
- Pode deixar. — Marine exibiu o polegar. — Nem é como se eu tivesse escolha. O poder está em sua garganta! — E riu divertindo-se com a própria piada.

  Para a surpresa de todos, Clef se juntou a ela e riu por um longo período. Nitidamente, até mesmo ele estava nervoso com a possibilidade de o plano dar errado, de não haver como convocá-las pela quarta vez.

  Preocupada com aquele amargo constante que voltar para casa lhe trazia à boca, Lucy apenas voltou a olhar para Lantis quando este lhe segurou as duas mãos. Era como se dissesse que ele ainda estava ali com ela.

  Mas como seriam suas manhãs sem acordar a seu lado? Seus dias sem ouvir sua voz? Suas noites sem sentir seu toque? Ela havia se desesperado tanto antes de começar a vida com ele... Agora, tão pouco tempo depois já não fazia mais ideia de como era estar sem ele. No fundo, ela nem queria saber a resposta, apesar da aflição por sua família. Valia mesmo a pena arriscar? Quando se reuniram antes, parecia inequívoco que sim. Que seus familiares não mereciam ser ignorados. Agora, não conseguia parar de pensar justamente o oposto.

- Lantis... - Não sabia como expressar todos aqueles sentimentos, por isso apenas chamou-o.

  Mas ele pareceu havê-la compreendido, pois exibiu seu raro sorriso e respondeu:

-Lucy.

  Como mágica, aquela palavra única pareceu dissipar suas ansiedades. Tudo ficaria bem.

  Ou quase tudo. Até mesmo Lucy sabia que o desejo de Lantis não se realizaria por inteiro. Seu mundo funcionava muito diferente de Zefir. A lei não lhe permitiria se casar com uma pessoa que para eles nem sequer existia. Não importava o quanto se esperanças possuísse de conseguir um advogado ou juiz ou que fosse que tornasse aquele desejo de Lantis possível.

  Apesar da insegurança, sabiam que os veriam novamente aqueles zefirianos que tanto amavam. E iria ocorrer bem do jeito que desejavam. Afinal, diferente das regras firmadas em papel de seu mundo, Zefir era a terra da vontade. E não havia vontade maior que a de se reencontrarem.

  Encerradas todas as despedidas, as guerreiras mágicas fizeram sinal a Clef para que tomasse a poção do cálice que segurava. Estavam prontas.

FIM!

Anita, 28/01/2014

Notas da Autora:

Após um looooongo período de pausa, consegui retomar esta fic. Algumas coisas acabaram sendo mudadas, mas estou feliz por ter conseguido manter o mesmo curso do que já estava planejado. Era uma ideia tão antiga, de quatro anos atrás! Ainda assim, acho que não mudei tanto, rs.

Espero que tenham gostado do final. E sim, elas conseguem voltar três meses depois, caso estejam nervosos com não saber. Dá tudo certo! Bem, tirando o casamento :x Mas ninguém desistiu do casamento na Terra! Quem sabe um dia se tornem ativista pelo direito de se casar com extraterrestres? xD Podem ver por que decidi não me estender mostrando mais o futuro da fic, né? XDDD

Mas ufa! Adorei escrever esta fic, só que ela não era pra ter demorado tanto. Aí eu sempre me sentia culpada escrevendo qualquer outra coisa de Rayearth sem continuar esta aqui. Claro que quando parei no capítulo 8 não achava que iria até o 14 também, he he he.

Enfim, se quiserem mais fics minhas, por favor visitem o Olho Azul, que é meu site de fanfics HTTP://olhoazul.50webs.com (ou digitem olho azul fanfics ou algo que o valha em algum site de buscas para encontrar onde o site se encontra atualmente, já que tem sempre algum problema que me faz mudar de endereço, rs).

E comentários, comentários são muuuuito bem-vindos! Não deixem de comentar, porque não vai ter outra pessoa para fazê-lo em vez de você. Meu e-mail é Anita_fiction@yahoo.com

Por fim, queria anunciar que criei uma comunidade no livejournal, a OA Fanfics Community, onde hospedaremos alguns eventos para incentiver a escrita de fics. Estão todos convidados para vir ler e escrever e publicar. :D

Agradeço a paciência e espero vê-los no meu próximo projeto, foi ótimo estar com vocês! :D

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