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[Spiral] A Pior das Adversárias, escrita por Madam Spooky

Capítulo: único
Fandom: Spiral
Autora: Madam Spooky
Gênero: Humor
Classificação: Livre
Status: Completa
Resumo: Ayumu Narumi enfrenta seu maior desafio.


Shortfic escrito para o desafio dos 140 temas do fórum Mundo dos Fics, com o tema "Paranoia".




Ele sabia que ela estava lá.

Ayumu Narumi segurou o cabo da arma improvisada com mais força, pensando se deveria arriscar-se a abrir a janela ou ficar parado e esperar que sua perigosa adversária tomasse a iniciativa. De onde estava, podia senti-la pairando do outro lado da persiana fechada, observando a cozinha como se esperasse a oportunidade perfeita para invadi-la.

- Não dessa vez.

Em um ímpeto de coragem, o rapaz deu um salto de onde estava e avançou na direção da janela. Puxou a persiana o mínimo possível, apenas o bastante para ver o quintal da casa sem que a coisa que espreitava nos arredores tivesse a chance de entrar. Apurou os ouvidos. Nenhum barulho. Estreitou os olhos, mas tampouco conseguiu ver nada. Ergueu-se confuso, ainda segurando o utensílio que pegara no calor do momento, pensando para onde ela poderia ter ido.

O barulho de algo caindo na pia lhe chamou a atenção. Seria possível que ela estivesse escondida na cozinha enquanto ele se preocupava com o exterior da casa? Maldita encrenqueira... Passara a perna nele dando a volta pela porta da frente enquanto ele fazia papel de idiota vigiando o outro lado.

Deu meia dúzia de passos lentos e furtivos para o lado até estar atrás do balcão, bem no centro do compartimento. Ela tinha que estar escondida do lado oposto, não havia outro lugar. Ergueu-se lentamente, ergueu a mão mais lentamente ainda e lançou a frigideira que estivera segurando todo o tempo contra a pia cheia com a louça do café da manhã. Ouviu o estalo quando um copo se quebrou e qualquer outra coisa que poderia ter sido um prato rachando ao meio, mas mal se deu conta do fato. Tudo o que importava era que, aparentemente, ela não estava mais ali.

Ayumu levantou-se, sentindo uma mescla de receio e alívio. Começou a dar a volta até a pia, mas a sensação de algo passando por suas costas o fez virar-se tão rapidamente que perdeu o equilíbrio e, na tentativa de se segurar em algo, derrubou um dos bancos próximos ao balcão. Praguejou mentalmente e tentou se mover, mas as pernas não obedeceram. Ao invés de contornar o banco, tropeçou na mobília caída e acabou tendo que se segurar na porta da geladeira. Com o impulso repentino, o refrigerador abriu-se de chofre, chocando-se contra o armário e fazendo com que uma garrafa de leite mal colocada e meia dúzia de ovos deslizassem para o chão.

- Era tudo o que me faltava.

Resmungou, irritado, e sentiu o impulso de chutar a primeira coisa que encontrasse na frente, mas conteve-se a tempo. Já havia estrago bastante a sua volta para correr o risco de causar mais um. Levantou-se, pisando cuidadosamente, e atravessou a cozinha até o fogão. Olhou em volta. Silêncio. Respirou fundo, mas não completamente aliviado. As toalhas de papel estavam bem ao alcance da mão e ele estendeu o braço por uma delas. A meio caminho, porém, algo passou voando a seu lado e ele agarrou a primeira coisa ao alcance e atirou na direção em que pensou ter visto o vulto. Infelizmente, a primeira coisa tinha sido uma panela cheia de molho, e o caldo avermelhado voou junto com a tampa cobrindo não só metade da cozinha, como parte de sua roupa.

- Narumi-san, eu vim... Narumi-san!

Hiyono entrou correndo na cozinha e encarou Ayumu com olhos que passaram de chocados a divertidos em questão de segundos.

- Pelo visto você resolveu tentar os meus métodos culinários – ela riu, olhando do molho para os ovos e leite no chão, então para os pratos quebrados. – Devo dizer que se saiu muito bem.

- Ela continua aqui! – Ayumu disse com um franzir de cenho, como se a simples afirmação explicasse tudo.

Hiyono girou os olhos.

- Novamente com isso? Quantas vezes eu vou ter que dizer...

- Não importa o que você diga, eu simplesmente sei que ela está aqui. Eu posso sentir!

- Você está ficando paranóico – a garota balançou a cabeça negativamente. – É quase engraçado pensar que algo tão pequeno teve sucesso onde um exército de Blade Chindren falhou miseravelmente.

- As Blade Children pelo menos não tentavam me matar dentro de casa!

- Narumi-san... Ayumu! – Hiyono o segurou pelo braço e o fez virar-se para ela. – Pela última vez, abelhas não pensam, logo, elas não podem estar tentando matar você deliberadamente!

Ayumu empalideceu.

- O q-que q-quer dizer com “abelhas”? Por acaso há mais de uma agora?

A garota suspirou resignadamente e empurrou o rapaz na direção da porta.

- Vamos, você tem que se livrar de todo esse molho. Não vai conseguir cozinhar meu almoço no meio do caos.

Ayumu sequer prestou atenção, dirá responder. Deixou-se empurrar por Hiyono com os olhos fixos atrás. Abelha maldita... Ela podia enganar a garota maluca, mas não a ele. E quando ela menos esperasse – sorriu na direção das panelas enfileiradas no armário – ele a pegaria.

Isso ou não se chamava Ayumu Narumi.


FIM

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