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[Naruto] O Quarto 22, escrita por Andréia Kennen

Capítulos: único
Autor: Andréia Kennen
Fandom: Naruto
Gênero: Amizade, Drama, Lemon, Romance, Yaoi
Status: concluída
Classificação: 18 anos
Resumo: Sai é um adolescente que guarda um grande rancor do seu pai adotivo, por esse motivo, ele quer encontrar um meio de fazer o homem sofrer e é na internet que ele encontra a solução... [ Yaoi, ItaSai (Itachi seme e Sai Uke), +18, Drama, Angst, UA, OOC, Darklemon, tortura, violência, one-shot. Presente de Níver pra minha imoto Meg-chan!]

Notas iniciais do capítulo

Dedicada em especial à Blanxe-senpai, que suportou minhas crises durante o ano todo. Sei que sou cara de pau em te dedicar uma fic que você revisou, ajudou a montar a capa e tudo... mas é tão díficil fazer uma história pra você Blan, e como gostou tanto dessa, ela é sua, pode levar.

Presente também de ano novo pra todos meus leitores! Tem mais mensagem nas notas finais. [eu falo pra burro]
O Quarto 22

Revisado por Blanxe

Capítulo único

Suspirei fundo, criando coragem para atravessar a rua. Do outro lado: o Hospital de Konoha. Uma grande estrutura construída desde a fundação da vila para atender toda a população, mas, principalmente, os ninjas que chegam feridos das missões.

Nunca pensei que depois de anos precisaria retomar minha profissão. Se a Gondaime ainda estivesse na Vila — minha querida mestra que se aposentou há dois anos —, provavelmente eu não teria dificuldades ao pedir por um emprego...

O problema é que ninguém sabe onde ela está, mas, provavelmente, em algum lugar onde ela possa passar os últimos dias da sua vida bebendo e apostando.

Mas, enfim... Chegou a hora de encarar a realidade.

Ergui minha cabeça e cruzei a rua, rapidamente.

Talvez, a melhor maneira de se pedir algo é ostentando um ar de superioridade.

Após atravessar a porta principal, fui direto para o balcão de informações.

— Bom dia, gostaria de falar com o diretor.

— “Diretora”, a senhora quis dizer. — o rapaz me corrigiu, sem sequer me dirigir um olhar, mantendo seus olhos fixos no que estava escrevendo em um dos prontuários.

— Diretora? — eu quis ter certeza. Na realidade, eu sabia que a diretora antes era a Shizune-san, mas desde que ela pediu exoneração para acompanhar a Tsunade-sama, fiquei sabendo que o senhor Yamanaka havia assumido.

— Sim, a senhorita Yamanaka que esta dirigindo o hospital interinamente. Desde que retornou da última missão que lhe foi dada, o senhor Inoichi está impossibilitado de sair da cama e não se sabe ao certo se ele vai retornar.

Aquela notícia me deixou mesmo chocada. Como eu poderia imaginar que a minha rival de infância agora era a diretora do Hospital de Konoha?!

— Deseja falar com ela, senhora? — o rapaz finalmente parou de escrever e ergueu sua face para me encarar, franzindo as sobrancelhas como se tentasse me reconhecer de algum lugar.

Engoli em seco. Eu sei que iria me arrepender amargamente daquilo, mas...

— Sim, por favor.

— Como eu a anuncio?

— Ah, claro, sou... a senhora Uchiha.

— Uchiha? — ele me olhou espantado e esse tipo de reação era absolutamente normal por vários motivos. Muitos moradores de Konoha acreditavam ainda que o clã Uchiha fora extinto após a última guerra, e um dos fatores que ajudava a reforçar essa crença é o fato de que Sasuke, o meu marido, não trabalhava na Vila.

— Isso mesmo que ouviu: Uchiha. — reafirmei, torcendo para que ele não fizesse mais perguntas; estava ficando mais nervosa do que o necessário.

— Aguarde um minuto, por favor — ele me pediu e, para meu alívio, se levantou para adentrar uma porta atrás dele.

Infelizmente, para muitos, Uchiha Sasuke continuava sendo considerado um criminoso, por mais que ele tivesse sido absolvido dos seus crimes a pedido do melhor amigo e também, por ter lutado bravamente a favor da Vila na última guerra.

O jovem que me atendera não demorou muito para retornar e chegou dizendo que a “Yamanaka-sensei” iria me atender na sala dela no último andar e que eu podia subir. Agradeci. Suspirei fundo mais uma vez e segui adiante.

A cada passo que dava, era invadida por uma nova nostalgia de quando eu ainda era uma mera adolescente determinada a ser alguém útil no campo de batalha e não um mero fardo. Ser uma médica ninja era profissão honrosa, principalmente quando se tem como mestra uma mulher tão importante o quanto fora a Gondaime.

Lembrar dela faz um aperto comprimir meu peito. Eu sei o quanto a decepcionei quando resolvi largar a profissão para aceitar a proposta de Sasuke, mas...

Se eu tivesse como prever o futuro, eu jamais teria me deixado iludir.

Entrei na sala indicada — um lugar que eu já conhecia muito bem —, me acomodei no sofá de espera. Mas logo notei a diferença de quando era apenas a sala da Shizune-san: o local estava mais decorado, a mobília parecia nova em folha, havia quadros nas paredes, além dos vários arranjos de flores pelos cantos. Senti um frio na barriga ao imaginar que iria rever a Ino agora como diretora do hospital, desde a minha última gestação que não a via.

Na realidade, não precisava de médico para as crianças, eu sempre consegui tratá-los bem. No entanto, com gravidez não se brinca e, por isso, sempre fiz questão de fazer o pré-natal, até porque, minha especialidade não é obstetrícia. Da Ino também não. Mas sempre nos cruzávamos pelos corredores.

Da última vez que a vi, ela me disse que não tinha mais intenção de se casar. Mas fiquei sabendo que ela havia se tornado uma mulher ainda mais bonita e independente. E hoje, saber que ela era a diretora do hospital, uma função que provavelmente poderia ser minha, fez aquela dorzinha da inveja corroer meu interior. Porém, não sou mais aquela pré-adolescente cheia de disposição para disputas, assim, não vou demonstrar que estou com ciúmes, até porque, na nossa maior competição, eu ainda posso dizer — pelo menos para ela — que sou a vencedora.

— Sakura! — ouvi aquela exclamação ao mesmo tempo em que a porta se abriu e então surgiu aquela mulher alta, cabelos loiros, mais curtos do que tinham sido na adolescência e repicados, em um corte mais moderno. Ela estava vestida com o jaleco branco, tinha uma maquiagem leve no rosto, um ar jovial e a aparência de ter só vinte anos. — Meu Deus! Quanto tempo! — ela continuou exclamando, enquanto vinha na minha direção, até me receber com um abraço apertado. Isso era um bom sinal, mesmo assim, fiquei constrangida. — Quando me disseram eu não acreditei...

— Pois é... Tudo bem, Ino?

— Comigo? Melhor momento é impossível! E com você, minha amiga, como as coisas estão? — ela perguntou e nem esperou a minha resposta e já foi colocando a mão na minha barriga, fazendo aquela pergunta que definitivamente, me tirou totalmente o foco. — Está de quantos meses?

— Ino... — eu murmurei, inspirando e respirando, tirando a mão dela da minha barriga e falando entre dentes trincados para evitar uma explosão. — Está certo que estou um pouquinho fora de forma, mas isso não lhe dá o direito de me confundir com uma grávida!

— Oh! — ela se espantou, tampando a boca aberta com a mão em formato de concha. — Me desculpe... Não é só porque está fora de forma, mas a culpa é sua também, Sakura! Quem manda só aparecer aqui quando está esperando um novo Uchiha, hã?

— É, mais desta vez eu não estou.

— Sério mesmo?

Por que será que estou sentindo que ela está tirando uma com a minha cara?

— Sério. — fui seca.

— Estou curiosa, então! Diga-me: o que lhe traz aqui? Só não vou acreditar que tenha se deslocado do Distrito Uchiha só para parabenizar pela minha promoção?

“Se eu soubesse, nem teria vindo.”, pensei comigo mesma.

— Eu nem sabia que você havia se tornado a diretora. — fui sincera, abrindo um sorriso forçado para ela, afinal, estava ali para pedir um favor, precisava ser convincente. — Mas, aproveitando o ensejo, meus parabéns. — tentei forçar mais a simpatia. Não que ela merecesse o cargo, eu sei que Ino só estava ali por uma fatalidade do destino que tirou o pai dela da cadeira de diretor antes do tempo. Mas, eu precisava fingir para o meu próprio bem.

— Obrigada... Apesar de não ter sentindo muita sinceridade — ela notou e riu, me piscando um dos seus olhos azuis e encostando-se na mesa. Fingi que não entendi o que ela disse e deixei que prosseguisse: — Então, Sakura, no que posso te ajudar?

— Bem... Ino, é que... — eu comecei a gaguejar. Nunca pensei que seria tão difícil falar aquilo, mas suspirei profundamente e tentei dizer de uma vez: — Eu... vim pedir um emprego.

— Como?

Relaxei meus ombros.

— Não torna isso mais difícil do que já está sendo para mim, por favor? Pelos velhos tempos!

— Sakura, não é esse o problema. Estamos com o nosso quadro de funcionários preenchidos, precisamos de médicos sim, mas só para as missões.

— Eu posso sair em missão, sem problema! — afirmei eufórica, para receber um balde água fria em seguida.

— Tem noção do que está falando? — ela me perguntou como se eu fosse uma cozinheira pedindo para ser médica. — Você está fora de forma para acompanhar os ninjas — ela insistiu naquela maldita alegação que fez a vontade de esganá-la aumentar. — Além do que, você não exerce a função faz quanto tempo? Quatorze anos?

— Doze anos, dois meses, e treze dias... — a corrigi. — Mas eu posso voltar a treinar, Ino! Você sabe muito bem que não se esquece o que se aprende! É como andar de bicicleta, não? Eu só preciso voltar à atividade para pegar o ritmo.

— E o que o Sasuke-kun diz sobre isso?

Agora ela havia apertado exatamente onde meu calo estava doendo. Senti meus lábios tremerem, mas engoli aquela vontade idiota de chorar. Precisava me manter firme, ter casado com o Sasuke era a única vantagem que eu tinha sobre a Ino, por isso eu não podia deixar transparecer que até aquilo havia sido um fracasso, seria humilhante demais.

— Ele já sabe — tentei ser categórica.

— E concorda?

— Por que você acha que eu preciso da autorização dele?

— Se eu bem me lembro, Sakura, o Sasuke é o único herdeiro do clã Uchiha; ele tem todas as construções e riquezas deixadas pela família dele. Além de ser o homem mais orgulhoso que já vi na face da Terra. Então, por que ele deixaria a esposa trabalhar sem necessidade?

Eu me encolhi. Ino realmente não imaginava as condições em que eu me encontrava. Sasuke sempre aparentou ser um bom partido, mas a realidade é que ele teve muitos gastos no tempo que andou de um lado para outro atrás da sua vingança. Fora que, parte das terras da família dele, foi confiscada para pagamento de impostos atrasados. Na realidade, a grande herança se resumira no final à antiga residência dos pais dele no Distrito Uchiha e muito pouco dinheiro. E para completar, o orgulhoso Uchiha não aceitou prestar serviços na Vila devido ao ódio que ainda sentia do lugar e trabalhava viajando para fora, o que também acarretara em gastos e, no fim, o que ele trazia para dentro da casa era o básico para sobrevivência.

No entanto, nossos filhos estavam crescendo rápido, se tornando pré-adolescentes e a cada dia ficavam mais exigentes. O material ninja na academia estava cada vez mais caro, roupas, livros, acessórios, tudo custando muito dinheiro...

— Sakura? — Ino me chamou, tentando me despertar.

— Ah, desculpe, Ino. Eu fiquei pensativa por um momento.

— Tem algo de errado, eu estou sentindo. — ela alegou, cruzando os braços sobre o peito, fazendo agora os volumosos seios ficarem mais altos. — Me responde sinceramente: você e o Sasuke-kun estão se separando?

— Não! — exclamei rapidamente. — Claro que não! — pelo menos aquilo eu ainda poderia afirmar.

— Então o que é?

— Eu só quero me sentir mais útil, Ino...

— E cuidar de cinco filhos não é ser útil?!

— São quatro...

— Ué, errei por um. Afinal, vocês dois levaram a sério a coisa de reerguer o clã Uchiha! Até achei que já estava vindo o sexto... — ela olhou novamente para minha barriga e após colocar a mão sobre ela, novamente, perguntou: — Sakura... Você fez o exame?

— Ino, eu não estou grávida! E não seria o “sexto” filho e sim o “quinto”! — afastei de novo a mão dela, desta vez com um safanão. — E se me perguntar isso de novo, eu não responderei por mim.

— Calma, não precisa gritar, eu já entendi. Só estou querendo saber se você tem certeza.

— Ino, vai ou não me dar o emprego?

— Se você for sincera e me disser a verdade, posso sim, arrumar a vaga.

Ela repousou as mãos nos meus ombros e olhou dentro dos meus olhos. No fundo, eu imaginava o que senhorita Yamanaka queria: saber a verdade para me humilhar; para me ver implorando aquele emprego idiota para ela, e comemorar ao saber que todas as minhas escolhas deram errado. Então, me ergui, encarando-a firmemente e, por mais que eu precisasse, não era me humilhando que eu iria conseguir.

— Eu já entendi, Ino. Eu só pensei que a nossa rivalidade tivesse ficado lá atrás... — eu caminhei em direção a porta, quando fui detida pelo agarre da mão dela no meu braço.

— Sakura, isso não tem nada haver com rivalidade. Eu só quero entender o que está acontecendo.

— Você quer que eu implore! — explodi, me esforçando para as lágrimas não virem. — E eu não vou fazer isso! — gritei, puxando meu braço de volta.

Porém, ela continuou me impedindo, desta vez, agarrando meu pulso.

— Sakura... — Senti que ela queria me dizer algo, mas era eu quem não queria mais ouvir.

— Me solta! — puxei meu punho de volta, abri a porta e saí correndo pelo corredor.

Mas nunca vi a Ino tão determinada. Ela me seguiu e me alcançou na porta de saída e entrada do edifício, por sorte a recepção não estava tão cheia aquela manhã.

— Sakura! Por favor, espera! — ela segurou o meu ombro e o virou, me fazendo voltar para encará-la. — Se você quer tanto o emprego, eu vou arrumar pra você. Mas, antes disso, quero te pedir um favor... — Ela disse, retirando a carteira de dentro do jaleco e após procurar algo nos vários compartimentos, me estendeu um pequeno cartão vermelho.

Olhei para o papel e li o único nome escrito em dourado no centro “Paraíso do chá”.

— O que é isso?

“É um convite. Vou te explicar onde fica. Mas você só vai conseguir entrar nesse lugar se mostrar esse convite. Vai ter uma senhora descascando batatas na frente, você entrega o cartão à ela e pergunta:”

— A senhora pode me dizer onde que fica esse lugar?

“Ela vai te mostrar o caminho. Vá assim que o sol se pôr, use um ninjutsu de disfarce para não ser reconhecida. Todos que frequentam esse lugar usam. Sente-se ao fundo e peça uma bebida. Observe as pessoas entrando e saindo. Veja como tudo funciona. Depois de beber a primeira bebida devagar, quando o garçom vier te servir novamente diga a ele:”

— Eu sou a acompanhante do quarto vinte e dois.

“Ele vai te indicar o quarto. Entre e espere. Quando você ouvir algum barulho vindo do quarto ao lado, retire uma pintura do país da névoa da parede, você vai ver dois furos então, olhe por eles.”

“Eu vou encontrar o Sasuke me traindo com outra mulher lá, não é, Ino?”

“Sakura... Certas coisas é melhor não se dizer...”

“Como descobriu isso?”

“Só te digo que foi por acaso. Mas amanhã cedo eu te espero no café aqui embaixo para gente conversar. Aí, eu te explico tudo e se você ainda estiver disposta a vaga de emprego, ela será sua...”

“Como vou saber que isso não é uma armação sua?”

“Sakura... Só você poderá responder essa pergunta... Mas não posso obrigá-la a fazer isso, muito menos, evitar que sofra. Por isso, eu digo, vá se achar que está preparada para encarar a realidade e tentar recomeçar. Se não estiver, espere o tanto que for preciso. Isso acontece há algum tempo e acho que não vai parar assim, de repente. Então, vá quando achar que está preparada. No dia seguinte que você for fazer essa visita, pela manhã, estarei aqui esperando para o chá.”

Quando cheguei em casa naquele dia, eu pensei em jogar aquele cartão no lixo. No entanto, não consegui. Os dias se passaram rápidos, as semanas... Sasuke não voltava. Quando fez dois meses, eu me sentei à mesa com as crianças, sozinha, como já era de costume. Foi quando aquela pergunta tão rotineira da caçula Ehime, de cinco anos de idade, fez um engasgo apertar na minha garganta.

“O papai não vem?” perguntou; ela era a única dos quatro que ainda perguntava pelo pai.

“Quantas vezes a gente tem que dizer que ele está trabalhando, sua chata?!”, Satoru, de nove anos, o segundo mais novo foi quem respondeu.

Quando pensei em adverti-lo a Akemi, a minha filha de onze anos foi quem fez isso.

“Não precisa tratar a Ehime desse jeito, seu baka! Ela ainda é criança e não entende.”

A Akemi quanto mais crescia, mais se parecia comigo, os cabelos de fios rosa cumpridos, os olhos verdes claros. Foi então que Itachi, nosso filho mais velho, de 13 anos, levantou da mesa avisando que iria fazer o dever de casa.

Ele era o único dos quatro que tinha um pouco dos traços do Sasuke, além da personalidade séria e reservada, a pele era pálida, os cabelos cinza e os olhos quase da mesma cor dos fios, um azul fosco, quase acinzentado. Talvez esse fosse um dos maiores desgostos de Sasuke, ele não via seu clã em nossa família. Nenhum deles herdara as características marcantes dos Uchiha. Ehime e Satoru pareciam gêmeos nascidos em épocas diferentes, os dois tinham cabelos arroxeados e os olhos verdes mais escuros.

E pelo que os exames indicavam, eles também não herdariam o Sharingan, ou se um dia ele despertasse, não seria perfeito, porque os sangues dos seus pequenos não eram “puro Uchiha”.

“Mamãe, você está chorando?”

“Não, Hime-chan”, eu menti, passando a mão nos olhos. “A mamãe só tá um pouco gripada. Agora vai escovar os dentes, vai.”

“Tá!”

“Eu vou lavar os pratos.”, Satoru se ofereceu, começando a recolhê-los da mesa e logo Akemi o acompanhou.

Sasuke e eu tentamos quatro vezes e quando sugeri tentarmos o quinto, ele simplesmente negou balançando a cabeça, sendo que das outras vezes, ele apenas ficava em silêncio e então me puxava para cama e fazíamos amor.

Não é que eu nunca desconfiasse que ele estivesse se saciando com outras, mas cheguei a me enganar pensando que talvez ele não sentisse a mesma necessidade que os homens normais sentiam.

Foi quando decidi limpar as lágrimas, procurar o cartão dado pela Ino e...

Agora estou aqui, prestes a ter certeza daquilo que já sabia. Os olhos fixos naquelas duas frestas, porém...

Nem nos meus piores pesadelos eu pensei que assistiria algo tão horripilante como assisti. Entrou no quarto uma garota de cabelos negros. Mas logo o jutsu foi desfeito e meu coração disparou ao ter certeza daquilo: era como eu imaginava, era o Sasuke...

Ele se despiu com uma velocidade ansiosa. Sentou-se em uma cadeira rente a uma mesa redonda, servindo-se de saquê, enquanto fitava a porta, balançando o pé, impaciente. Foi quando duas batidas na porta o fizeram se levantar rapidamente e abri-la. Era a segunda pessoa. Estava disfarçado também.

Desta vez, a garota usara um disfarce de homem. Era um rapaz loiro e mesmo naquela forma, Sasuke não pensou duas vezes em puxá-lo pela nuca e beijá-lo de uma forma devoradora. Senti algo se revirar dentro de mim. A aparência era de um garoto jovem, bonito, mesmo assim, ainda era um garoto.

— Por que demorou tanto? — o ouvi reclamar assim que soltou da boca dele. Logo, Sasuke puxou a camisa do “garoto” por cima da cabeça e começou a depositar beijos no pescoço dele, descendo para o tórax, fazendo-o gemer.

— Ann... Você parece está com mais vontade hoje...

— Cale a boca! Tire logo as roupas.

— Wakatta, Wakatta...

De repente, Sasuke amparou o rosto dele com as mãos e olhando-o nos olhos pediu:

— Fala daquele jeito que te ensinei?

— Tá... — o garoto resmungou, fazendo um bico. — Deita lá.

Eu não entendia. Mas meus olhos ficaram vidrados naquilo e a única coisa que passava pela minha cabeça, era quando aquela pessoa iria desfazer o disfarce e se revelar. Se ela fosse uma ninja, provavelmente a reconheceria. Porém, nada. Em nenhum momento. O garoto ficou nu, chupou Sasuke, os dois se chuparam em posição invertida. Não dava para ver, mas Sasuke deveria estar enfiando os dedos em algum lugar dentro daquela pessoa, pois eu o ouvia resmungar pra ele ir mais fundo.

— Por que ele não desfaz essa aparência... — eu sussurrei, as lágrimas molhando meu rosto completamente.

— Vai, eu não aguento mais, quero sentir você dentro de mim logo!

Então, o rapaz trocou de posição com ele, sentou-se sobre o ventre do Sasuke. Levantou o quadril um pouco e segurando o pênis ereto dele o direcionou para dentro daquele orifício e, então, sentou-se, afundando-o todo dentro de si. Eu ainda vi as mãos de Sasuke agarrarem as nádegas dele e ajudá-lo a cavalgar sobre si.

Estava de frente para cama, vi a penetração perfeitamente.

— Vamos, fala daquele jeito! — Sasuke praticamente implorou, a respiração rápida, demonstrando que logo chegaria ao orgasmo.

Foi quando o grito do garoto fez um arrepio de horror passear por cada fibra do meu corpo.

— Mete mais fundo, ‘ttebayo! Vai! Assim, eu te quero muito!

— Eu também te desejo, Naruto... Mais do que isso, eu o amo... — ele puxou o rosto do garoto e o beijou. Em questão de segundos depois, estavam gritando de um prazer que jamais poderia imaginar que eles sentiriam fazendo algo como aquilo.

No fim, quando os dois já estavam se vestindo. Eu me afastei da parede trêmula, refiz o meu jutsu de disfarce, ficando com a aparência de um rapaz e saí do quarto, encostando-me na porta de madeira que havia acabado de fechar. Eu vi na hora que aquele rapaz saiu do quarto, alinhando a roupa. Ele passou me encarando, então não resisti e perguntei:

— Naruto-rokudaime-sama?

Ele riu, imaginando o que eu havia ouvido. Então, balançando os ombros, como se não se importasse, enfiou as mãos, em que trazia um bolo de dinheiro, no bolso da jaqueta e respondeu:

— Pois é! — ele falou despreocupado. — Tem cada cliente maluco, né? Não que eu fique chateado de ser confundido com um dos Hokage mais famoso de todos os tempos. Mas puts, se o cara imaginar que desperta esse tipo de fanatismo, ele vai ficar louco da vida. Bom trabalho, companheiro! — ele acenou e seguiu.

— Pra você também... — eu respondi.

Segundos depois, Sasuke saiu do quarto e o meu coração disparou loucamente. Baixei a cabeça e olhei para os pés. Ele passou direto, indo em direção as escadas, mas antes de descê-la, ele estacou.

— Eu não vou voltar mais, Sakura.

— As crianças sentem sua falta. — eu disse, após engolir o nó que se formou em minha garganta.

— Eles não precisam de um pai como eu.

— Eles... só precisam de um pai. — respondi, com a voz trêmula.

— Irei visitá-los de vez em quando, então... — ele informou e seguiu andando.

— Sasuke?

— Hm? — ele resmungou em resposta, sem virar-se para me olhar.

— Sobre... os... seus sentimentos... pelo... pelo Naruto...

— Esqueça, eu nunca direi algo desse tipo a ele. Vou levar isso para o túmulo e espero que saiba guardar segredo também.

Eu abri um grande sorriso, enquanto as lágrimas escorriam.

— Ah! — eu suspirei realmente aliviada. — É um alívio saber disso, sabia? Por que essa foi a coisa mais bizarra e... nojenta e... repugnante que já vi na vida. Fico muito feliz de saber que irá poupar o meu amigo de saber que você fode outros caras esgoelando o nome dele.

— Hm... — ele resmungou, então se despediu. — Até...

..::A.K::..

— Você parece bem — Ino observou, sentando-se à minha frente, na área ao ar livre do café do hospital.

— E estou. Sério. — eu afirmei, mexendo no meu chá com a colherzinha.

— Sinto muito pelo que viu.

— Foi bem chocante, mas foi melhor assim — eu afirmei, bebericando um pouco do chá. — Desde quando sabia, Ino?

Ela remexeu na cadeira, um pouco incomodada, entrelaçou os dedos das mãos uns nos outros e os descansou sobre a mesa, então respondeu, dando um sorriso sem graça:

— Não sei ao certo, faz um ano eu acho.

— E como conheceu aquele lugar? Não me diga que tem um caso...

— Não é isso. Eu sempre gostei de novas experiências, então um dia meu “amigo de sexo” sugeriu aquele lugar. Na verdade, o tal quarto vinte e dois é um observatório para o vinte e três. Sempre foi. Ele disse que iríamos ver algo diferente, mas que era excitante para muitas garotas. No começo, eu achei que fosse apenas um disfarce de um casal, no entanto, quando chegou ao fim, eu percebi que era mesmo sexo entre dois homens. E o pior, eu fiquei mesmo excitada e tive uma noite e tanto. Então, decidi repetir a dose mais vezes. Até que um dia...

— Eu já entendi... — eu a cortei, sentindo o estômago embrulhando. — Por que não me disse antes?

— Você acreditaria só na minha palavra?

— Acho que não. — concordei, retomando o riso sem graça.

— Bem... Tá pronta pra recomeçar? — ela retirou o crachá de dentro do bolso do jaleco e empurrou na minha direção.

— Acho que estou — eu afirmei, apanhando o objeto. Sorri, dedilhando-o, com um ar meio distante. — Obrigada, Ino... Eu acho que sempre fiz um mau-juízo de você, a impressão que eu tinha era que você ainda fosse aquela adolescente invejosa.

— Não posso dizer que não sentia inveja de você no começo, Sakura. Mas no final, nós duas sempre ajudamos uma a outra e foi assim em vários momentos das nossas vidas, em missões, quando decidi ser médica, na guerra... Posso dizer que no fundo você foi uma inspiração.

— Obrigada, de novo, Ino.

— Bem vinda ao time novamente. — ela me desejou, sorrindo abertamente. — Agora vamos nos apressar, tenho muita coisa pra te mostrar.

— Qual ala eu vou ficar? — eu perguntei, colocando o crachá em volta do pescoço.

— Por que não lê seu crachá?

— Ah, é... — foi então que um arrepio percorreu meu corpo e a minha boca se entreabriu. — Isso...

— É, isso.

— Ino, eu não...

— Nem adianta recusar. Eu estou achando maior tédio ser diretora. Muita burocracia, blá, blá... Definitivamente, não nasci para isso. Eu já até falei com o Rokudaime, veja a resposta dele.

Ela me estendeu o pergaminho que tirou de outro bolso do jaleco. Eu apanhei, abri e li com os olhos:

“Ganbatte ne, Sakura-chan!”

Foi impossível não abrir um sorriso ainda maior. Até fui capaz de ver através daquelas palavras o sorriso gigante do Naruto, e senti uma leve comoção, que fez as lágrimas margearem os meus olhos.

— Tão típico ­dele — eu afirmei, sorrindo, passando a mão nos olhos, tentando evitar o choro.

— Pois é... Ele está viajando, mas disse que assim que retornar vem te ver.

— Nem sei com agradecê-la, Ino.

— Eu tenho uma ideia... — eu vi um brilho estranho naqueles olhos azuis e imaginei que não viria algo bom daquela mente. — Que tal irmos nós duas juntas no quarto vinte e dois qualquer dia desses? — ela jogou o braço por cima dos meus ombros.

— QUÊEEEEEEEEEEE?! — eu gritei, realmente assustada e com os olhos saltados, fugindo do toque dela.

— Estou brincando, Sakura, brincando... — ela se reaproximou, recolocando a mão no meu ombro e me direcionando para dentro do hospital. — Vamos entrar, tenho muito trabalho acumulado pra te passar.

— Ino, você além de pouco responsável, virou uma pervertida? Como imaginei que tinha mudado alguma coisa?

— Ha, ha, ha! Já falei que era brincadeira, Sakura!

— Tem certeza que foi com um homem que você foi naquele quarto?

— Tá, chega, Testuda.

— Quem é testuda, Ino-porca?!

— Além de testuda, agora é gorda...

— Inoooooooooooooooooooooooo!

Fim.

Nota 1: Não reclamem porque eu fiz a Sakura gordinha. Eu sou gordinha tb e não tenho nada contra os cheinhos. Claro que devemos tentar manter um limite saudável de gordura, óbvio. Mas eu já tive 13, 14, 15, 16 anos, e era uma super-girl-magricela. Mas a idade chega pra todos e todas, e se você não é um adepto de esportes, nem de comida vegetariana, e ainda, se existem gordinhos na sua família — o que denuncia que pode ter tendência para engordar —, se prepare, a barriguinha demora, mais cedo ou mais tarde ela chega. hahahahahah. (Não, eu não sou má, sou realista. *-*)

Mas é um alerta para nos cuidar; cuidar da saúde, evitar tantas frituras, sal, refrigerantes e largar um pouco do computador pra praticar esportes, algo que não consigooooooo! hahahahahah.

Nota 2: Antes de me jogarem pedras, por que a Sakura não ficou com o Sasuke, ou porque o Sasuke não ficou com o Naruto, ou por que a Sakura não ficou com a Ino, etc. ... Tentem entender a mensagem. Acho que quem já me acompanha, percebeu que minhas fanfics sempre vêm pinceladas de realidade, e realmente é esse o meu estilo e é algo que não consigo mudar facilmente.

Adoro sim, uma boa fantasia, viajar nos contos de fadas, sou mulher, boba e romântica e acredito, definitivamente, no poder do amor e da amizade. Porém, sou pés no chão o suficiente pra saber que nem nos contos de fada, tudo é lindo e florido para sempre. {Aquela que ama Sherek ahhahahah} Mas acredito que sempre existem possibilidades de contornamos as situações e vivermos momentos de felicidade sim. Claro, que isso depende muito de nós mesmos.

Além do que, acho que resgatar, manter ou fazer novas amizades é tão bom quanto realizar o desejo de casar e ter filhos com o homem ou a mulher dos nossos sonhos.

Claro que, se os dois acontecimentos agirem em simultâneo, a felicidade sempre será em dobro.

E é esse o meu desejo de ano novo para todos os meus leitores, que para mim, são como amigos, além de todos aqueles que o são de verdade:

1. Resgate um amigo que você considerava importante, mas se afastou.

2. Conserve aqueles que você já conquistou. Gestos simples surtem grandes efeitos. Acho que um pequeno “Oi, estou sentindo sua falta. Apareça pra gente conversar” já vai ser o suficiente.

3. E o mais importante: faça sempre novas amizades, mas não pense apenas em quantidade, pense em qualidade e sentimentos verdadeiros!

Acho que é isso!

Feliz 2011 para todos!!

Vejo vocês no próximo ano! Até lá!! o/

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