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Três Segundos, Um Instante, Nova Vida


Notas Iniciais:
Aqui estou eu, aliás, com meu mail querendo comentário anita_fiction@yahoo.com . Esta fic pe um pouco parada, mas eu fiz com todo o carinha. É minha pós-Hades, mas creio que quem não leu vá entender facilmente, afinal eu li faz taaaaanto tempo. Porém contém uns pequenos spoilers.
Esta fic foi feita em presente ao Felipe (MrPoseidon) por seus quinze anos!!!
 
Olho Azul Apresenta:

Três Segundos, Um

Instante, Nova Vida
 
  Três segundos. Foi tudo o que já definiu minha trágica vida. O fim de algo que nem chegara a começar. A minha promessa de felicidade sempre fora quebrada em três segundos, ou quatro... Em um instante infeliz do destino. 
  Da primeira vez em que isso acontecera, eu, Ikki Amamiya, um garoto, achara que meu mundo tinha acabado. Tranquei-me numa carapaça de ódio que só ecoava que eu era o único culpa de minha desgraça enquanto meu exterior insistia em repetir que até a formiga que carregava a folha na minha frente era a culpada.
 
  Destino... Eufemismo para as maldades que nos pregam ao longo da vida; é o que me impede de ter esperança de que tudo vai dar certo, de que ao fim do túnel haverá um lugar de luz. Ha ha!
 
  Ali estava eu, anos após a morte de meu primeiro amor, sofrendo com a morte do que poderia ter sido meu segundo. Sinceramente, acho que nem amei Esmeralda. Não houve tempo! Essa maldição que carrego comigo, como minha cicatriz na testa, não some. Ela não foi morta pelo próprio pai e sim pelo instante em que eu, ao invés de enfrentar meu inimigo, desviei-me do golpe. Isso matou minha amada Esmeralda... Por que sempre amo o que não posso ter?
 
  Esmeralda, quando já é morta. Meu irmão, quando nem realmente o é. Meus amigos, que nada têm a ver comigo e nunca me entenderiam. Pandora...
 
  Sou um idiota! Mais um amor pós-morte... Como desejo, por uma única vez gostar de alguém que pelo menos ainda é vivo. Mas, de novo, e se ela morrer em seguida? Ou me abandonar? Eu matara Esmeralda e falhara em proteger Pandora. Qual seria a próxima desse infame destino maldito!?
 
  Meus amigos me arrastaram por um mês inteiro a todo tipo de lugar. Não sabiam o que havia comigo; mal conheceram Pandora, nunca viram Esmeralda. Eles tentaram, mais que seu dever de amigos. Mas ninguém nunca conseguiu expurgar esta maldição de mim: a falta de confiança na vida de minha própria felicidade.
 
  Eu sabia que não era o único que estava mal. Seiya estava em coma desde que chegamos dos Elíseos. Saori nunca dormia fazendo-lhe companhia enquanto cuidava de sua fundação. Seika, a irmã dele, estava se sentindo totalmente fora do lugar e ficava com Seiya quase que o dia todo. E os outros... Bem, tentavam se adaptar à vida normal que nunca tiveram.
 
  Mas era, com certeza, um dos que estavam piores. Ouso, até, dizer que Seiya era o único que realmente estava bem, desligado em sonhos.
 
  Toda terça eles me levavam a um parque para conhecermos gente nova. Nas quartas, íamos ao cinema. Quintas, teatro. Sextas, boates, assim como sábado e domingo. As segundas eram reservadas a visitar Seiya e, conseqüentemente, Saori e Seika.
 
  Mas de que adiantava manter meu corpo ocupado se minha mente não parava de pensar na bobagem que fiz em me afastar de Pandora naquele instante que não retornaria?
 
  Bem, depois de dois meses que derrotamos Hades passei a procurar um curso para me atualizar. Fui um fracasso. Ia às aulas toda tarde, mas, novamente não me encaixava... Era como um marmanjo no meio de criancinhas, apesar de muitos serem mais velhos que eu. Mesmo fisicamente eu me destacava. Meu rosto queimado pelo Sol e marcado por cicatrizes físicas e emocionais era tão distinto dos outros...
 
  Larguei o curso. Procurei um emprego e encontrei logo por influência de Kido, eu tinha certeza. Saí de meu primeiro dia esgotado. Não era de trabalhar, era que eu sabia que se não me adaptasse estaria condenado a viver aparte da sociedade, das pessoas normais.
 
  Sentei-me no banco do hospital de Seiya. Era segunda, mas já estava bem tarde, então ninguém mais devia estar lá. Fechei os olhos, a fim de cochilar por uns momentos antes de ir vê-lo.
 
  Nunca fui muito sociável, muito menos com Seiya, mas visitá-lo me fazia sonhar com o dia em que poderia deitar numa cama e dormir como ele. Pelo menos, diferente da morte, o coma tinha volta.
 
  Alguém se sentou ao meu lado. Mesmo de olhos cerrados, sabia que me observava. Seria porque eu parecia doente? Minha mente estava. Precisava de um médico para curá-la e de outro para meu coração partido.
 
  Continuamos assim por um tempo. Era uma mulher, por causa do perfume. Quem sabe um homossexual...? Não, era uma mulher. Eu tinha certeza. Era uma delicadeza que só um espírito feminino possuía.
 
  Passei a tentar adivinhar como ela seria. Uma pessoa com certeza educada rigidamente, que passara pelos melhores professores. Mas, no fundo, ainda tinha o espírito de menina; o suficiente para ficar olhando avidamente para um estranho no hospital.
 
  Quantos anos teria? Não parecia muito velha. Mais de dez, menos de vinte.
 
  Chegara mais perto. Estaria mexendo comigo? Eu a conheceria...?
 
  Se eu abrisse os olhos, ela morreria? Como Esmeralda? Como Pandora? Como tudo ao meu redor?
 
-Errr...-ela começou a querer falar.
 
  Sim, era uma mulher. Aquela voz...
 
  Abri imediatamente os olhos, pois meu coração pulava dizendo quem era. Que eu a conhecia!
 
-Saori!?-exclamei antes mesmo de abri-los completamente.
-Sim... Notei que não estava dormindo pois seu sobrecenho estava meio carregado. O que faz aqui fora? Se veio ver Seiya, por que não entra?-ela parecia nervosamente procurar a razão para estar ali. Ou ocultá-la...
-Estava descansando. Tem sido uma época difícil.
-É, reajustar-se não é fácil.
 
  Era incrível alguém entender o que eu falava assim de primeira. Eu me espantei, mas logo notei que também ela esteve conosco nas batalhas.
 
-Algum problema?-e ela havia percebido a minha rápida surpresa.
-Não... Só estou acordando ainda.
-Dormiu?
-De certa forma; divaguei demais. Mas o que você faz aqui fora? Achei que ficava sempre que pudesse ali dentro.
-É...-baixou os olhos e cruzava e descruzava os dedos nervosamente.
-Saori?
-Bem, eu enjoei disso. Digo, cansei mesmo. Amo Seiya, mas...-enfim percebera a confissão que me fizera e, cheia de pudor, levara a mão à boca. Com face levemente corada, sorriu nervosamente -Eu não deveria ter falado isso. Aliás, que conversa maluca! Conversar contigo me deixa nervosa, sabe? Falei outra besteira. Fico tão nervosa que não penso antes de abrir a boca!
-Então, acalme-se.
-Falei demais mesmo, sinto muito.
-Pode continuar se quiser, enquanto começava a falar parecia dizer algo que há muito segura... Quer dizer que está apaixonada por Seiya!?
 
  Fiz uma forçosa expressão de surpresa.
 
-Por que a careta...? Até mesmo você que é mais desligado de nós sabe?-ela perguntou, descontraindo-se enfim.
 
  Saori Kido era uma menina, não mais que catorze, que havia herdado uma das mais poderosas organizações mundiais. E era um a deusa, Athena. Mas enquanto podia ser muito altiva, tinha um quê de criança e essa naivité estava totalmente expressa no sorriso que me dava.
 
-Claro -disse, sem uma expressão específica.
-O caso é que Seiya não se interessa por mim. Em verdade não passa de um neném que vai demorar um tanto para descobrir o amor. Eu sempre soube e, por isso, aguardei; mesmo notando que minhas rivais eram mais fortes.
 
  Observei-a melhor. Sabia quem eram as "rivais mais fortes"... Mas, sinceramente, entre a orgulhosa Shaina e a inexpressiva Miho, Saori era a que mais fazia meu tipo.
 
  Mas, novamente, Miho me lembrava Esmeralda em vários sentidos. Acho que só lhe faltava a tumba... Estranho eu preferir Saori que era mandona e independente demais para meu gosto.
 
-O que foi?-a jovem perguntou, que expressão eu estaria fazendo no momento?
-Continue! Eu só... Bem, imaginava o porquê de se achar inferior às suas rivais...-disse a verdade. Estranho, mas eu estava sem-jeito -Mas não diga. Continue.
-Certo... Bem, agora com Seiya assim pude respirar um pouco e ver a perspectiva de uma vida sem cavalos brancos e finais felizes. Passei a me perguntar se meu amor por Seiya não seria porque ele fora o primeiro a me tratar como uma pessoa qualquer e não uma "senhorita". Você também não, mas...-Ela parou estranhamente não sabendo como prosseguir- Acho que nunca conversei contigo o suficiente... Mas estou cansada de Seiya! Esse tempo todo, desacordado... E só vendo as meninas entrarem e saírem, olhando-me muito feio. Perguntei-me tantas vezes se Seiya valeria todo o ciúme que eu sentia e toda batalha que teria de travar com elas. Nos últimos dias eu me respondi: Seiya vale e muito mais, mas não o meu amor por ele.
-Você o ama, mas não muito?
-Eu não sei... Sou só uma estreante nisso de amor, não sei nem se o amo mesmo! Daria minha vida por ele, mas também daria pelos outros cavaleiros.
 
  Ficamos em silêncio. Não minha mente, era exatamente naquilo que eu andava pensando! Eu realmente amara Pandora e Esmeralda? Ou seria só porque eram inatingíveis? Como saber disso?
 
-Tenho medo de não dar certo -ela disse do nada.
-Não conseguir que ele te ame também?
-Não é isso. Conseguir, mas depois eu saber que não o amo e brigarmos e nunca mais sermos amigos. Gosto de amá-lo, mas não sei se gosto de ficar com ele, entende?
 
  Assenti. Não conseguia me imaginar com Esmeralda, nem com Pandora.
 
-Chamam isso de amor platônico, né? mas não quero ficar sozinha a vida toda gostando dele. Quero parar! Num dia li que só um amor cura outro... Como sei que fui curada? Aiii! É complicado.
 
  Limitei-me a assentir. Não só a escutava, mas também usava a sabedoria dela para minha própria vida. Ambos queriam recomeçar direito agora.
 
-E agora?-perguntei, assustando-a.
-Não sei...-disse, após suspirar.
 
  Chegou mais perto de mim. Sua alva mão estava muito próxima da minha, eu podia sentir o calor. Não era calma que eu sentia perto dela... Meu coração estava muito rápido. Eu estava ciente de cada movimento involuntário de seus dedos.
 
  De repente, minha mão deslizou por menos de um centímetro e agora se encostavam. Pensei que ela a retiraria, mas não se moveu. Eu sabia que suava frio de tanto que meu coração palpitava. Ela também se sentiria assim?
 
  Mesmo ambos gostando de outras pessoas, queríamos fugir daqueles sentimentos que não nos serviam.
 
  Após muitos minutos, ela pousou sua mão sobre a minha e notei que me olhava novamente.
 
-O que faz?-perguntei suavemente, segurando sua mão; mas não a encarei.
-Não sei, já disse. Perto de você não raciocino direito, não penso.
-E sente algo?
-Uma inquietude que nunca sentiria perto de Seiya. Meu corpo parece em chamas...
-Sua mão está gelada.
-Suando frio...
-Assim como a minha.
-O que sinto?-ela me perguntou; fazendo-me olhá-la, enfim.
 
  Mas fiquei em silêncio. Meu olhar era surpreso, como tantos outros naquele dia. Desta vez ela se manteve quieta.
 
-Seu olhar não me acalma como o de Seiya. Seu azul é de um mar rebelde, no meio de uma tormenta. Mas esta água não apaga o meu incêndio...
-Não sou um cavalo a ser domado.
-Nem o quero.
-Que conversa maluca a nossa.
-Gosto dela...
-É...
-Gosto de conversar contigo, acho.
-Não gosto de conversar...
-Eu acho que te amo -ela disse abruptamente, parecia continuar a fala anterior.
-Ama a Seiya -corrigi.
-Mas não o quero.
-Não pode me amar porque quer.
 
  Ela não respondeu com palavras, que podem ferir mais que qualquer ato. Porém o que realizou feriu-me mais que qualquer coisa.
 
  Retirou sua mão da minha e levantou-se.
 
-Tenho que ir -disse polidamente.
-Por quê?
-Porque você não quer que alguém te ame.
 
  E se foi, não me dando tempo de pensar em uma resposta.
 
  Não chorei; mas também não fui ver Seiya, como planejara. Comentei ter me ferido, mas não fora bem aquilo... Não fora tão simples assim.
 
  Fui para a mansão. Planejava mudar-me de lá assim que pudesse, mas era o único lugar em que podia ser eu mesmo: o Cavaleiro de Fênix.
 
  Eu a havia perdido? Então eu a amava? Por que sempre amava o que não podia ter? O que eu sempre perdia por culpa minha... Por causa dos três segundos em que disse uma frase que não devia. Um instante, como o em que perdi Pandora e Esmeralda, perdera Saori.
 
  E eu sempre as amava após este instante!
 
  Amar!? Amar Saori? Saori...
 
  Estava na sala de estar, refletindo. E ela chegou, ainda indecisa. Seu rosto estava marcado, inchado e molhado.
 
-Chorei muito...-disse, sentando-se ao meu lado. Teve o cuidado de deixar as mãos em seu colo.
-Fui um idiota total?
-Não.
-Sinto-me assim. E você?
-Não... Quando Seiya acordar, acha que eu sairei correndo para abraçá-lo? Ele me retribuirá?
-Não sou vidente.
-Certo, mas sentirá ciúmes se nós o fizermos?
-Sim... Terei vontade de esmagar aquele canalha que não te merece.
-Eu chorei porque ele acordou.
 
  Fiquei estático. Não conseguia respirar.
 
-Ele...-continuou em voz bem baixa -Seiya queria que eu fosse até o hospital para me ver após tanto tempo.
-Saori, eu realmente não quero ouvir isso!-falei bem alto, mas a jovem não se abalou. Demorei, mas logo entendi que era porque já o esperava. Ela me conhecia...
-Eu não fui porque não queria vê-lo porque eu queria vê-lo. Eu não quero mais amá-lo e acho que nunca o amei. Quero amar outra pessoa, quero te amar muito... Sinto-me uma criança falando, mas não o escolhi assim, do nada! -seu tom ficava mais carregado de emoções mistas e indistinguíveis. -Meu coração o escolheu naquele hospital. Ele já até te ama, mas minha razão repete tantas vezes que isso é perigoso que o pobrezinho se encolhe muito. Você é mundano, rebelde e nada calmo. Mas sabe que sempre pude te prever? E sempre te admirei... -seus olhos enchiam-se de lágrimas que passaram a rolar sem que ela as enxugasse. Não que quisesse me fazer pena, só estava distraída demais com o discurso. -Eu te conheço como se fosse eu mesma!
-Então porque fica tão agitada comigo?
-Porque o amor pode ser bem rebelde às vezes. É uma doença contra a qual meu corpo luta febrilmente e sem sucesso.
-Então me ama?
-Eu queria que me ajudasse a descobrir...-ela me olhou, com os olhos mais que vermelhos. -Mas terá que aceitar esta Saori Kido fraca e imprudente.
-Gosto dela...
 
  Então a beijei apaixonadamente.
 
  Uma paixão não se descobre num único dia, ela pode crescer como uma planta e um dia florescer lindamente. Quem sabe quais frutos nosso amor futuro produzirá? Tenho medo de me aventurar e Saori também... Mas medo é bom, faz-nos ter cuidado ao pisar em terreno estranho é só termos a coragem de ir em frente, de mãos dadas.
 
-Também quero te amar...-enfim disse, se fosse um pouco mais emocional estaria chorando tamanha a revolução dentro de mim. Desta vez eu embarcava num amor inseguro que consistia em duas partes querendo o bem uma da outra.
 
  Mas eu o queria.
 
FIM!
 
Anita, 04/08/2004
 
Notas da Autora:
Fic estranha? Bem, eu resolvi me aventurar um pouco numa fic sem muita coisa, mais simples mesmo. Tive a idéia de Ikki e Saori se consolarem por nunca encontrarem um amor coerente e acabarem por procurar em si próprios. Espero que tenham gostado.
Esta fic é dedicada ao Felipe, apesar de não ser o que ele queria e um tanto fora do gosto dele, foi o que pude fazer em cinco dias (aliás, quatro) para comemorar seu aniversário de quinze anos amanhã; parabéns!!!
Querem comentar? *anita mostra discretamente um facão afiado maior ela própria* Que coisa boa!!! Olha meu e-mail é anita_fiction@yahoo.com e minhas outras fics então no meu site Olho Azul http://olhoazul.50webs.com/ que você vão, com certeza, *retira o facão e o exibe* visitar ne!
Até a próxima!!!

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