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Tenshi no Tatakai, Não Há Apenas Um § 2 – E Coisas Incríveis Acontecem...

Notas Iniciais: 
Huahauahuaha, sem disclaimers!!! Isso tudo aqui é meu!!! Nem ousem roubar. Não me inspirei em nada para isso. Aliás, deveria tê-lo feito, mas tenho preguiça de pesquisar. Em geral, aqui estou eu com um novo capítulo e espero que gostem dele!

Tenshi no Tatakai,
Não Há Apenas Um

Capítulo 2 – E Coisas Incríveis Acontecem...
 
  Um barulho veio descendo a longa escada da casa. Mais parecia uma avalanche, quando a menina de longos cabelos dourados cheios de cachinhos escorregou no carpete. 
-Meu Senhor, Beatrice!-A governanta apareceu.
 
  A garota levantou-se atordoada. Escorregara do meio da escada... Deveria no mínimo estar no hospital. Encarou um ser de luz refletido numa das paredes. Seus olhos vermelhos pareciam piscar.
 
-Eu estou bem...-Levantou-se a arrumou a saia de seu uniforme.-E meu pai?
-Saiu cedo, sinto muito... Venha comer algo, menina de Deus.
 
  Era irônico... O ser luminoso, no dia anterior, a havia dito que era isso o que ela era: a filha de Deus.
 
*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*
 
-Trix-chan!-a menina ouviu, assim que entrou na sala.
-Ninguém nunca vai te merecer... Meu nome é Beatrice, Tentoai-san para um débil como você, Meichi Hanato.
 
  Sentou-se enfim.
 
-Bom dia, Beatrice!-o garoto ao lado a cumprimentou.
-Ah, bom dia, Michael. Tudo bem se te chamar assim sem honorífico? Seu nome é estrangeiro, fica estranho...
-Sim, perfeito! Cheguei no início do verão, não estou acostumado a eles.
-Ah, que bom!
-Contigo também, né? Só Beatrice, ou Bia...?
-Sim, claro.
-Então seremos grandes amigos...
 
“Não gosto desse menino”, algo pareceu dizer dentro da alma de Beatrice. A menina olhou ao seu redor e viu a imagem de Fahel, ou algo assim, em cima de sua carteira. “É só você pensar que eu escutarei”.
“Como assim!? Pode ler meus pensamentos!?”
“Sou quase como parte de você, Bia”.
“Não gosto disso... Parece meu pesadelo.”
“Pesadelo? Como assim? Antes de nos reencontrarmos não podia ainda te ler. Preciso que você me deixe entrar e isso só aconteceu ontem, quando te curei.”
 
-Bia?Bia! Beatrice!-alguém a tirou da conversa.
-Ah! Kari, certo?-a outra novata.
-Sim, consegui trocar com a menina do seu outro lado! É uma pensa estar tão longe de Michael-kun...
-Pena sinto eu de você... Olha só quem está bem do seu ladinho.-Beatrice apontou para o garoto de cabelos e olhos castanhos, que reparando a atenção rara que lhe era dispensada, mandou beijo a ela.
-Ah, ele não me parece ser má pessoa... Hanato-kun.
-Você parece ver bondade em tudo... Se bem que não é a única que pensa isso. Aliás, eu sou única no sentido de ver através dele. Não que ele seja uma pessoa complicada.
 
“Meichi Hanato...” Fahel dizia dentro de Beatrice.
“O que é que tem?”
“Não me parece má pessoa... Agora tome cuidado com o garoto novo. E aquele na frente do Hanato, conversando com ele. Quem é?”
“Ah...” A menina se sorriu por dentro. “Amada Eyuku, um dos mais populares da escola, este sim merece cada título!”
“Toma conta dele.”
“O quê!? Como assim?”
“Sei lá, não consigo ler o interior dele, isso não é bom! Odeio olhos negros.”
“Então, basicamente, devo ter cuidado com todos que falam comigo e que eu suporto...”
“Não, a sua amiga é uma menina, não é católica, mas é uma ótima menina.”
“Eu deveria cortar relações contigo, isso sim!”
“E seu pesadelo?”
 
  Beatrice passou a aula inteira contando seu pesadelo ao seu anjo. Este o ouviu com muita calma e só fez uma ou outra pergunta, para saber mais detalhes.
 
  Ao fim do relato, disse que pensaria antes de contar qualquer coisa.
 
“Como assim!? Eu perdi uma aula inteira e é isso o que me diz?”
“Eu falei, você é mais inteligente que todos os humanos juntos. Eu despertei todos os seus dons novamente, vai notar quando precisar.”
“Eu posso fazer milagres!?”
“Você não é Jesus...”
“Sou irmã dele.”
“Você poderá, mas terá que entrar em contato com sua espiritualidade...”
“Como assim? Fazer Ioga?”
“Ah, por favor, Beatrice! Preciso que você funcione, ou a culpa do fim do mundo será minha!”
“Não entendi...”
“Você a abandonou quando sua mãe morreu... Seu Pai sente sua falta agora. Mal conversa com ele e nunca está aberta a respostas.”
“É porque está sempre trabalhando...”
“Um dia eu me demito! Faça o seguinte, quando retornar da escola, procure uma Igreja. Não são abundantes, mas não são raras aqui em Tóquio.”
“Uma Igreja?”
“Sim. Uma missa começará assim que você se sentar no banco. Ao fim desta, quero que se comungue, como deveria fazer desde a Primeira Comunhão.”
“Sem me confessar?”
“Ontem, eu te purifiquei. Dá no mesmo, pois você já havia se arrependido de todos os seus pecados. Após a missa, espere que todos os fiéis vão embora. Saberá o que fazer depois disso.”
“Você me dirá?”
“Não estarei aqui... Tenho que pensar nesse seu pesadelo. Já vou.”
“Espere. Se eu já sei de tudo, por que preciso vir à escola?”
“Você tem que vir por que a lei te obriga a estudar, também seu pai e porque não queremos que ninguém note que você existe. Sem milagres extraordinários, entende? E mais... Mas isso você não entenderia, ainda não.”
 
  A partir dali, Bia ficou imaginando o que veria na Igreja...
 
*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*
 
  Onde haveria uma igreja próxima?
 
  Era a pergunta que enchia a cabeça de Beatrice. Aliás, várias a acompanhavam. Fahel lhe devia mais que uma simples explicação... Bem mais que isso. Não lhe contara que sonho havia sido aquele, nem quem era aquele homem. E por que queria o medalhão? Tinha que ser mais do que um simples comunicador com o Anjo.
 
-A Coroa dos Céus...-disse em voz baixa, para si mesma.
 
  Naquela hora ouviu sinos. Eram quatro da tarde... Andara por uma hora inteira e não achara nada. Onde diabos estaria!? Nem notara por onde passava... Estava perdida!
 
“Os sinos! Eram de uma Igreja, seria Católica? Será que encontrarei Fahel lá? Espero, pois é bom me dizer onde estou!” Saiu em disparada quando viu uma singela capela. Uma senhora saía dela acompanhada de alguém que parecia uma doméstica.
 
-Licença... É uma Igreja Católica?-Beatrice perguntou às duas.
-Sim, o filho desta senhora mandou que construíssem esta capela, pois ela é muito religiosa, mas não podia ir até a sua igreja, está muito doente. Também é religiosa? Conhecemos todos os fiéis daqui, mas nunca a vimos pela vizinhança –a doméstica respondeu.
-Ah... Bem, tenho estado bem afastada...
-Entendo! O padre aqui é um bom homem, haverá uma missa amanhã. Sabe, não são todos os dias. Há pouca gente e pouca verba pra isso.
-Só amanhã?
-Nem sei se ele está aqui, nós o procuramos, mas não tivemos sinal.
 
  Bia viu as duas se afastarem. Fahel estava enganado?
 
  Olhou a humilde construção. Tinha uma cruz no alto e na parede uma dedicatória a uma mulher, provavelmente a mulher que vira.
 
  No seu coração nasceu uma imensa vontade de vê-la por dentro, por mais abafada que parecesse. Era verão e sol brilhava forte ainda.
 
“Eu vou ver lá dentro... Se for mesmo filha de Deus, devo ter que visitar sua casa uma vez ou outra. Que aborrecido.”
 
  Entrou, cumprimentou o altar, como havia sido ensinada há anos e sentou-se no banco da frente. Algo a invadia, bem no seu interior. Sentia-se bem-vinda. Benzeu-se.
 
-Sejam bem-vindos à Celebração de hoje.
 
  A voz calma e máscula assustara a jovem que ia começar a rezar. Ao abrir os olhos, pessoas e mais pessoas chegavam.
 
-Por que hoje, Padre Julius?-uma perguntou.
-Eu estava orando e algo me pediu para que fizesse uma missa especial... Uma voz... Ah, devo estar ficando louco, mas minha intuição nunca falhou, então façamos uma missa hoje.
 
  A senhora foi a última a entrar. Parecia mais corada que minutos atrás e andava sem a ajuda da serviçal. Esta entrou ao seu lado, como que a chamando de louca por voltar tão rápido à capela. Ninguém realmente a percebeu, mas esta parecia muitíssimo feliz.
 
  Bia comungou e pediu proteção a Deus, a quem passou a chamar de Pai. Era instintivo... Sentiu-se limpa e atendida. Vozes sussurram-lhe palavras bonitas em seu ouvido e se despediram com um “Tudo vai ficar bem...”
 
  O padre anunciou que ainda haveria missa no dia seguinte e outros eventos. Eram poucos comparados aos da Igreja que Beatrice freqüentara.
 
  Quase todos já haviam saído, a senhora ficara na primeira fila, no lado oposto de Bia e dera a Paz de Cristo a todos. Muitos a ignoraram, exceto a empregada.
 
  Logo o Padre chegou até Beatrice e sentou-se ao seu lado.
 
-A missa está terminada, precisa de alguma ajuda? Tenho que fechar a capela...
-Eu... Eu estou esperando um amigo... E não sou a única. Aquela senhora também está aqui.
-Senhora? A que repousa na sala ao lado? Hahahaha! Tem belo senso de humor minha jovem. Como sabia? Você conheceu minha mãe?
-Quê...? Sua mãe mora aqui do lado? Bem, eu falo da que está sentada no outro lado, com a mulher de branco.
 
  Apesar de Beatrice ter apontado, sentindo remorso pela falta de educação, o padre continuou não vendo nem uma nem outra.
 
-Hoje eu estava rezando, recluso. Minha mãe faleceu ontem e fiquei me perguntando se eu poderia fazer uma missa amanhã. Fiquei me perguntando se o velório dela não deveria encerrar minha carreira. Nunca me senti bom para Padre e sempre o insisti. Imagino de conto para Deus, se ele realmente se importa de me ter como padre ou como mendigo. Não sou bom. E ontem, quando rezei pela alma de minha mãe eu senti como se ela não tivesse tido paz. Em que errei? É o que me pergunto. Deixei-a dormindo ao lado, até amanhã, quando a enterraremos pela tarde e então eu devo rezar minha missa. Mas achava melhor parar e não fazê-lo. Por que lhe conto isto?
-Não faço nem idéia, mas a senhora continua ali com sua empregada.
-Não há ninguém além de nós dois e o corpo de minha mãe. Construí esta igreja com a herança que meu pai me deixou. Ele não era rico, mas deixou muito dinheiro, só para mim. No seminário, eu fiz voto de pobreza, então o gastei fazendo esta igreja para ela, pois estava doente...
-E a outra era muito longe.
-Sim... Como sabe?
-A senhora... Ela me falou, na entrada que... Que o filho lhe havia feito esta capela.
-Mesmo?-o padre parecia pálido.
 
  Mas Beatrice estava ruborizada, tinha raiva. Como ele não via a senhora!? Como ela era a mãe dele!? Não... Algo estava errado! Muito.
 
  O homem de batina levantou-se do banco e ficou olhando para onde a menina apontava. A senhora sorria simpaticamente, assim como a moça.
 
-Se ela fosse sua mãe, quem seria a moça com ela?-Bia perguntou, tentando ignorar as duas.
-Não sei...-Ele pôs a mão na testa e começou a olhar para o altar.-O que isso significa, meu senhor? Primeiro a voz me mandando rezar uma missa para o herdeiro de Deus. Isso quando havia decidido largar tudo... Agora esta menina falando de mamãe... Ah, meu Deus, será um teste de fé? Ou uma festinha maluca de despedida?
 
  Bia ficou ali, sentada, sentindo-se impotente. Aquele padre dizia não ter vocação... Dizia que mesmo querendo não fazia diferença. Mas não era assim... Havia gente indo ali, na capela que ele fizera!
 
  Levantou-se, enfim, ajeitando os longos cachos loiros.
 
“Não fale com ela...” uma voz no seu interior sussurrava. Não era Fahel. Era outra voz.
 
-O senhor se chama Padre Julius?
-Sim, Julius Areñas.
-Não é daqui?
-Sou, meus pais são imigrantes espanhóis. Por quê?
-Sempre foi católico?
-Com certeza. Acho que mesmo que meus pais não fossem, acho que acabaria sendo. Quando eu era pequeno, um anjo me disse que eu tinha uma missão. A partir daí, a missa se tornou um milagre para mim e meu sonho se tornou fazer este milagre acontecer cada vez mais.
 
  A menina, que encarava o altar até então, voltou-se para o Padre com um sorriso.
 
-Vá em frente, desde que seja seu desejo, desde que não faça mal a ninguém... Acho que se parasse estaria se privando de um prazer e nem sua mãe o quer. Acho que ela sendo ou não aquela senhora, deve ter muito orgulho do filho.
 
  Um trovão veio do lado de fora.
 
-Estava um tempo tão bonito...-Julius falou.
 
  Bia sorriu de si para si. Aquela era uma linguagem divina. Ainda não sabia dizer o significado, mas este existia, pois no lugar onde estava a senhora e a mulher, agora havia um raio de luz vindo de lugar nenhum.
 
-Continuarei com tudo isto. Mas quem é você afinal, meu anjo?
-Só uma menina que se perdeu. Pode me dizer onde fica o centro da cidade?
-Ao norte. Siga sempre ao norte que o encontra.
-Meu Deus! Estou tão longe assim!? Tenho que ir, se chover estou frita... E logo encharcada, não é uma boa combinação! Até mais, Padre; eu volto!
 
*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*
 
“Então você, enfim, entendeu que sua missão é maior que salvar o mundo do mal?” A garota ouviu enquanto andava apressado, vendo o céu se fechar mais.
“Fahel!? Onde estava? Eu não entendi nada mesmo!”
“Meu Senhor, dai-me forças, e digo-o sob risco de ser clichê.”
“Eu que o diga! Você está me metendo em confusão...”
“Ainda acha que está esquizofrênica!? Acaba de ver uma alma sendo levada!”
“E quem era a empregada?”
“A mensageira. Um eufemismo óbvio pra coveiro, hehehe. Ela fica com as almas por um pequeno tempo, com aquelas que não quiseram seguir... Ela fica esperando que o façam por um ou dois dias.”
“Então aquela mulher não quis ir pro céu?”
“Algo assim... Era muito ligada ao filho.”
“E foi pra isso que fui lá!?”
“Não. Não deveria te pôr nisso, mas... Pelo que vejo fiz à toa.”
“Como assim!? Eu te segui direitinho. Fiquei lá após o fim da missa e até conversei com o padre!”
“É que você não consegue entender... Mas, bem, devo ter paciência. Não esperava que visse aquela alma e mais: o coveiro. Isso quer dizer que seus poderes estão se despertando, o que é perfeito!”
 
  Chegaram rápido em casa. Algo a havia guiado. Fahel não comentou mais nada, mas Beatrice estava entendendo que havia coisas para as quais ainda não estava pronta. Mas um dia estaria.
 
-Beatrice-sama, telefone para você...-uma das empregadas lhe disse, à porta do quarto.
-Já atendi aqui em cima –Esperou até ouvir o outro telefone ser desligado.-Sim, Beatrice aqui.
“Fala algo!” Ouviu ao fundo da linha, obviamente não era quem a tinha ligado, talvez um amigo.
“Hã... Aqui é Amada Eyuku. Beatrice-san, gostaria de sair comigo amanhã após a escola?”
 
  A menina sentou-se na cama. Aquele era o seu amor desde sempre a chamando para saírem!? Num encontro!? Perfeito! A reza de mais cedo havia servido apara um milagre, enfim!
 
-Claro! Eu adoraria.
“Que bom! A gente se vê...”
“Não vai dizer mais nada, seu idiota!?” a outra voz insistiu. Apesar da menina não a ter identificado, estava grata a ela. Seria um anjo? Andava vendo e ouvindo tanta esquisitice...
“Eu estou ansioso por amanhã” e a linha ficou muda.
 
-Yeeeeeeeeeeees!!! Huahauahuahauha!!! Eu vou sair com Amada Eyuku!!! Isso é demais! –gritou ao topo de seus pulmões.
“Tem certeza?” Fahel interrompeu. Estava refletido em uma das paredes.
 
  Bia deitou-se na cama e sorriu.
 
-Claro, ele acabou de me chamar!
“Eu só acho suspeito... Quantas vezes antes deste ano ele havia te falado?”
-Nunca, mas também nunca havíamos nos visto realmente.
“Tome cuidado.”
-Eu tomarei!-e fechou os olhos.
 
  Havia sido um bom dia. Não queria mais pensar em coisas estranhas, o dia seguinte seria ainda melhor!
 
Continuará...
 
Anita, 10/01/2004
 
Notas da Autora: 
Estou de volta! O capítulo ficou menor, né? Eu avisei. Terá esta sido a primeira missão de Bia como filha de Deus? E qual será a próxima? E como será seu primeiro encontro com Eyuku? 
  Por favor, não percam o próximo capítulo e enquanto o aguardam mandem e-mail pra mim!!! Em anita_fiction@yahoo.com e visitem meu site para os capítulos mais recentes: http://olhoazul.50webs.com/
Notas pequenas? Bem, cap pequeno, nota pequena... É melhor assim.

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