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Razão de Viver

Notas Iniciais:
 
Mais uma fic minha!!! Bem, deixa-me dizer que esta é realmente menor que a minha maioria, mas era a intenção inicial. Até que saiu maior um pouquinho... Foi feita por eu ter me sentido desafiada a fazer isso. Por isso preparem-se pra uma fic diferente...
 
Agora leiam!!!
 
Dedicada à Érika; perdão pelo que disse sem pensar... Acredite que a minha intenção não era a de ofender.
 
 
Olho Azul Apresenta:
Razão de Viver
 
 
Como o desterro de minh’alma errante,
Onde fogo insensato a consumia:
Só levo uma saudade – é desses tempos
Que amorosa ilusão embelecia.
                                 (Álvares de Azevedo)


 
  Como a vida é cruel...
 
  Os humanos vão caminhando sem rumo, reclamando de seus problemas pessoais, como se estes fossem de interesse pessoal... Eles, na sua ignorância, mal sabem o que é um problema.
 
  Eu sei... 

  Mais que qualquer um, eu sei...
 
  O Sol está quente em plenas duas da tarde nesta cidade, Tóquio... Ando sem rumo pelas ruas, usando um vestido preto.
 
  Estou consciente dos olhares dos outras em minha direção.
 
“Ela é louca!”-eles devem pensar, dizem até mais com um simples olhar.
 
  Mas eles não sabem...
 
  Não conhecem a minha vida tão bem quanto eu, ninguém conhece...
 
  Somente eu...
 
  Quem quer que esteja lendo este documento, deve estar pensando o mesmo que estes transeuntes; sei que está.
 
  Novamente repito: Você não sabe, é tão ignorante quanto estas pessoas. Enquanto ando escrevo isto mentalmente, graças aos meus poderes fora do normal possuo uma excelente memória.
 
  Infelizmente, esta excelente memória me leva a horrendas lembranças. Minha vida nunca foi mais que dor... Muita e dor e sofrimento.
 
  Meu nome é Saori Kido e desde os treze anos tenho no coração a consciência de que minha vida não aparecera neste mundo por um simples acaso, de que meus problemas não são tão simples quanto à falta de um emprego ou um coração partido. Meus problemas se resumem ao mundo.
 
  Minha missão é a de proteger estas pessoas que mal sabem de minha existência e, se sabem, simplesmente me vêem como uma garota riquinha e mimada.
 
  Sou uma deusa, a Deusa Athena, filha de Zeus que nasceu de sua mente e que vem a cada duzentos ano para simbolizar uma nova era. Para isso eu tenho defensores, os Cavaleiros da Esperança.
 
  Desta vez eles tiveram mais trabalho que nunca! E acabamos nos tornando amigos muito íntimos.
 
  Antes não tivéssemos nos aproximado...
 
  Eu me apaixonei... Sim! Os deuses também amam, às vezes até mais que os humanos. E eu amei muito...
 
  O nome dele era Ikki Amamiya, meu cavaleiro de Bronze de Fênix.
 
  Eu sabia que ele nunca me corresponderia, mas quem disse que meu coração ouviu?
 
  Sabia que amava a uma outra e eu nem podia competir com ela. Não a conhecia e nem poderia. Ela estava morta!
 
  Outro fato do qual estava consciente era que se os outros soubessem, eu seria um alvo de críticas. Ikki não é a pessoa mais sociável do mundo, se não for a menos. Por isso os outros não gostavam muito dele e se soubessem o quanto meu amor não-correspondido me machucava...
 
  A culpa seria do Ikki.
 
  E não era.
 
  Após a batalha contra o deus Posêidon nos separamos, a única pessoa com quem eu tinha contato era Seiya Ogawara, pois continuou comigo, trabalhando para a minha Fundação.
 
  Nunca mais vi Ikki.
 
  A verdade é que eu tinha espiões atrás de cada um dos quatro outros, mas para quê eu queria saber de suas vidas? Só precisava de certas coisas para localizá-los durante um possível ataque, ou algo similar.
 
  Isso realmente te importa para ler até aqui?
 
  Vou ser direta... Neste momento estou sentando num banco de um parque qualquer desta cidade, mal sei onde estou, meus olhos estão cegos por causa da dor, mais precisamente, por causa das lágrimas infindas que derramo desde ontem à tarde.
 
  Tenho vinte e cinco anos...
 
  Estava relendo relatórios de minha Fundação, vindos de várias partes do mundo. Ikki era um assunto que guardei bem fundo em meu coração.
 
  Mas isso não quer dizer que o esqueci, simplesmente derramava minhas lágrimas de pesar à noite, ainda era de tarde, hora de trabalhar.
 
  Seiya entrou de repente no escritório. Ele já devia saber o quanto eu odeio que façam isso! Estava pronta para lhe aplicar um sermão sobre educação e respeito à privacidade dos outros principalmente a minha.
 
  Porem ao me levantar de minha poltrona pude dar uma boa olhada em seu rosto, estava pálido. Seus olhos repletos de lágrimas que se formavam para cair.
 
  E resolveram cair naquele momento, enquanto sentava-se e deitava a cabeça nos braços que se apoiavam em minha mesa, empilhada de documentos.
 
  Fiquei sem saber o que fazer, ainda de pé, de frente para ele.
 
  Foi quando eu notei.
 
  Todos nós temos um universo interior, os cavaleiros e eu temos a capacidade de causar uma explosão e isto é o cosmo.
 
  Eu já estava acostumada a sentir o cosmo de todos os meus cavaleiros, tanto que no início eu notava quando um ficava doente e ia perguntar o que acontecera aos espiões. Hoje eu não noto mais nada.
 
  Somente o de Seiya se tornou de repente evidentemente baixo. Foi no momento que notei que um deles havia desaparecido. Não estava fraco, piscando ou algo assim. Estava inexistente.
 
  Lembro de ter gritado para Seiya parar de chorar, enfrentar a vida e me contar o que acontecera.
 
  Como se eu já não soubesse o que aquilo significava...
 
  Como parte humana, eu também me negava a acreditar em certas situações, duras demais ou inesperadas.
 
  Esta era dura e inesperada.
 
  O cosmo que havia desaparecido era de meu primeiro e único amor, Ikki. Aquele homem que sobrevivera ao inferno terrestre, a Ilha da Rainha da Morte, e matara mais de mil. O Cavaleiro protegido pela Constelação de Fênix, a ave lendária que ressurgia de suas próprias cinzas...
 
  Seiya notou meu silêncio repentino e levantou sua cabeça. Enquanto olho os passarinhos cantarem alegres na árvore a minha frente, lembro perfeitamente o rosto expressivo do Cavaleiro de Pégaso. Confirmava minhas suspeitas...
 
  Um olhar que levarei comigo até o dia em que morrerei.
 
  Ikki morava aqui em Tóquio mesmo, segundo me informou o seu espião. Vivia uma vida normal e era professor de artes marciais numa academia conceituada.
 
  A morte havia sido provocada pelo filho de um dos cavaleiros que ele matou. Prefiro não mencionar nomes, ou este documento ficará parecido como um pedido de vingança.
 
  Não é a idéia. Nem pensei nisso. Sou a deusa do amor, vingança seria contra meus ideais.
 
  Isto foi ontem, mas parece ter sido há anos com outra pessoa! Fiquei ali ouvindo os detalhes e ouvindo-os falando sobre o velório e enterro. Seiya comentando sobre chamar os outros...
 
  O velório foi naquele dia. Cheguei lá com este mesmo vestido preto para ver um corpo pálido dentro caixão.
 
  Como ele estava horrível!
 
  Sei que gritei que aquele não era Ikki, que havia sido um engano... Mas sei que era.
 
  Não havia marca alguma. O homem usara comprimidos. Talvez um rosto desfigurado fosse melhor que algo tão real. Ele parecia vivo! Posso jurar agora que sentia seu calor.
 
  O velório durou a noite toda, e durante a noite toda chorei perto do corpo dele.
 
  Ele tinha uma namorada, uma noiva, que estava do outro lado do caixão, olhando desalentada para o corpo de meu querido Ikki. Ele esquecera a tal Esmeralda e se casaria com aquela garota!?
 
  Foi o único instante da noite em que esqueci Ikki e pensei em avançar pra cima dela, por que não estava chorando!? Por que só olhava com aquela cara idiota para meu pobre Ikki!?
 
  Mas ao me levantar, notei que minhas pernas tremiam e caí de volta na cadeira. Meus olhos pousaram no corpo dele e as lágrimas voltaram.
 
  Shun Amamiya era o irmão dele. Sei que sua dor era grande, mas acho que não tão grande quanto a minha. Por que? Talvez porque ele tivesse algum outro motivo de vida além do irmão...
 
  Tinha a minha idade, mas já estava casado e tinha uma filhinha que estava no início do velório gritando pelo tio perdido. A mãe, June, logo a tirou do ambiente.
 
  Ikki tinha vinte e sete e ia se casar... Uma vida toda pela frente e estava disposto a segui-la!
 
  Por que não fui eu!? Agora mesmo não tenho mais motivo algum para prosseguir...
 
  Levanto-me do banco do parque e vou para minha casa, no caminho vejo Seiya sentado no asfalto, ao seu lado estava Shun. Eles me cumprimentaram, mas desistiram com a minha falta de resposta. Entro para meu quarto e deito na cama, olhando para o teto.
 
  Quantas vezes já não fechei os olhos e o imaginei ao meu lado? O pensamento de que se não tivesse fugido e sim enfrentado tudo, agora o teria mesmo, seguro, no seu lar... O pensamento me atormentava!
 
  Pediram para que eu falava algo no enterro, tive que aceitar, mas na hora em que me posicionei com o microfone na mão, olhei o caixão que carregava aquele corpo tão querido... Saí correndo.
 
  Para que viver?
 
  A vida não tinha mais motivo... A Terra estava em paz e eu não iria vingar meu Ikki. Queria estar a seu lado!
 
  Abri a gaveta de meu criado-mudo e olhei os remédios para dormir que sempre usava após chorar minhas saudades dele. Só assim conseguia parar de pensar nele, e os malditos foram os culpados de sua morte!
 
  De repente imaginei como a vida seria com ele... Tão alegre! Tão quentinha, cheia de felicidades sem fim. Talvez não fosse mais tão solitária quanto até agora, quanto neste momento.
 
  Eu engoli o potinho todo... Estava ainda cheio...
 
  E me deitei na cama... Olhando o teto. As lágrimas escorriam pelo meu rosto, tantas saudades, tantas possibilidades de ações passadas. Tanta coisa que eu deixei para trás.
 
  Notei que a temperatura subia e podia ver uma luz na parede a minha gente. Lá dentro tinha um vulto... Era ele!!! Eu sabia, meu coração batia mais forte... Ele teria voltado para mim? Ele veio me ajudar? Mostrar-me o caminho até a luz?
 
  Eu vi que seus olhos azuis baixaram até o pote que caiu perto da gaveta aberta... Logo voltaram a me olhar, com desaprovação. Eu estava calma, agora não iria mais ficar sozinha.
 
“Por que?”-ele me perguntou, movendo seus lábios sem emitir sons...-Saori, por que fez isso!? Quando soube de seus sentimentos a vida voltou ater um sentido... Eu decidi ressuscitar, por que fez isso!? Diga-me! Saori!
 
  A voz dele agora era ouvida, mas não o via, a vista estava escurecendo. Cada palavra era comos e fosse uma facada, estava confusa, ele estava vivo? Senti-me sendo sacudida. Era ele! Sentia o calor de seu cosmo, era tão... Confortante!
 
  Mas ele estava vivo! Era eu quem o estava deixando!
 
  Pingos quentes caíam em meu rosto... E meus lábios virgens sentiam seu gosto salgado. Não mais minhas lágrimas. Era ele quem chorava por mim, tudo se havia invertido?
 
-Saori!!!-ele ainda gritava meu nome.-Vamos conseguir... Vamos tirar estas drogas de você! Fique comigo, por favor!
 
  Havia esperança em sua voz... Havia também algo mais, memso sedada por aquilo eu pude sentir... Era amor.
 
  E tudo ficou escuro e mudo... Eu não senti mais nada.
 
  Fiz este documento com meus poderes e espero que você, leitor, o entregue a Ikki, para que ele me chame de burra, mas sempre se lembre de mim.
 
  Como fui idiota, não é? A vida nem sempre é simples, então nunca se entregue... Se Ikki não tivesse se entregado à morte, aquela garotinha não teria gritado por seu tio, tampouco eu me teria visto sem razão de prosseguir.
 
  É idiotice achar que acabar com a própria vida é a melhor maneira de triunfar. A morte é uma benção para aqueles, que cansados da luta, recebem. Aquela que me forjei foi desonrosa e por isso me envergonho...
 
  Nunca mais terei meu Ikki, ah se eu tivesse ficado mais um pouco no parque, ou se tivesse parado para apenas cumprimentar Seiya e Shun, quem sabe eles me diriam que Ikki havia ressuscitado?
 
  Nem vi o caixão descer! Vai ver o cavaleiro de Fênix abriu-o antes... E eu fui boba! Eu me entreguei fácil.
 
  Fui uma vergonha para os Deuses e se me retiro da via, não é para que sintam pena, e sim que sorriam e irônicos e me chamem de perdedora, covarde...
 
Adeus.
 
Arrependida,
 
Saori Kido.
 
Descansem o meu leito solitário
Na floresta dos homens esquecida,
À sombra de uma cruz, e escrevam nela:
Foi poeta - sonhou - e amou na vida.
 
Sombras do vale, noites da montanha
Que minha alma cantou e amava tanto,
Protegei o meu corpo abandonado,
E no silêncio derramai-lhe canto!
                                 (Álvares de Azevedo)
 
Fim!
 
Anita, 23/10/2002
 
Notas da Autora:
 
  Sobre o motivo de fazer esse fic: Eu meio que exagerei na crítica, como sempre, com uma grande autora. De início, quando ela me respondeu, notei que tinha ficado chateada(foi quando notei que fui dura de mais), mas não sabia que era tanto, só vi a gravidade do problema quando a irmã dela me falou...
 
  Uma das frases do e-mail era que a vida não é tão cor de rosa quanto eu penso... É que eu pedi pra ela não ser muito deprimente... Eu sei que é difícil eu fazer um final triste... Na verdade nunca fiz! Então senti-me mais que desafiada a fazer uma fanfic na qual o personagem sofresse muito e que tivesse morte, sem contar com o final triste!
 
  Pensei em fazer sobre o Ikki, mas eu já tinha A Maldição de viver, que por falar nisso faz quase um ano que a fiz... Então fiz sobre a Saori, que é uma personagem que ela gosta e a combinei com o Ikki, porque ela também gosta dele e porque é o meu favorito!
 
  Esta é a história, espero que tenham gostado!!! Mandem suas idéias para meu mail preciso de incentivo, sabiam? anita_fiction@yahoo.com

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